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Cosmotron: A mineirice britânica do Skank

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Cosmotron, lançado em 2003 pela banda mineira Skank, marca uma significativa evolução e transformação na trajetória musical do grupo. Com a produção de Tom Capone e o próprio Skank, este sexto álbum de estúdio da banda destaca-se por uma sonoridade diversificada, que transcende as fronteiras do reggae e do clima festivo, característicos dos trabalhos anteriores, para explorar harmonias mais complexas e influências variadas.





A banda, formada por Samuel Rosa (vocalista e guitarrista), Henrique Portugal (tecladista), Lelo Zaneti (baixista) e Haroldo Ferretti (baterista), sempre buscou a renovação em seu som, e Cosmotron não é exceção. O álbum é marcado por referências de bandas clássicas como The Beatles e The Rolling Stones, além da música mineira, particularmente com o Clube da Esquina. Essa mistura resulta em uma sonoridade rica, que flerta com o indie rock e o pop/rock britânico da época.





O álbum também simboliza uma transição na identidade sonora do Skank. Enquanto o álbum anterior, Maquinarama de 2000, já havia iniciado essa mudança com um som mais roqueiro e acústico, Cosmotron consolida essa evolução com uma maior influência de estilos como britpop e psicodelia sessentista. A banda explorou um equilíbrio entre equipamentos antigos e novos no estúdio, adicionando ecos de fita e instrumentos clássicos para criar um som característico da época.

Em um vídeo em seu canal do youtube refletindo sobre a evolução do Skank, Samuel Rosa, destaca que a busca por algo novo sempre foi um ponto central para a banda para esse álbum. Essa mentalidade é clara no afastamento das sonoridades de álbuns anteriores, como Skank de 1993, Calango de 1994 e O Samba Poconé de 1996. Samuel enfatiza dizendo que Cosmotron é um álbum diverso, costurado pelo rock melódico e temas humanistas, como relacionamentos e necessidades afetivas.

Cosmotron apresenta 14 faixas que oferecem uma variedade de experiências auditivas. A faixa “Supernova“, escrita por Samuel Rosa em parceria com Fausto Fawcett, aquele mesmo de “Kátia Flávia, A Godiva do Irajá”, abre o álbum com elementos eletrônicos e líricos, mostrando a nova direção musical da banda. Outro destaque do álbum é “Dois Rios“, uma colaboração de Rosa com Nando Reis e Lô Borges, que combina romantismo e uma instrumentação marcante. Samuel Rosa revela um fato curioso sobre esta faixa em seu canal do YouTube. Ele comenta:

Estava bastante contente, acreditando ter composto uma melodia interessante. Por isso, convidei Lô Borges para colaborar na canção. Surpreendentemente, Lô recusou inicialmente, argumentando que a música já estava completa. No entanto, ele acabou contribuindo com uma parte da composição, que posteriormente foi finalizada em parceria com Nando Reis

O álbum ainda traz uma diversidade de canções, incluindo a profunda “Amores Imperfeitos” e a atmosférica “As Noites“, que envolve os ouvintes em um clima celestial. Músicas como “Pegadas na Lua” e “Vou Deixar” destacam a habilidade da banda em mesclar suas influências com vigor e inovação. Por outro lado, “Formato Mínimo” e “Por Um Triz” se destacam por suas qualidades psicodélicas e harmonias que evocam tranquilidade e conforto.

O resultado é uma diversidade sonora que incorpora desde harmonias diferenciadas em “Nômade” até a energia de “Os Ofendidos“, que parece ser uma evolução da faixa “A Cerca“, do álbum Calango de 1994. A banda conseguiu imprimir todos esses elementos mantendo uma tonalidade pop em canções como “Dois Rios“, “Supernova“, e “As Noites“.

Apesar das vendas de Cosmotron serem inferiores aos álbuns anteriores, como Calango e O Samba Poconé, o álbum foi bem recebido pela crítica e pelo público. O videoclipe de “Dois Rios” ganhou o prêmio de melhor videoclipe pop no MTV Video Music Brasil 2003, e “Vou Deixar” conquistou o mesmo prêmio no ano seguinte. Esses sucessos ajudaram a consolidar Cosmotron como um dos álbuns mais importantes na carreira do Skank.

Fontes utilizadas para elaboração desse texto:

– Canal do Samuel Rosa no Youtube

– Matéria do Estadão sobre o disco 

Autor

  • Julio Mauro

    Júlio César Mauro é um nerd de carteirinha e pai de duas meninas, com um jeito peculiar, às vezes um pouco ranzinza, e sempre lidando com o desafio de viver com TDAH. Sua carreira na música não foi como ele esperava, mas ele se destacou na TI, onde já soma 26 anos de experiência. Conhecido por ser franco e por um senso de humor afiado que nem sempre é entendido por todos, Júlio também teve uma fase como co-apresentador do programa Gazeta Games na Rádio Gazeta de São Paulo, onde mostrou seu lado gamer. E a música? Continua sendo uma de suas grandes paixões.

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