fbpx

The Pros And Cons of Hitch Hiking

Em 1984, após o fim do Pink Floyd, Roger Waters lançou “The Pros And Cons of Hitch Hiking”. Este álbum é um projeto solo, com características próprias da musicalidade de Waters.

Ele não deve ser visto como uma extensão do Pink Floyd. Separar essas fases ajuda a identificar momentos mais intensos e poéticos neste trabalho, em comparação com “The Final Cut”, o último álbum do Pink Floyd com Waters.

Há semelhanças entre os dois álbuns? Sim, especialmente na simplicidade dos acordes e na abordagem musical, que alterna passagens suaves com momentos intensos. A principal diferença é que “The Final Cut” aborda a Segunda Guerra Mundial, enquanto “Pros And Cons Of Hitch Hiking” trata de relacionamentos.

Há teorias de que “The Final Cut” seria um álbum duplo, incluindo as músicas de “The Pros And Cons of Hitch Hiking”. No entanto, isso é contestado, pois um álbum é uma obra do Pink Floyd, com David Gilmour, e o outro é um esforço solo de Waters, com músicos como Eric Clapton e David Sanborn.

“The Pros And Cons of Hitch Hiking” é uma metáfora para a jornada incerta da vida. Nela, buscamos alegria e paz, enquanto tentamos escapar de nossas circunstâncias. As letras capturam essa ideia, e sua carga emocional está presente em todo o álbum.

Embora o estilo musical deste álbum seja único, há elementos de “The Wall”. A história acompanha um homem casado que tem um pesadelo, e os 45 minutos da obra seguem seus sonhos e realidade.

Faixa a faixa

4:30 AM (Apparently They Were Travelling Abroad)” abre com efeitos sonoros e acordes de guitarra ao fundo. Um locutor distante diz: “Aparentemente eles estavam viajando para o exterior e pegaram alguns caronas…”, dando início às histórias de viagem e caronas ao longo do álbum. Roger introduz uma melodia que reaparece em outras faixas.

4:33 AM (Running Shoes)” é mais intensa, com tambores tensos, gritos do coro e o saxofone de David Sanborn. Na narrativa, o protagonista se envolve com uma carona, mas acorda ao lado da esposa, sentindo culpa. Essa culpa surge novamente em “4:37 AM (Arabs With Knives and West German Skies)”, onde terroristas árabes o ameaçam em um pesadelo.

4:39 AM (For the First Time Today, Part 2)” mostra o personagem alternando entre sonho e realidade, enquanto grita em pânico. “4:41 AM (Sexual Revolution)” atinge o ponto mais intenso, com guitarras de Clapton e vocais de apoio. A música se transforma, e a guitarra de Clapton persiste até que tudo volta à força total.

4:47 AM (The Remains of Our Love)” encerra o primeiro lado, retomando o tema de abertura com um toque mais suave e folclórico. A história avança da Europa para a América, e a música se dissolve lentamente, acompanhada por um piano honky-tonk de Kamen, que complementa o violão de Clapton.

Acredito que o “Lado B” supera o primeiro em qualidade musical. “4:50 AM (Go Fishing)” é o ponto alto do álbum. A música descreve a tentativa de viver de forma simples na natureza, mas a vida desmorona, e o protagonista acaba como carona.

4:56 AM (For the First Time Today, Part 1)” traz um piano no estilo blues e jazz. “4:58 AM (Dunroamin, Duncarin, Dunlivin)” mantém um tom sombrio, com efeitos de voz ao fundo, que conduzem à animada “5:01 AM (The Pros And Cons of Hitch Hiking, Part 10)”, uma das faixas mais movimentadas, com riffs de guitarra constantes.

A sequência final começa com “5:06 AM (Every Stranger’s Eyes)“. Clapton e o piano estão em sintonia enquanto a música narra uma história de empatia. Começa como uma balada acústica e, logo, se transforma no ponto alto de Clapton no álbum. Para encerrar, “5:11 AM (The Moment of Clarity)” retoma o tema inicial, fechando o álbum.

Roger Waters entrega um trabalho conceitual que agrada seus admiradores. Em 1985, propuseram um filme baseado no álbum, mas o projeto nunca foi lançado oficialmente.

Descobri esse álbum recentemente por meio de uma entrevista com o Reverendo Massari para um canal no YouTube. Ele rapidamente se tornou um dos meus favoritos da carreira de Waters.

Autor

  • Julio Mauro

    Júlio César Mauro é um nerd de carteirinha e pai de duas meninas, com um jeito peculiar, às vezes um pouco ranzinza, e sempre lidando com o desafio de viver com TDAH. Sua carreira na música não foi como ele esperava, mas ele se destacou na TI, onde já soma 26 anos de experiência. Conhecido por ser franco e por um senso de humor afiado que nem sempre é entendido por todos, Júlio também teve uma fase como co-apresentador do programa Gazeta Games na Rádio Gazeta de São Paulo, onde mostrou seu lado gamer. E a música? Continua sendo uma de suas grandes paixões.

    Ver todos os posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *