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The Flaming Lips e a era Restless Records

O Flaming Lips é uma das bandas mais originais e criativas do rock alternativo. Com uma mistura de psicodelia, noise, pop e experimentação, o grupo liderado por Wayne Coyne conquistou uma legião de fãs ao longo de mais de três décadas de carreira. Mas como tudo começou? Como o Flaming Lips saiu de Oklahoma City para o mundo? Como foram os seus primeiros anos na Restless Records, a gravadora que lhes deu a liberdade artística que eles tanto buscavam? Neste artigo, vamos contar a história dos primórdios do Flaming Lips, desde a sua formação até o lançamento do seu quinto álbum, In a Priest Driven Ambulance, considerado um dos seus melhores trabalhos.





O início da banda

Antes mesmo de falarmos sobre os primórdios da banda, quero deixar aqui minha opinião sobre a transformação que o Flaming Lips passou depois dos anos de Restless Records. O selo que abriu as portas para essa banda que acabou virando uma das bandas mais importantes na virada do século quando o assunto é rock alternativo. O ponto aqui é, quem diria que a banda que tinha em sua essência nos primórdios o noise rock e o experimentalismo poderia ter chegado tão longe com músicas orquestradas e a psicodelia dos anos de The Soft Bulletin e Yoshimi Battles The Pink Robots?





Feito as considerações e questionamento vamos ao tema principal, o Flaming Lips surgiu em 1983, quando Wayne Coyne, que trabalhava como cozinheiro em uma lanchonete, decidiu montar uma banda com o seu irmão Mark Coyne nos vocais, Michael Ivins no baixo e Richard English na bateria. O nome da banda foi inspirado por um sonho que Wayne teve, em que viu uma banda chamada Burning Lips tocando em um clube noturno. A banda começou a tocar em festas e bares locais, fazendo covers de bandas como The Who, Led Zeppelin e Pink Floyd, além de algumas músicas próprias. O som do Flaming Lips era influenciado pelo punk rock, pelo rock psicodélico e pelo noise rock, com distorções, feedbacks e efeitos sonoros. A banda também se destacava pelo seu visual extravagante e pelas suas performances energéticas e caóticas, que muitas vezes envolviam fogos de artifício, confetes e bonecos infláveis.

No ano seguinte, Wayne e sua turma entram em estúdio para gravar o seu primeiro EP, chamado The Flaming Lips, que continha seis músicas. O EP foi lançado de forma independente, com uma tiragem limitada de 1.000 cópias. O EP chamou a atenção de alguns críticos e fãs de rock alternativo, mas também causou problemas para a banda, que foi processada por uma rádio local por usar uma gravação de um comercial de TV sem autorização. A banda teve que pagar uma multa e destruir as cópias restantes do EP.

A entrada do Flaming Lips na Restless Records

Em 1985, Mark Coyne deixou a banda para se casar e se mudar para o Arizona. Wayne Coyne assumiu os vocais e a guitarra, e o Flaming Lips continuou como um trio. Nesse mesmo ano, a banda assinou um contrato com a gravadora Restless Records, que era uma subsidiária da Enigma Records. A Restless Records era especializada em rock alternativo e tinha em seu catálogo bandas como They Might Be Giants, The Cramps, e The Dead Milkmen. O selo, portanto, deu ao Flaming Lips a oportunidade de gravar o seu primeiro álbum, Hear It Is, que foi lançado em 1986. O álbum era uma continuação do som do EP, com músicas como Jesus Shootin’ Heroin, Just Like Before e She Is Death. O álbum recebeu boas críticas, mas não teve um grande impacto comercial. O Flaming Lips saiu em turnê pelo país, abrindo shows para bandas como The Replacements, Butthole Surfers e Sonic Youth.

Foi em 1987 que o Flaming Lips lançou o seu segundo álbum, Oh My Gawd!!!, que mostrava uma evolução no som da banda, com mais melodias, harmonias e experimentações. O álbum continha músicas como Everything’s Explodin, One Million Billionth of a Millisecond on a Sunday Morning e Ode to C.C. (Part I), que era uma homenagem ao guitarrista C.C. DeVille, do Poison. O álbum também tinha uma versão de What a Wonderful World, de Louis Armstrong, que era cantada por Wayne Coyne com uma voz distorcida e sarcástica. O álbum foi bem recebido pela crítica, mas também não vendeu muito. O Flaming Lips continuou a fazer shows pelo país, ganhando uma reputação de banda ao vivo.

Foto Flaming Lips
Wayne Coyne

Em 1988, o Flaming Lips lançou o seu terceiro álbum, Telepathic Surgery, que era o mais experimental e ambicioso da banda até então. O álbum era conceitual e pretendia ser uma ópera rock psicodélica sobre um garoto que viaja pelo espaço e pelo tempo. O álbum continha músicas como Chrome Plated Suicide, The Spontaneous Combustion of John e Hell’s Angel’s Cracker Factory, que era uma faixa de 23 minutos que foi editada de uma jam session de três horas. O álbum também tinha uma faixa escondida, chamada You Have to Be Joking (Autopsy of the Devil’s Brain), que era uma paródia do heavy metal. O álbum foi considerado um fracasso pela gravadora, que não gostou do resultado e não fez muita divulgação, o que ajudou a ser ignorado pela crítica e pelo público, e é considerado o pior álbum da banda até hoje.

O último álbum pela Restless Records

O ano de 1989 aconteceu uma mudança significativa na formação da da banda, a entrada do guitarrista Jonathan Donahue, que era amigo de Wayne Coyne e tinha tocado em bandas como The Rain Parade e The Miracle Legion. Donahue trouxe uma nova influência para o som da banda, com mais elementos de pop psicodélico e folk rock. Nesse mesmo ano, o Flaming Lips lançou o seu quarto álbum, In a Priest Driven Ambulance, que foi o primeiro álbum da banda produzido por Dave Fridmann, que se tornaria um colaborador frequente e importante para o Flaming Lips.

Fridmann era um engenheiro de som que trabalhava no estúdio da SUNY Fredonia, em Nova York, onde o Flaming Lips gravou o álbum. Fridmann ajudou a banda a explorar novas possibilidades sonoras, usando fitas, samplers, sintetizadores e efeitos. O álbum era uma mistura de rock, pop, folk, noise e psicodelia, com músicas como Shine On Sweet Jesus, Unconsciously Screamin e Five Stop Mother Superior Rain. O álbum também tinha uma versão de Stand in Line, de Alice Cooper, e uma homenagem a Neil Young, chamada God Walks Among Us Now.

In The Priest Driven Ambulance foi o primeiro sucesso crítico do Flaming Lips, sendo elogiado por revistas como Rolling Stone, Spin e The Village Voice. O álbum também foi o primeiro a entrar nas paradas independentes da Billboard, alcançando a posição 24. O Flaming Lips saiu em turnê pelo país, tocando em festivais como o Lollapalooza e o Reading Festival, e abrindo shows para bandas como The Jesus and Mary Chain, The Pixies e Jane’s Addiction.

Quis o destino que esse fosse o último álbum do Flaming Lips pela Restless Records, a banda havia chamado atenção da Warner Bros. Records, assinando imediatamente depois que um representante da gravadora testemunhou um show no qual a banda quase incendiou o local (American Legion Hall em Norman, Oklahoma) com o uso de pirotecnia.

E assim com mais recursos e liberdade para continuar a sua trajetória artística, o Flaming Lips entraria em uma nova fase da sua carreira, lançando álbuns aclamados como Transmissions from the Satellite Heart (1993), The Soft Bulletin (1999) e Yoshimi Battles the Pink Robots (2002) consolidando-se como uma das bandas mais influentes e respeitadas do rock alternativo.

Restless ainda resistiu por um tempo

Já a Restless Records, em 1993 fundou junto com outros selos a maior distribuidora de artistas e bandas alternativas, a Alternative Distribution Alliance (ADA) com a Warner Bros., Elektra Records, Atlantic Records, suas afiliadas e Sub Pop Records. Essa última tornou-se parceira direta no empreendimento e em 10 anos a ADA se tornou a maior distribuidora de música independente dos EUA.

Em 1997 porém a Restless foi adquirida pela New Regency Production, uma das maiores empresas de produção de filme que tinha em seu catálogos filmes lendários como Clube da Luta e assim ela assumiu o lançamentos de trilhas sonoras da empresa. Nos anos 2000 ela foi vendida para Ryko e depois mais tarde repassada para Warner Music Group.

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