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5 bandas e discos que irão te convencer que o rock não morreu

Afinal de contas, o rock realmente morreu? Qual a definição de “morrer” neste caso? Os holofotes do mainstream ou alguma lista de clipes da MTV em algum final de tarde dos anos 90?

Desculpe o spoiler, mas ele está cada vez mais vivo, talvez o spotify tenha te deixado preguiçoso o suficiente pra deixar o algorítimo escolher qual playlist do Guns n’ Roses você vai ouvir, ou não esteja procurando direito e nos lugares certos, e eu posso provar.

O Rock como conhecíamos pelo menos até meados dos anos 2000 deixou de ser um nicho de mercado – embora você ainda encontre camisetas do Ramones em qualquer loja fast fashion adolescente – e a falta de bandas legais no mainstream tenham dado espaço pra estádios lotados com shows do Coldplay e Maroon 5.

Boa parte dos gêneros e estilos musicais acabam se deteriorando após serem sugados de todas as formas, mastigados e cuspidos fora pelo grande mercado, os primeiros e maiores exemplos disso foi o Rock Progressivo dos anos 60 até o fim dos 70 e na sequência com o Punk Rock à partir de 77.

O rock está longe de morrer, pelo contrário, está cada vez mais perto da sua origem, mais autoral, mais experimental e mais engajado. Ele voltou para os pequenos bares, para as praças, para os coletivos de bandas e para as ocupações anarquistas; E isso é incrível! Pois foi de lá que nós começamos a nos relacionar com ele após décadas e mais décadas sendo apropriado pelo mainstream, pela mídia e pelas grandes gravadoras, com a chegada da era do TikTok e das playlists pagas das plataformas de streaming, ele deixou de ser um negócio tão lucrativo assim pra quem está com a mão no controle remoto do que devemos ouvir.

Hoje, plataformas como o Bandcamp nos trazem uma variedade de alternativas, servindo realmente como um catálogo, basta uma pesquisa rápida e alguns minutos dedicados a ouvir música sem preconceito que podemos chegar à um número absurdo de bandas legais fazendo música independente e incrivelmente boa, selecionei 5 das que mais me agradam e a maioria delas já acompanho há bastante tempo por sempre pesquisar sobre a cena das quais elas fazem parte.

Idles – “Joy As An Act Of Resistance”

“Joy as an Act of Resistance” é o segundo álbum de estúdio da banda britânica Idles, lançado 2018, após o sucesso de seu álbum de estreia “Brutalism”. Este álbum é uma exploração corajosa e visceral de temas como masculinidade tóxica, sexismo, imigração, Brexit e luta de classes. As letras do álbum mergulham nas experiências pessoais do vocalista Joe Talbot, incluindo a morte de sua filha rescém-nascida, Agatha, que é abordada na faixa “June” 23. Além disso, o álbum inclui uma versão cover da icônica “Cry To Me”, de Solomon Burke. O título do álbum, “Joy as an Act of Resistance”, é semelhante ao título do poema de 2008, “Joy Is An Act of Resistance”, da premiada poetisa Toi Derricotte, cujo trabalho como mulher negra explora questões de raça e identidade.


“Joy as an Act of Resistance” alcançou o quinto lugar nas paradas de álbuns do Reino Unido. Os singles oficiais do álbum incluem “Danny Nedelko” e “Never Fight a Man with a Perm”. O álbum é uma mistura poderosa de punk rock, post-punk e post-hardcore, uma receita muito bem feita com Lungfish, Fugazi, Unwound e The Fall.

Idles talvez seja, dentre todas à seguir, a mais bem consolidada no cenário atual, com apresentações viscerais, postura e identidade muito bem definidas e um sonoridade única. Idles já não precisa provar mais nada pra ninguém, “TANGK” – seu quinto álbum lançado em fevereiro deste ano – é a comprovação disto, mostra maturidade, acidez e sarcasmo na medida certa, além de seu música estar soando mais coesa e potente do que nunca.

DIIV – Is The Is Are

Is the Is Are é o sucessor de Oshin, ótimo álbum de estréia da banda, lançado em 2012, e é um prato cheio para os amantes mais puritanos do shoegaze, contendo também muitas referências de dream pop e pós-punk, o DIIV revela sua nítida influência de bandas como My Bloody Valentine, The Cure e Sonic Youth.
Zachary Cole Smith, vocalista e guitarrista, assumiu a produção do álbum em um processo de gravação turbulento marcado por seu vício em heroína e sua prisão por dirigir um carro roubado e portar uma quantia altissima de heroína e ecstasy. Além da expulsão do baixista da banda por comentários racistas, homofóbicas, sexistas e anti-semitas em um fórum online e ataques preconceituosos à Grimes.


O vocalista expressou a importância do álbum em sua vida: “Eu sei que tenho que ficar vivo pelo menos até o álbum estar pronto. Esta é minha única chance de imortalidade, se eu alguma vez tiver uma. Eu sei que é de longe a coisa mais importante que vou fazer. Isso é muito empoderador, não importa o quão fodido esteja acontecendo. Todo dia é uma luta, mas tenho que ser o melhor que posso, ficar sóbrio e terminar este disco.”
Is the Is Are é uma obra que transforma dor em beleza, que fala sobre fragilidade emocional e melancolia, unindo tudo isso à guitarras profundas e uma atmosfera densa e ironicamente confortável, por vezes.

Deafheaven – Infinite Granite

O Deafheaven é uma banda de blackgaze, é conhecido por sua fusão única de elementos do black metal e dream pop (é isso mesmo!). Infinite Granite, lançado em 2021, representa uma mudança significativa em sua sonoridade, a começar pela sua ousadia em experimentar elementos e estética sonora totalmente diferentes dos seus trabalhos anteriores, como os aclamados Sunbather e Ordinary Corrupt Human Love. O álbum mergulha profundamente no dream pop, e no shoegaze, com vocais predominantemente limpos e melodias cativantes, cheias de fuzz, reverbs e muitas camadas. Este álbum marca uma notável evolução em sua sonoridade enquanto trabalhos anteriores da banda eram conhecidos por sua intensidade e agressividade, Infinite Granite apresenta uma abordagem mais etérea e melódica, mantendo a profundidade emocional característica da banda.


Recebido como mais uma obra prima da banda pela crítica, Infinite Granite cativou os ouvintes com sua atmosfera expansiva e letras introspectivas. Faixas como Great Mass of Color e In Blur destacam-se por suas camadas de guitarras envolventes e vocais emotivos, mostrando a habilidade da banda em criar paisagens sonoras que te convidam a viajar para um lugar desconhecido, cheio de labirintos, cores e emoções diversas e o vocalista George Clarke é muito responsável por tudo isso.

Infinite Granite beira a perfeição e você irá concordar comigo.

Turnstile – Glow on

Desde seu primeiro álbum Step to Rhythm, o Turnstile tem sido um suspiro de fôlego na cena do Hardcore, desafiando convenções e conquistando uma base de fãs de todas as gerações – o que é muito difícil para os fãs do Hardcore punk mais puritanos – dedicada e engajada na estética da banda, espalhada pelo mundo todo. Com uma mistura única de hardcore punk e influências diversas, como o dream pop, o indie rock e o Lo-Fi, eles se destacaram pela sua sonoridade e sua estética, algo muito difícil quando se tenta agradar o público da velha guarda e a nova geração. Sua abordagem agressiva, energética, carismática e autêntica contribui muito pra que esse fenômeno aconteça. Glow On é o quarto álbum de estúdio do Turnstile e alcançou um novo patamar em sua carreira.

Lançado em 2021, o álbum é uma verdadeira obra-prima que captura a essência agressiva do hardcore e a nova estética do indie rock, com seus recursos atuais e sua linguagem contemporânea. A banda não teme experimentar, incorpora elementos do funk, do indie e até mesmo pop neste álbum, . Essa abordagem ousada resulta em um som único que desafia as convenções do gênero e tem um alcance entre as gerações que ainda é difícil de mensurar.


Em resumo, Glow On não é apenas um álbum; é uma reinvenção dos padrões estéticos do hardcore, sabendo exatamente seu lugar no tempo e espaço. Destaque para Mystery, BLACKOUT e UNDERWATER BOI.

Terraplana – Olhar pra trás

Para lembrar que temos uma cena riquíssima e plural no cenário nacional, escolhi Terraplana e seu álbum de estreia “Olhar Pra Trás” justamente pela magia de ser seu primeiro trabalho e do quão promissora a banda demonstra ser, ignorando padrões atuais principalmente na indústria brasileira e do mercado fonográfico que cada vez investe na monocultura musical das duplas sertanejas e do tecnobrega ultraprocessado pra servir de plano de fundo para vídeos do TikTok. Com acordes precisos, delicados e intensos e um vocal feminino hipnotizante de Stephani Heuczuk que trazem consigo nítidas influencias de Slowdive, Alvvays, Terno Rei e Gorduratrans, estas duas útimas brasileiras e com trabalhoes incríveis. Fica aqui também a dica pra ouvir Violeta” e Gêmeos do Terno Rei, razão uma ampla gama de influências, a Terraplana desafia as normas convencionais da música, criando uma fusão de estilos que é ao mesmo tempo familiar e inovadora. Sua música transcende gêneros, cativando os ouvintes desde o primeiro acorde.



Olhar Pra Trás marca o início promissor de uma banda cheia de pretensões, que sabe de suas referências, que conhece seu público e que não demonstra se importar com o mainstream, com estéticas pré moldadas ou em acordar Pedrinho algum, apenas se importam em revelar sentimentos, em nos apresentar texturas sonoras tais quais as bandas mais cascudas que se permitem despir de qualquer amarra comercial e mergulhar em sua viagem ao desconhecido mundo dos reverbs, chorus e overdrives.

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