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Dirty Work, o disco que todos odeiam mas eu amo

Encaremos a realidade; nem todos são fãs de Dirty Work. Entusiastas dos Rolling Stones frequentemente o ignoram, rotulando-o como o disco mais fraco da banda. Mas e se eu dissesse que a beleza está nos olhos de quem vê, ou neste caso, nos ouvidos do ouvinte? A música é subjetiva, e as preferências pessoais devem ser celebradas. Dirty Work pode não agradar a todos, mas é sem dúvida um disco que merece uma audição mais atenta.

Até porque, quando foi lançado ele alcançou a quarta posição na Billboard 200 e acumulou inúmeras certificações de ouro e platina em todo o mundo, então ele mais do que se manteve firme, apesar do que os críticos pensavam.

Olhando pra trás, a reputação do álbum parece estar ligada ao contexto, e não ao conteúdo. A metade dos anos 80 marcou um período de intensa turbulência para os Rolling Stones. Mick Jagger e Keith Richards estavam em conflito sobre a direção musical da banda durante a produção do álbum anterior, Undercover, de 1983. E as tensões ainda estavam fervendo quando começaram as gravações de Dirty Work. Cada membro da banda estava lidando com uma variedade de questões pessoais. Como Jagger explicou mais tarde à Classic Rock: “Houve períodos difíceis, e esse foi um deles.”

Durante a mixagem do álbum, que foi produzido por Steve Lillywhite, que já havia trabalhado com U2, Simple Minds e XTC, a banda sofre um duro golpe com a morte repentina de Ian Stewart – a época com apenas 47 anos – vítima de um ataque cardíaco. Isso abalou todo o grupo. Keith Richards disse à Rolling Stone: “A cola que unia tudo se desfez. Não há muitas pessoas que percebam a força que ele era e o quão importante ele era dentro da banda.

Embora Dirty Work possa ser ofuscado pelos álbuns mais celebrados dos Stones, possui algumas joias escondidas. Músicas como One Hit (To the Body) e Back to Zero merecem mais reconhecimento, tanto por sua habilidade musical e profundidade emocional. Ele conseguiu envelhecer melhor do que a história fez você acreditar.





Acervo Pessoal

Ampliando os horizontes





Assim como em seu disco anterior, aqui em Dirty Work os Stones procuraram ampliar seus horizontes sonoros, muitas vezes com resultados surpreendentes. Back To Zero tinha uma influência no estilo Talking Heads, Winning Ugly flertou com o pop radiofônico. Harlem Shuffle, cover de Bob & Earl revelou que em suas três décadas juntos, os Stones não se afastaram muito do blues e do R&B que foram sua inspiração inicial.

As surpresas do álbum, no entanto, foram as duas faixas lideradas por Keith Richards: uma versão espacial, no estilo King Tubby, do cover reggae de Lindon Roberts, Too Rude, e a comovente balada Sleep Tonight, que também contava com os vocais de apoio de Tom Waits e Ronnie Wood (temporariamente) substituindo Charlie Watts na bateria.

A música é uma jornada pessoal e com o passar dos anos aprendemos a (re)descobrir joias que, por algum motivo que não sei explicar, ficaram guardadas e escondidas, esperando o momento certo de serem apreciadas. Espero que esta hora tenha chegado pra você também.

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