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Gossip – Real Power: uma celebração da expressão criativa

O sexto trabalho de estúdio da banda Gossip, Real Power, apesar de ser um disco onde há toda uma questão de protesto e ativismo é, bem na verdade, um disco sobre rupturas e sobre amores perdidos e reencontrados.

Há uma analogia ai em seu nome; Real Power faz uma alusão à Raw Power dos Stooges, uma influência nítida no som e na estética da banda. Quando surgiram em 2006 com Standin in the Way of Control, eles já mostravam seu talento para flertar disco, soul e pop de grupos femininos dos anos 60, além da estética punk do DIY (Do It Yourself) em busca da modernidade, algo que pudesse falar com seu público.

Real Power é uma explosão do passado que chega na hora certa. De uns tempos pra cá o que temos visto é isso, um revival de bandas que buscam no passado se modernizar e falar com seus públicos. Aqui, a voz de Beth Ditto é poderosa e, ao mesmo tempo, impressionantemente contida.

O disco foi gravado no Havaí por Rick Rubin, talvez por isso ele tenha esta visão estética mais minimalista, mais precisa, uma das marcas do produtor. Diferentemente de outros trabalhos do Gossip, que eram notáveis pela sua crueza, aqui o que vemos é algo mais linear, nada parece estar deslocado.

Crédito: Divulgação

Em diversos momentos consigo notar, tanto no instrumental quanto nos vocais de Ditto a presença constante de Cindy Lauper, que me parece ser uma influência direta, o tal resgate da sonoridade do passado.

Real Power abre com Act of God, com um baixo marcante, palhetado, bem anos 70 e vocais bem na linha Motown. Outra nesta linha é Give It Up For Love, que poderia ser escrita pelo Nile Rodgers (e aqui você vai notar quando eu falo de Cindy Lauper).

Real Power, a faixa título é outra música feita pra não ficar parado, com um refrão pegajoso que você fica cantalorando e um synth bem anos 80. Que música incrível, que banda incrível. Em contratempo, essa euforia combina muito Turn The Card Slowly, com suas guitarras espaciais.

Essa celebração da expressão criativa só é possível pelo amadurecimento, principalmente de sua líder Beth Ditto. E que amadurecimento. Essa mistura entre o instrumental, principalmente o trabalho dos sintetizadores é impressionante. E tudo isso aliado com o vocal inconfundível de Beth Ditto. Que mulher incrível. Um disco simplesmente delicioso e um retorno à altura da banda.

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