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Lifes Rich Pageant e o ponto de virada na carreira do R.E.M.

Quem fez parte da geração que presenciou o início da MTV no Brasil lembra que pouco tempo depois a programação foi tomada pelos vídeos do R.E.M. com o lançamento do Out Of Time e seu vasto catálogo de vídeos, como “Radio Song”, “Losing My Religion”, “Shine Happy People”, “Near Wild Heaven” e “Country Feedback”. A programação da emissora ainda apresentava alguns videoclipes dos dois registros anteriores da banda como “Orange Crush” e “The One I Love”. 





E dali pra frente cada novidade do quarteto da Georgia passou a ser um evento, com os lançamentos da obra-prima Automatic For The People, dos excelentes Monster e New Adventures In Hi-Fi, do (bem) diferente Up, até chegar ao Reveal e o sempre lembrado vídeo inovador de “Imitation Of Life”. Por aqui, o R.E.M. sumiu dos holofotes nos três últimos álbuns da carreira com a mudança de direcionamento da MTV, priorizando outro tipo de conteúdo, somado ao total desinteresse das rádios rock em continuar mostrando o que ela e outras bandas continuavam fazendo.





Com o fim da banda e um cada vez menos provável retorno para qualquer tipo de apresentação que seja, sentimos a necessidade de explorar cada vez mais tudo que foi feito em 30 anos de carreira.

É com essa exploração que chegamos ao álbum de 1986, Lifes Rich Pageant.

R.E.M. – Lifes Rich Pageant

Apontado por muitos como a ponto de virada musical do R.E.M., o álbum já mostrava o potencial radiofônico absurdo que a banda possuía.

A abertura com a sequência “Begin The Begin” e “These Days” automaticamente já conecta o ouvinte com a sonoridade que a banda faria nos dois álbuns seguintes: Document e Green.

Já “Fall On Me”, o primeiro single do álbum, antecipa a melancolia de Automatic For The People, fazendo com que Michael Stipe soe como os grandes Singer Songwriters americanos, trazendo uma letra ambientalista, mas que o próprio Stipe ao longo dos anos fez questão de ampliar os horizontes sobre o que a música diz e atribuir à ela um chamado contra a opressão.

Aí sim após “Fall On Me” chegamos à letra assumidamente ambientalista de “Cuyahoga” e seus ecos (propositais ou não) do que o Midnight Oil tinha feito dois anos antes em seu Red Sails In The Sunset

A curta “Hyena” e a mais curta ainda e quase valsa “Underneath The Bunker” mantém o interesse do ouvinte em alta levando na sequência a política “The Flowers Of Guatemala” e a trinca comercial “I Believe”, “What If We Give It Away?” e “Just A Touch”.

Por fim, “Swan Swan H” fecha o repertório autoral  do álbum de forma solene com seu acordeão utilizado como cama.

Mas ainda tinha mais além do repertório autoral, já que a última faixa cantada pelo baixista Mike Mills é “Superman”, versão da banda pop americana dos anos 60, The Clique. E a versão não desaponta, atualizando a música para a sonoridade que o R.E.M. adotou no álbum. Não à toa, foi o segundo single do disco.

Resta claro, após a audição que se lançado mais a frente na carreira do R.E.M., Lifes Rich Pageant enfileiraria mais alguns singles como é o caso da trinca “I Believe”, “What If We Give It Away?” e “Just A Touch”, bem como, “Begin The Begin e These Days”.

Ainda, fica evidente que mesmo dentro de uma sonoridade comercial, a banda ousaria ao adotar instrumentos diferentes como o banjo em “I Believe” sendo que no álbum seguinte, Document ele voltaria em “The One I Love” juntamente do Dulcimer em “King Of Birds”. Tal passeio fora dos instrumentos usuais do rock resultaria anos depois no sucesso comercial do Out Of Time, aquele que apresentou o R.E.M. para uma grande parte do mundo, incluindo este que vos escreve. 

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