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No More Tears e o recomeço da ascensão de Ozzy Osbourne

Quem acompanha o trabalho de Ozzy há muitos anos sabe que os dois primeiros álbuns de sua carreira solo, Blizzard oOf Ozz e Diary Of A Madman, foram fundamentais para o príncipe das trevas.





Foi com eles que o vocalista reacendeu sua carreira depois de ter sido saído do Black Sabbath, e também é sabido a importância das Lee Kerslake, Bob Daisley e claro, Randy Rhoads. Este último devido ao seu virtuosismo chamou a atenção do mundo ajudando Mr. Madman a ganhar mais espaço na mídia até o dia do seu trágico acidente.





Mas, dizer que Ozzy não fez mais nenhum grande álbum nos anos 80 é uma falácia, visto que nas mãos de Jak E. Lee surgiu Bark At The Moon que de alguma forma manteve em alta o trabalho do ex-Black Sabbath.

Ainda assim, na segunda metade dos anos 80, Ozzy fez dois discos irregulares que até mesmo ele despreza como é o caso de Ultimate Sin que possui uma capa de gosto duvidoso.

Fechando a década, Ozzy descobriu mais um moleque virtuoso e trouxe ele pra banda, Zakk Wylde gravou No Rest For The Wicked, um disco ok, mas não uma obra que este faria em seu próximo lançamento com príncipe das trevas.

No More Tears é um álbum emblemático para Ozzy, que com a entrada da nova década conseguiu angariar novo fãs, diminuir o consumo de drogas e colcoar sua carreira nos trilhos novamente.

Acompanhado de Bob Kerslake no baixo, do falecido Randy Castillo na bateria, Zakk Wylde no comando das guitarras, Ozzy e sua trupe fizeram um álbum histórico.

O disco começa com Mr. Tikentrain, um dos singles do disco que remete a um parque de diversões em seus sons logo no início, liricamente é sobre um assédio infantil, conduzindo pelo ponto de vista do autor e não da vítima, a faixa com a letra mais sombria do álbum. Após a intro, ela é interrompida pela guitarra pesada de Zakk Wylde e com refrão grudento.

A segunda música é o clássico, I Don’t Wanna Change The World possui um riff marcante e uma dinâmica interessante, mudando algumas vezes o andamento da música. Os solos incríveis de Wylde estão lá, cheios de harmônicos e melodias. Na letra, Ozzy prega que não quer mudar o mundo e nem que o mundo mude ele, explicando que não quer ser e nem será diferente se for bajulado pelo interlocutor.

Na sequência temos outro single, a balada Mamma, I’m Comming Home, essa é uma faixa que divide opiniões dos fãs de Osbourne. Para muito uma linda canção feita para Sharon Osbourne, sua esposa, para os fãs mais antigos, uma música feita pra ir buscar uma cerveja na hora do show. A faixa é uma balada southern rock, característica que Wylde levaria para o resto de sua carreira, seja como Pride & Glory, solo ou com o Black Label Society. O que vale ressaltar aqui é que essa é um composição conjunta entre Ozzy, Lemmy Kilmster e Zakk Wylde, assim como a anterior I Don’t Wanna Change The World e a faixa título.

Desire, uma música com riff inicial pesado, com melodias vocais, instrumental e arranjos muito bem escritos que desenrola-se em nossos ouvidos com uma construções muito firme e deliciosa e o refrão pegajoso. A música fala sobre os desejos que sempre teve e que nada muda e nada é igual, Ozzy é ótimo com as palavras e dá sempre espaço para interpretações dúbias. Nos anos 90 ele estava bem positivo sobre sua carreira após ficar limpo das drogas e Desire mais que as outras refletem esse momento.

Chegamos a tão aguardada No More Tears, uma faixa longa, como poucas vezes vimos na música, você não percebe ela terminar. Mesmo não sendo Mike Inez a gravar o baixo marcante inicial da música, é dele essa composição, Ozzy parece ser um imã de bons músicos que assim como a linha de baixo inicial de Geezer em N.I.B., No More Tears possui contrabaixo lendário. Os vocais do Príncipe das Trevas são um show a parte, conduzidas pelas slide guitars alienígenas de Zakk, a bateria poderosíssima de Randy Castillo e o refrão gritado em coro nos shows. O break que a música é mais um ponto alto neste hino, ela praticamente para, os teclados de John Sinclair tomam conta e as guitarras mais parecem sinais sonoros de golfinhos.

Na sequência temos Won’t Be Come Home (S.I.N.), outra que desperta interesse pela construção musical interessante e não foge um milímetro do que No More Tears é, um clássico com um punhado de grandes músicas inspiradas pela parceria de Ozzy com seus parceiros de composição. E mais uma vez, uma música com um ponte e refrão ganchudo.

Hellraiser é outro hino, tanto neste versão com Osbourne, como na versão do Lemmy do Motorhead, que não está no disco mas vale a referência aqui. Ela é realmente a mistura dessas duas figuras icônicas para o metal mundial.

E assim seguimos a próxima balada do disco com Time After Time, uma bela canção romântica que como Mamma I’m Coming Home, divide opiniões, muitos gostam, afinal ela tem seu peso após seu início e possui ótimos solos de Zakk.

É difícil não associar, mesmo sabendo que a faixa não foi gravada por Mike Inez, mas o baixo de Zombie Stomp lembra muito o Alice In Chains, porém após passar essa primeira impressão, nos deparamos com uma faixa que tem uma levada e harmonia ímpar com Castillo tendo uma aula de arranjos na bateria. Aliás, não tem faixa neste disco que você ouça e perceba um arranjo mau feito, e essa música não poderia ser diferente, passado por uma ponte interessante que descampa para mais um refrão de arena.

A.V.H. é outra track que mostra o que Zakk enxerga logo em seguida, com o fim da tour de No More Tears e a criação de sua primeira banda pós Ozzy, Pride & Glory. Pelo menos é o que mostra o início country no qual se transforma em um hard rock poderosíssimo. A letra de Ozzy com certeza fala de suas experiências da montanha russa da vida.

Fechando o álbum, Road To Nowhere, e como eles, Ozzy, Zakk e Lemmy estão inspirados, uma letra reflexiva de Ozzy procurando por respostas e revendo os caminhos que a vida o levou, algo como “deixar a vida me levar”, ou a estrada para algum lugar.

Enfim, uma obra que marca definitivamente Ozzy no imaginário do mainstream de rockeiros e fãs de boa música, um disco complexo, homogêneo e fácil de assimilar. Um recomeço para o comedor de morcego que se perdeu nas drogas na década passada e soube como poucos modernizar sua música.

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