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Premiatta Forneria Marconi e a história de um minuto

O álbum de estreia do PFM, SDUM (Storia Di Un Minuto), é indiscutivelmente uma das obras mais notáveis no cenário musical, principalmente o italiano junto com os debuts de Quella vecchia locanda e Picchio da Pozzo, e ao contrário de muitos outros primeiros trabalhos, recebeu amplo reconhecimento do público. Apesar de ser uma estreia, os cinco músicos envolvidos eram tudo, menos novatos, possuindo uma experiência considerável, o que os diferenciava da concorrência média. Gravado entre o final de 1971 e o início de 1972, SDUM foi lançado nos primeiros meses de 72. 





É clara a influência no processo de criação desse álbum das bandas de prog britânicos como King Crimson, Emerson Lake & Palmer, Gentle Giant e até mesmo o Genesis, que havia feito sua primeira turnê no país fazia pouco tempo. A capa do álbum, com um design contrastante e impressionante, sugere uma narrativa entre a escuridão, representada na parte posterior, simbolizando a noite e a luminosidade, destacada na frente, simbolizando o dia. Essa narrativa, apesar de sugerir um breve período, é uma metáfora para a longa história humana que se desenrola desde a pré-história, representada na parte interna do álbum, mas que, no contexto galáctico, é apenas um minuto.





Após a breve e autoexplicativa Introduzione, que condensa habilmente a essência do PFM, a faixa mais conhecida do grupo, Festa, entra triunfalmente. Inspirada na estreia do KC (a bateria evoca a de Giles) e em Lucky Man do ELP, a música incorpora um toque distintamente pomposo italiano. Iniciando com um cativante riff de guitarra. Festa poderia facilmente ser confundida com uma música de heavy prog britânico dos anos 70, como do Atomic Rooster, caso tivesse um órgão em vez de um moog respondendo aos riffs, mas a intervenção de um pífano e vocais peculiares, semelhantes ao estilo do Focus, quebram a atmosfera, dando início a uma sequência de loucura controlada, com o mellotron ocupando o centro do palco.

Uma das poucas críticas que se pode fazer a este álbum é a escolha de dividir a peça central em dois lados do vinil, mas essa questão é menos problemática na versão em CD. O primeiro movimento de Dove Quando segue a típica abordagem do PFM, apresentando vocais suaves sobre uma base musical predominantemente acústica, que em certos momentos se aproxima da música clássica. A segunda parte é uma expansão instrumental dos temas musicais desenvolvidos no primeiro movimento, ousando incorporar elementos de jazz nos arranjos. Mais adiante, a música atinge um clímax durante os diálogos de chamada e resposta. Tanto Han’s Car quanto Thanks são faixas excelentes que se encaixam perfeitamente no estilo desenvolvido ao longo do lado A do álbum.

Há especulações de que esses músicos experientes optaram por tocar este álbum ao vivo no estúdio, o que parece plausível, dada a sensação emocionante que transmite, algo que não é tão evidente nos álbuns subsequentes do PFM. Se essa abordagem realmente foi adotada (uma performance ao vivo em estúdio), é intrigante por que não seguiram o mesmo caminho nos álbuns subsequentes, como o irregular Per Un Amico e o sonolento L’Isola Di Niente.

Storia Di Un Minuto fez um grande sucesso em seu lançamento, atingindo o topo da principal parada italiana por uma semana.

No final de 1972, ocorreu o lançamento do segundo álbum, Per Un Amico. A música apresentava uma complexidade e elaboração superiores, aproximando-se mais do estilo de rock progressivo predominante no Reino Unido naquela época.

Em 20 de dezembro daquele ano, durante um concerto em Roma para promover o novo álbum, o PFM chamou a atenção de Greg Lake, baixista e vocalista do Emerson, Lake & Palmer. Impressionado, Lake conduziu o grupo até Londres, diretamente à sede da Manticore, na presença de Peter Sinfield, letrista e influenciador do King Crimson, além de então produtor da Roxy Music.

Formação:

  • Franco Mussida – Guitarras elétrica e acústica, Guitarra de 12 cordas, Mandocello, Vocal (2,4,6), Backing Vocal
  • Flavio Premoli – Órgão, Piano, Mellotron, Cravo, Minimoog, Vocal (3 e 7), Backing Vocal
  • Mauro Pagani – Flauta, Flautim, Violino, Backing Vocal
  • Giorgio Piazza – Baixo, Backing Vocal
  • Franz Di Cioccio – Bateria, Moog, Backing Vocal

Faixas:

  1. Introduzione (Mussida) – 1:09
  2. Impressioni di settembre (Mussida/Mogol/Pagani) – 5:44
  3. È festa (Mussida/Pagani) – 4:52
  4. Dove… quando… (parte 1) (Mussida/Pagani) – 4:10
  5. Dove… quando… (parte 2) (Mussida/Pagani) – 6:01
  6. La carrozza di Hans (Mussida/Pagani) – 6:45
  7. Grazie davvero (Mussida/Pagani) – 5:51

Em resumo, a Premiata Forneria Marconi é uma banda notável no universo do rock progressivo, e, sem dúvida, o fato de produzir músicas em italiano no inicio da carreira pode ter limitado sua visibilidade em mercados de língua predominantemente inglesa.

Caso você nunca tenha ouvido Storia Di Un Minuto da PFM, pare alguns minutos e aprecie essa obra incrível com o mais puro rock progressivo italiano, “Storia di un Minuto” é simplesmente brilhante!

https://open.spotify.com/album/51pz4wvc0BPtjnGCWjxX91?si=T-ICLrJ_RE2Dw-zdRLjhhg

Autor

  • Julio Mauro

    Júlio César Mauro é aquele típico nerd e pai de duas meninas, que tem seu jeito único – um pouco rabugento e com TDA. Não deu certo na música, mas encontrou seu caminho na TI, onde está há uns 26 anos. O cara é conhecido por não ter papas na língua e por um senso de humor bem afiado, que nem todo mundo entende. Já rolou até uma fase de co-apresentador no programa Gazeta Games na Rádio Gazeta de São Paulo, mostrando seu lado gamer. E, claro, a música? Continua sendo uma das suas grandes paixões.

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