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A história do Metallica: Do pioneirismo thrash metal até os dias atuais

A história do Metallica começa no início dos anos 80, quando James Hetfield e Lars Ulrich, os membros fundadores, se conheceram por meio de um anúncio em um jornal local em Los Angeles. Ulrich, um jovem dinamarquês apaixonado por heavy metal, estava em busca de músicos para formar uma banda. Hetfield, que já tinha experiência em outras bandas, respondeu ao anúncio, e assim nasceu a parceria que viria se tornar a maior banda de heavy metal do mundo.

Os primeiros ensaios do Metallica ocorreram na garagem de Ulrich, onde rapidamente se estabeleceu uma química entre Hetfield e Ulrich. A combinação da habilidade de Hetfield na guitarra com a bateria de Ulrich criou uma base sólida para o som da banda. O Metallica começou a ganhar forma e a atrair a atenção de outros músicos da cena local.

Foi nesse período que Dave Mustaine entrou para a banda como guitarrista solo. Mustaine, conhecido por seu estilo agressivo e técnico, trouxe uma nova camada ao som do Metallica e logo em seguida  Ron McGovney, no baixo. Sua influência foi crucial para o desenvolvimento do som inicial da banda, caracterizado por riffs rápidos e intensos. Juntos, Hetfield, Ulrich e Mustaine começaram a compor músicas que mais tarde se tornariam clássicos do Metallica.

A banda gravou sua primeira demo, “No Life ‘Til Leather”, que rapidamente se espalhou pela cena underground e chamou a atenção de produtores e fãs de metal. Esse período inicial foi fundamental para estabelecer a identidade sonora do Metallica e preparou o terreno para o sucesso que viria a seguir. Porém, logo em seguida foi a vez de Ron McGovney dizer adeus a banda após Ulrich e Hetfield assistirem o show da banda Trauma e terem ficado fascinado com a performance do baixista da banda, Cliff Burton, Ron também já não tinha mais disposição para o cargo e a dupla convidou Cliff para se juntarem a eles.

A saída de Dave Mustaine e o primeiro álbum ‘Kill ‘Em All’

A saída de Dave Mustaine do Metallica foi um evento marcante na história da banda. As tensões internas entre Mustaine e os outros membros, especialmente James Hetfield e Lars Ulrich, culminaram em sua expulsão em abril de 1983. Mustaine, cuja contribuição musical foi inegável, tinha um comportamento instável e problemas com abuso de substâncias, o que agravava a situação. A decisão de substituí-lo foi difícil, mas considerada necessária para a continuidade e estabilidade da banda.

Para preencher a vaga deixada por Mustaine, o Metallica recrutou Kirk Hammett, guitarrista da banda Exodus. A entrada de Hammett trouxe um novo ar ao grupo e permitiu que o Metallica continuasse sua trajetória ascendente. Com a nova formação, a banda entrou em estúdio para gravar seu primeiro álbum, ‘Kill ‘Em All’. Gravado em apenas duas semanas, o álbum foi lançado em julho de 1983 e representou uma fusão única de influências do heavy metal e do punk rock, criando um som rápido e agressivo que seria a marca registrada da banda.

‘Kill ‘Em All’ foi um divisor de águas para a cena do metal da época. Com faixas como “Seek & Destroy” e “Whiplash”, o álbum capturou a energia crua e a intensidade do Metallica, ganhando rapidamente uma base de fãs leal. A recepção da crítica também foi positiva, com elogios à originalidade e à habilidade técnica dos músicos. Embora o álbum não tenha sido um sucesso comercial imediato, ele pavimentou o caminho para o reconhecimento e a influência duradoura da banda no mundo da música.

A saída de Dave Mustaine e a subsequente entrada de Kirk Hammett marcaram o início de uma nova era para o Metallica. ‘Kill ‘Em All’ não apenas lançou a carreira da banda, mas também estabeleceu novos padrões para o gênero do thrash metal, solidificando o Metallica como um dos pilares do movimento.

As composições de ‘Ride the Lightning’ e a obra-prima ‘Master of Puppets’

Ride the Lightning’, o segundo álbum de estúdio do Metallica, foi um marco significativo na carreira da banda. Lançado em 1984, este álbum mostrou uma maturidade musical crescente, com a banda explorando temas líricos mais complexos e sofisticados. O processo de composição foi colaborativo, com todos os membros contribuindo para o desenvolvimento das faixas. A adição de solos de guitarra intricados e estruturas de música mais elaboradas diferenciou este trabalho do álbum de estreia, ‘Kill ‘Em All’. Canções como “Fade to Black” abordaram temas de desespero e morte, enquanto “For Whom the Bell Tolls” foi inspirada no romance homônimo de Ernest Hemingway, evidenciando a profundidade lírica que a banda estava alcançando.

Em 1986, o Metallica lançou ‘Master of Puppets’, frequentemente citado como a obra-prima da banda. Este terceiro álbum de estúdio foi ainda mais importante para banda e colocou o Metallica de vez no cenário do thrash metal. Apresentando uma complexidade musical e uma profundidade temática que influenciariam gerações futuras de músicos. A gravação ocorreu nos estúdios Sweet Silence em Copenhague, Dinamarca, com a produção de Flemming Rasmussen, que já havia trabalhado com a banda em ‘Ride the Lightning’.

‘Master of Puppets’ abordou temas de controle e manipulação, explorando a alienação social e a crítica ao abuso de poder. A faixa-título, “Master of Puppets”, é frequentemente citada como uma das melhores canções de heavy metal de todos os tempos, destacando-se pela sua estrutura complexa e pela intensidade emocional. Outras faixas notáveis incluem “Battery”, uma explosão de energia thrash, e “Welcome Home (Sanitarium)”, uma composição mais melódica que ainda mantém a agressividade característica da banda.

A morte de Cliff Burton e a entrada de Jason Newsted

Em 27 de setembro de 1986, a banda Metallica sofreu um golpe devastador com a morte trágica do baixista Cliff Burton. Durante a turnê europeia do álbum “Master of Puppets”, o ônibus da banda sofreu um acidente na Suécia, resultando na morte instantânea de Burton. Essa perda não apenas abalou profundamente os membros da banda, mas também marcou um ponto de inflexão significativo na trajetória do Metallica.

Foto: Jason Newsted. Crédito: Achim Raschka. Foto: Cliff Burton. Crédito: IMDB.
Foto: Jason Newsted. Crédito: Achim Raschka. Foto: Cliff Burton. Crédito: IMDB.

Após a morte de Burton, os membros restantes – James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett – enfrentaram um dilema crucial: continuar ou não com a banda. Optando por seguir em frente, o Metallica iniciou a busca por um novo baixista. Entre os vários candidatos, Jason Newsted, ex-integrante da banda Flotsam and Jetsam, foi escolhido para preencher a vaga deixada por Burton.

A adaptação de Newsted ao Metallica foi, inicialmente, desafiadora. A sombra de Burton era grande, e os fãs e os próprios membros da banda sentiam a ausência de seu talento e presença de palco. No entanto, Newsted trouxe uma nova energia e dedicação ao grupo, rapidamente se integrando e contribuindo de maneira significativa. Sua primeira grande contribuição veio com o álbum “…And Justice for All”, lançado em 1988. Apesar de críticas sobre a mixagem do baixo no álbum, que muitos consideram inaudível, Newsted desempenhou um papel fundamental na criação das complexas e técnicas linhas de baixo presentes nas faixas.

Com o tempo, Jason Newsted provou ser um membro valioso e resiliente, mesmo sofrendo bullying por parte da banda. Mas, a verdade é que ele ajudou a banda a superar um dos períodos mais difíceis de sua carreira.

O sucesso do ‘Black Album’

Com o lançamento do ‘Black Album’ em 1991, o Metallica passou por uma transformação significativa em seu som, adotando uma abordagem mais acessível e comercial. Produzido por Bob Rock, o álbum trouxe uma sonoridade mais polida e canções com estruturas mais simples, em contraste com os trabalhos anteriores da banda, que eram conhecidos por suas composições complexas e extensas.

O ‘Black Album’ inclui algumas das faixas mais icônicas da carreira do Metallica, como “Enter Sandman”, “The Unforgiven”, “Nothing Else Matters” e “Sad But True”. Essas músicas não só demonstraram a habilidade da banda de criar hits radiofônicos, mas também preservaram a intensidade e a energia que caracterizam o Metallica. “Enter Sandman”, em particular, tornou-se um hino do rock, com seu riff inicial instantaneamente reconhecível.

O sucesso comercial do ‘Black Album’ foi estrondoso. Ele estreou em primeiro lugar na Billboard 200 e, até hoje, vendeu mais de 16 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, tornando-se um dos álbuns mais vendidos da história. Esse sucesso foi crucial para expandir a base de fãs do Metallica, mesmo que desagradando os fãs mais antigos a banda deu um salto para o mainstream, fazendo do Metallica uma força global da música.

A banda embarcou em uma extensa turnê mundial, tocando para milhões de fãs em diversos países e solidificando sua reputação como uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.

As mudanças sonoras de ‘Load’ e ‘Reload’ e a saída de Jason Newsted

Os anos 90 já apresentava um novo Metallica com o sucesso do ‘Black Album’ e nesse ambiente nasceram os álbuns ‘Load’ (1996) e ‘Reload’ (1997) que marcaram uma mudança mais drástica em comparação com os trabalhos anteriores da banda, conhecidos por seu estilo thrash metal. Nessas novas produções, o grupo incorporou elementos de hard rock, country, blues e até rock alternativo.

Essas mudanças foram recebidas com divisões entre os fãs e a crítica. Enquanto alguns apreciaram a evolução e a experimentação sonora, outros ficaram decepcionados com o abandono do estilo mais pesado e agressivo que caracterizava Metallica. A nova direção musical também foi acompanhada por uma mudança estética; os membros da banda adotaram um visual mais contemporâneo, com cabelos curtos e roupas mais sofisticadas, o que gerou um impacto visual que definitivamente não agradou a todos.

Durante esse período, a banda também enfrentou desafios internos. A saída do baixista Jason Newsted em 2001 foi um momento crucial. Newsted citou razões pessoais e profissionais para deixar o grupo, mencionando a exaustão física e mental decorrente de anos de turnês e gravações intensas. Além disso, houve tensões dentro da banda, especialmente com o vocalista James Hetfield, sobre a direção criativa e o futuro da Metallica.

A saída de Jason Newsted afetou tanto a dinâmica interna quanto a produção musical. A situação complicou-se ainda mais com a necessidade de encontrar um substituto à altura, o que levou à entrada de Robert Trujillo em 2003.

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Tempos difíceis: ‘Some Kind of Monster’, ‘St. Anger’ e a entrada de Robert Trujillo

Os dias difíceis pareciam ter voltado e a gravação do documentário ‘Some Kind of Monster’ e do álbum ‘St. Anger’ expôs ao mundo as brigas internas da banda. O documentário, lançado em 2004, capturou momentos de tensão e vulnerabilidade enquanto os membros da banda navegavam por conflitos pessoais e criativos. James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett passaram por uma fase tumultuada, marcada por divergências que ameaçavam a continuidade do Metallica.

Nesse contexto, a banda optou por buscar ajuda profissional e se envolveu em sessões de terapia de grupo. As sessões foram mediadas pelo terapeuta Phil Towle, que ajudou os membros a enfrentarem seus problemas individuais e a resolverem suas diferenças. O processo terapêutico, embora inicialmente recebido com ceticismo, acabou sendo crucial para a sobrevivência do Metallica. A terapia permitiu que os integrantes reconstruíssem a comunicação e a confiança mútua, aspectos fundamentais para a continuidade da banda.

Capa de Some Kind of Monster.

Paralelamente, o Metallica enfrentava a saída do baixista Jason Newsted, o que adicionava outra camada de incerteza ao futuro do grupo. Em meio a essa turbulência, Robert Trujillo foi recrutado como novo baixista. Trujillo, um músico experiente com passagens por bandas como Suicidal Tendencies e Ozzy Osbourne, trouxe uma nova energia e estabilidade à formação. A integração de Trujillo ao Metallica não foi imediata, mas sua habilidade técnica e presença de palco rapidamente conquistaram a confiança de Hetfield, Ulrich e Hammett. Sua chegada simbolizou um novo capítulo para a banda.

O álbum ‘St. Anger’, lançado em 2003, refletiu muitas das emoções e dificuldades enfrentadas pela banda durante esse período. Com uma sonoridade crua e letras introspectivas, o álbum dividiu opiniões entre fãs e críticos, mas foi um testemunho autêntico dos tempos difíceis que o Metallica estava superando. A combinação dos desafios documentados em ‘Some Kind of Monster’, a terapia de grupo e a entrada de Robert Trujillo marcou um ponto de virada crucial na história da banda, permitindo que ela emergisse mais forte e coesa.

A retomada: ‘Death Magnetic’, ‘Through the Never’, ‘Hardwired… to Self-Destruct’ e 72 Seasons

Após enfrentar desafios significativos ao longo da década de 2000, o Metallica buscou resgatar suas raízes com o lançamento de ‘Death Magnetic’ em 2008. Esse álbum marcou um retorno ao som clássico da banda, caracterizado por riffs intensos, solos de guitarra complexos e letras introspectivas. Trabalhando com o renomado produtor Rick Rubin, o Metallica conseguiu recuperar a essência do thrash metal que os tornou famosos nos anos 80. ‘Death Magnetic’ foi amplamente aclamado pela crítica e pelos fãs, solidificando a posição do Metallica como uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos.

Em 2013, a banda experimentou um formato diferente de se conectar com seu público através do filme-concerto ‘Through the Never’. Este projeto combinou uma performance ao vivo com uma narrativa fictícia, destacando a energia e a intensidade dos shows do Metallica. Embora a recepção crítica tenha sido mista, muitos elogiaram a inovação e a audácia da banda em explorar novos meios de expressão artística. O filme reforçou a capacidade do Metallica de se reinventar e se manter relevante na indústria musical.

Continuando sua trajetória de sucesso, em 2016, o Metallica lançou ‘Hardwired… to Self-Destruct’. Este álbum duplo trouxe uma nova onda de reconhecimento e sucesso comercial, com músicas que equilibravam a agressividade e a melodia, algo característico do som do Metallica. Faixas como “Hardwired” e “Moth Into Flame” demonstraram a habilidade contínua da banda em criar músicas impactantes que ressoam tanto com novos ouvintes quanto com fãs de longa data. O álbum debutou no topo das paradas em diversos países, reafirmando o status icônico do Metallica no cenário musical global.

Em 2023, a banda lança mais um álbum, ’72 Seasons’, e mantem-se fiel ao estilo que os consagraram, claro, longe de ser um ‘Master of Puppets’ e um pouco aquém do seu álbum anterior, mesmo assim com ótimas composições como os quatro singles apresentados pela banda: “Lux Æterna“, “Screaming Suicide”, “If Darkness Had a Son” e a faixa título do álbum.

E desde seu lançamento a banda está em turnê e hoje é considerada a maior banda do estilo.

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