Lançado em 29 de setembro de 1992, o álbum Dirt é um marco no grunge e um dos trabalhos mais intensos do Alice in Chains. Com letras que abordam vícios, perda e conflitos internos, o disco também chama a atenção por sua capa enigmática e icônica, que gera curiosidade até hoje: quem é a mulher que aparece parcialmente enterrada na terra?
A figura na capa é frequentemente atribuída à atriz e modelo Mariah O’Brien. Conhecida por participações em trabalhos visuais e campanhas publicitárias dos anos 1990, Mariah teria sido escolhida para representar a imagem carregada de simbolismo que o álbum queria transmitir. Sua postura, com um olhar distante e melancólico, reflete a dualidade entre desespero e resiliência, temas centrais do disco.
A direção de arte de Dirt foi assinada por Mary Maurer, pelo fotógrafo Rocky Schenk, com o design gráfico a cargo de Doug Erb. A fotografia reproduz um senso de desconforto e isolamento que dialoga diretamente com as canções do álbum, como “Would?”, “Down in a Hole” e “Rooster”.
Em 2011, em uma entravista ao Revolver, Schenk disse: “Eu queria que esta capa tivesse uma atmosfera bastante ‘infernal’”. Como a banda desejava que a imagem da mulher na capa deixasse em aberto se ela estava viva ou morta, essa ambiguidade foi cuidadosamente alcançada. Durante anos, especulou-se que a modelo fosse Demri Parrott, então namorada de Layne Staley, mas a verdade veio à tona: a modelo era Mariah O’Brien. Isso trouxe certo alívio, considerando que a capa foi inspirada por um período de turbulência emocional vivido por Staley, marcado por um surto de angústia romântica. Caso a modelo tivesse sido realmente Parrott, a situação teria criado um embaraço significativo para o vocalista.
Em uma entrevista de 1992 para a revista canadense MEAT, Staley revelou seu olhar particular sobre a capa do álbum, descrevendo-a como uma espécie de desabafo pessoal. “A música ‘Dirt’ foi escrita para uma certa pessoa que, basicamente, destruiu minha vida. Então, a mulher na capa do álbum é… essa pessoa sendo engolida pela terra, em vez de mim. A foto lembra muito o rosto dela, e isso nem foi intencional. Na verdade, fiquei bem irritado quando vi pela primeira vez — ela também não gostou. Foi realmente assustador”, contou o cantor.
A simbologia da capa, somada a essas declarações de Staley, acrescenta uma camada extra de profundidade ao álbum, refletindo os conflitos internos e a dor emocional que permeiam o trabalho. Layne Staley, vocalista do grupo, lutava contra o vício em heroína, algo que transparece nas letras e na energia sombria do álbum.
Mesmo décadas após seu lançamento, Dirt continua sendo uma referência tanto pela profundidade emocional quanto pela estética visual. A capa, com sua mistura de mistério e intensidade, se tornou tão marcante quanto as músicas que ela introduz, eternizando um período crucial da história do rock.
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