B.B. King e o álbum que mudou sua carreira: Completely Well

Em junho de 1969, B.B. King entrou no estúdio Hit Factory, em Nova York, para gravar Completely Well, um álbum que marcaria um ponto de virada em sua carreira. Aos 43 anos, King já era um dos maiores nomes do blues, com 25 anos de estrada e 29 músicas no Top 20 das paradas de R&B. No entanto, seu sucesso ainda era restrito ao público negro, sem grande penetração no cenário pop. Isso mudaria com uma das faixas do disco: The Thrill Is Gone.

O álbum não só trouxe o primeiro sucesso pop de King, mas também mostrou um artista no auge de sua execução e interpretação. Completely Well foi gravado com uma banda excepcional, incluindo Hugh McCracken (guitarra base), Paul Harris (órgão e Fender Rhodes), Herbie Lovelle (bateria) e Jerry Jemmott (baixo). Além disso, os arranjos de metais e cordas de Bert DeCoteaux adicionaram uma nova dimensão ao som de King, um detalhe que gerou polêmica entre os puristas, mas ampliou seu alcance.


A estreia da icônica Gibson ES-355 e o repertório

Outro aspecto marcante do álbum foi a estreia da Gibson ES-355 como sua nova Lucille, a guitarra que se tornaria símbolo de sua carreira. King nomeava todas as suas guitarras como Lucille desde um incidente em 1949, quando arriscou a vida para resgatar seu instrumento de um incêndio causado por uma briga entre dois homens por uma mulher com esse nome.

Guitarra Gibson ES-355, a famosa Lucille
Guitarra Gibson ES-355, a famosa Lucille

O repertório de Completely Well é variado e poderoso:

  • So Excited: abertura vibrante, com metais intensos e um riff envolvente.
  • You’re Losin’ Me: destaque para o baixo excepcional de Jemmott.
  • Confessin’ The Blues: uma das faixas mais marcantes pela força vocal de King.
  • Key to My Kingdom: exibe suas raízes gospel.
  • Cryin’ Won’t Help You Now: um groove irresistível que mantém o alto nível do álbum.
  • You’re Mean: intensa e cheia de energia, preparando o caminho para o grande encerramento.
  • The Thrill Is Gone: o ápice do disco, com sua linha de baixo melancólica e arranjos de cordas precisos, tornando-se um marco no blues.

O reconhecimento e a influência

Lançado em 5 de dezembro de 1969, o álbum levou B.B. King a um novo patamar, conquistando ouvintes além do circuito tradicional do blues. Completely Well chegou ao 38º lugar na Billboard 200 e consolidou B.B. King como um dos grandes nomes da música, rompendo barreiras entre os gêneros. The Thrill Is Gone atingiu o 15º lugar na Billboard Hot 100 e rendeu a King um Grammy de Melhor Performance Vocal Masculina de R&B em 1971.

O sucesso do álbum abriu portas para King nos anos 1970, permitindo sua participação em festivais, programas de TV e colaborações com artistas de diferentes estilos. Nas décadas seguintes, ele seguiu expandindo sua influência, trabalhando com nomes como U2, Eric Clapton e Rolling Stones. Em 2000, lançou Riding with the King ao lado de Clapton, reafirmando sua relevância no blues moderno.

B.B. King seguiu ativo até sua morte, em 2015, aos 89 anos, sempre acompanhado por sua Gibson Lucille. Completely Well continua sendo um de seus álbuns mais marcantes, não apenas pelo impacto comercial, mas por representar um momento crucial de reinvenção e expansão do blues para novos públicos.


Autor

  • Julio Mauro

    Júlio César Mauro é um nerd de carteirinha e pai de duas meninas, com um jeito peculiar, às vezes um pouco ranzinza, e sempre lidando com o desafio de viver com TDAH.

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