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Charles Obscure e o mistério na capa de Led Zeppelin III

O universo do rock é repleto de curiosidades e enigmas, incluindo pseudônimos adotados por artistas em capas de discos icônicos. Mick Jagger e Keith Richards, dos Rolling Stones, por exemplo, usaram o nome “The Glimmer Twins” para produções conjuntas. George Harrison assinou como “L’Angelo Misterioso” em uma música de Eric Clapton, enquanto Paul McCartney criou alter egos como “Country Hams” e “Percy Thrillington”. No caso do Led Zeppelin, o nome misterioso que chamou atenção é Charles Obscure, encontrado na capa de Led Zeppelin III.

Após o sucesso avassalador dos dois primeiros álbuns, o Led Zeppelin rapidamente se consolidou como uma das maiores bandas de rock do final da década de 1960. O guitarrista Jimmy Page, confiando no potencial do grupo, financiou pessoalmente as gravações do primeiro disco, um gesto que se mostrou certeiro quando o álbum foi recebido com entusiasmo por críticos e público. Lá estavam clássicos como “Dazed and Confused” e “Communication Breakdown”.

Sem perder tempo, o grupo lançou seu segundo disco ainda em 1969, trazendo hits como “Whole Lotta Love” e “Ramble On”. Esses lançamentos projetaram os nomes de Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham ao estrelato, transformando-os em figuras centrais da música rock.

Mas o lançamento de Led Zeppelin III, em 1970, trouxe uma surpresa: um nome misterioso apareceu nos créditos da faixa final, “Hats Off to (Roy) Harper”. A música, uma homenagem ao cantor britânico Roy Harper, foi creditada como “Arranjada por Charles Obscure”. Para os fãs, restava a pergunta: quem seria Charles Obscure?

Led Zeppelin III. Foto: Acervo Pessoal.

A resposta é mais simples do que parece. Trata-se de um pseudônimo usado por Jimmy Page. Além de suas responsabilidades como guitarrista, Page também produziu o disco, contribuiu com arranjos e tocou diversos instrumentos, incluindo steel guitar, banjo e baixo. Na faixa em questão, ele transformou uma canção de blues dos anos 1920 em algo completamente novo, com uma abordagem psicodélica.

“Hats Off to (Roy) Harper” é uma peça peculiar na discografia do Led Zeppelin, dividindo opiniões entre os fãs. Alguns a consideram uma experiência criativa notável, enquanto outros a veem como um experimento desnecessário. Independentemente disso, a música chama a atenção pela mistura entre o blues tradicional e os elementos modernos arranjados por Page.

Quanto ao motivo por trás do pseudônimo, este permanece um mistério. Charles Obscure é uma aparição única na história da banda. Entretanto, não foi a única vez que Jimmy Page usou um nome falso. Em Stormcock (1971), álbum de Roy Harper, ele foi creditado como S. Flavius Mercurius pela contribuição na guitarra solo. Esse tipo de estratégia era comum para contornar restrições contratuais, como aconteceu com George Harrison em colaborações não oficiais.

Ainda que o motivo exato para o uso de Charles Obscure não seja conhecido, o nome adiciona um charme enigmático a um dos álbuns mais singulares do Led Zeppelin. Como tantos outros detalhes na história do rock, o pseudônimo de Page permanece como mais uma curiosidade a ser contemplada pelos admiradores da banda.

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