No início da cena punk, mulheres como Patti Smith enfrentaram a misoginia alterando sua aparência com o objetivo de afastar os homens, mas Debbie Harry era uma exceção.
Sua chegada ao rock se deu nos anos 70, uma época muito masculinizada para o estilo musical. Além da citada poetisa do punk, outras mulheres frequentavam a cena antes de Harry se constituir como ícone. Joan Jett, Linda Rondstadt, Exene Cervenka, entre outras estavam lá fugindo do estereótipo masculino da indústria da época, elas desafiavam as o status quo de atratividade feminina e traçaram um novo caminho para as mulheres na música.
O punk nos anos 70 foi a válvula de escape dos jovens daquela época, e claro, as mulheres oprimidas se enquadravam neste grupo, sendo uma saída para seus sentimentos reprimidos.
A vocalista da banda de punk rock da Califórnia, X, Cervenka utilizou-se a inclusividade com seu estilo ousado e aparência diferente para época, atraindo assim uma legião de mulheres para a cena.
Se hoje ainda vemos casos de assédio públicos à elas, nessa época a coisa era ainda pior e a frontwoman lutava por atitudes positivas em relação ao corpo. O estilo e a cultura punk, caracterizados por jaquetas de couro, saias curtas, meias arrastão e gargantilhas, tornaram muitas mulheres do punk suscetíveis a assédio nas ruas.
No entanto, em resposta, mulheres da cena punk orientaram as novatas, e buscarem ações de medidas legais e criação de músicas confrontando essas preocupações. Mas mesmo assim, muitas delas se sentiam reprimidas e não avançavam seus direitos através do visual.
Debbie Harry, por outro lado, mudou todo esse panorama, em 1976, ela afirmou: “Rock and roll é um empreendimento verdadeiramente masculino, e acredito que é hora de as mulheres deixarem sua marca nele”.
Embed from Getty ImagesE assim, Harry abraçou sua feminilidade e sensualidade, impulsionando-a em direção ao empoderamento feminino. Claro que ao chegar na cena musical, Harry não sabia que seria um grande inspiração para inúmeras mulheres, apenas fez o que tinha que ser feito.
Ela foi autêntica, distinta e encarou de frente os desafios, passando o exemplo adiante. “Desde o início, eu definitivamente queria adotar uma posição de força e não de vulnerabilidade”, Harry expressou em 2017. “Filosoficamente, essa sempre foi minha postura, e eu fiquei bastante obstinada quanto a isso.”
Mesmo em um ambiente totalmente masculino como a indústria da música da época, Harry comunicou essencialmente às meninas e mulheres que elas podiam desafiar expectativas e ainda alcançar o sucesso.
Harry era cativante em sensualidade e isso era perturbador para muitos, especialmente homens, que mesmo se sentido desafiados, eles ficavam hipnotizados.
Sendo ela mesma, leve com traços etéreos e principalmente, feminina, ela conduzia com confiança dominando os locais dominados por homens e entregando-se a suas performances como poucas.
Suas canções, frequentemente abordando temas de raiva feminina, opressão e quebra de barreiras sociais, aliadas à sua postura indiferente às opiniões alheias, destacavam que a feminilidade pode coexistir com a força.
E assim, Harry ensinou a lição necessária para aqueles que lidam com a autoimagem, enfatizando que se apresentar com confiança, autenticidade de forma distinta, supera aqueles que criticam ou objetificam a aparência das mulheres.
Viva Debbie Harry.
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