Em janeiro de 1982, durante uma performance em Des Moines, Iowa, Ozzy Osbourne viveu um dos momentos mais discutidos da história do rock.
O episódio, que envolveu o cantor mordendo a cabeça de um morcego, transformou-se em um mito que segue fascinando e chocando os entusiastas da música até hoje.
Embora muitos questionem os detalhes dessa história, ela é um marco na carreira de Osbourne e também um arrependimento para o artista.
Ozzy Osbourne, já consagrado como vocalista do Black Sabbath, havia sido demitido da banda em 1979 devido ao abuso de substâncias que comprometeram sua performance e convivência.
Em suas próprias palavras, a decisão foi vista como traição. “Éramos como uma família, como irmãos”, lembrou ele anos depois. O cantor também destacou o que considerava uma hipocrisia: “Estávamos todos chapados, mas me demitiram porque eu estava ‘mais’ chapado que eles”.
A saída do Black Sabbath não encerrou sua carreira. Pelo contrário, Osbourne iniciou um projeto solo que lhe trouxe ainda mais notoriedade. “Blizzard of Ozz”, seu álbum de estreia, foi lançado em 1980 e trouxe hits como ‘Crazy Train’ e ‘Mr. Crowley’, estabelecendo-o como uma força autônoma no cenário do rock.
Mas foi durante a turnê de seu segundo álbum, “Diary of a Madman” (1981) onde Ozzy se apresentou no Veterans Memorial Auditorium, em Des Moines que um objeto foi arremessado no palco. Parecia um morcego de borracha – comum em shows de heavy metal, onde elementos macabros fazem parte da estética.
O vocalista, sempre buscando chocar seu público, pegou o morcego e mordeu sua cabeça, e na hora, percebeu que não se tratava de um brinquedo.
Ele descreveu o momento em sua autobiografia: “Minha boca se encheu de um líquido quente e pegajoso, com o pior gosto que você pode imaginar. Eu senti aquilo escorrendo pelos meus dentes e pelo meu queixo”.
O animal estava morto, e o cantor precisou ser submetido a uma quantidade intensa de vacinas contra raiva. Os detalhes desse evento se tornaram mais elaborados com o tempo, alimentando uma narrativa que mistura fatos e exageros.
Embora muitas das atitudes chocantes de Osbourne fossem realizadas em nome do entretenimento, desta vez ele preferia não tê-lo feito. Em diversas entrevistas, ele mencionou como o episódio se tornou uma sombra em sua vida.
Em 1997, ao falar com Edward Helmore, ele expressou frustração: “Todo mundo esquece o homem que viajou mais que um astronauta e vendeu bilhões de discos. Tudo que lembram é do maldito morcego”.
O cantor também refletiu sobre como o evento impactou sua percepção pública. Ele brincou que, quando morresse, as manchetes diriam: “Ozzy Osbourne, o mordedor de morcegos, está morto; agora os morcegos podem viver em paz”.
O morcego não foi o único incidente bizarro na carreira de Osbourne. No início dos anos 1980, ele também foi acusado de urinar no Alamo, um marco histórico no Texas, o que resultou em sua prisão e em um banimento temporário do estado. Além disso, há relatos de outros episódios envolvendo abuso de substâncias e comportamentos inusitados nos bastidores.
No entanto, esses eventos fazem parte de um padrão em sua carreira: uma busca por ultrapassar os limites do que é esperado e aceito. O próprio Osbourne muitas vezes os descreveu como consequência de seu abuso de drogas e álcool, o que gerava um comportamento errático e imprevisível.
Embora o incidente do morcego seja frequentemente mencionado, ele representa apenas uma pequena parte da longa e influente carreira de Ozzy Osbourne. Desde os dias no Black Sabbath, com clássicos como ‘Paranoid’ e ‘Iron Man’, até sua bem-sucedida carreira solo, o artista acumulou feitos que o posicionam entre os grandes do rock.
Osbourne também ajudou a moldar o heavy metal como gênero, trazendo elementos teatrais e temáticas obscuras para o mainstream. Apesar dos altos e baixos, ele continua sendo uma figura singular na música.
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