Robert Trujillo, atual baixista do Metallica, falou recentemente sobre como foi sua entrada para a banda e o impacto que essa decisão teve em sua vida. Durante sua participação no podcast Soundings, da revista The Surfer’s Journal, Trujillo relembrou o momento em que recebeu um bônus de assinatura de US$ 1 milhão, algo que ele descreveu como “estranho” e “surreal”.
“Foi uma situação bizarra e surreal. Eu não conseguia acreditar, não parecia real”, afirmou Trujillo, segundo a transcrição feita pelo site Blabbermouth. “É algo que está ali, mas ao mesmo tempo não está. Todo mundo dizia: ‘Uau, cara’. Mas depois dos impostos, é um pouco diferente de um milhão de dólares. Acho que fiquei tão focado no trabalho que pensei: ‘Ok, isso é legal’. Mas aí veio aquele pensamento de ‘é hora de trabalhar, tenho que aprender todo esse catálogo’”.
Na época, o Metallica estava prestes a lançar o álbum “St. Anger”, um material que eles ainda não tinham apresentado ao vivo. “Esse álbum foi todo criado em estúdio, então eu precisava aprender essas músicas também”, lembrou Trujillo. “Eu só conseguia pensar em quanto trabalho teria pela frente. Decidi que não iria focar no dinheiro nem comemorar o que estava acontecendo, pois havia muito a ser feito. Cheguei a ficar quase seis meses longe de casa, voltei apenas para pegar algumas roupas e me mudei de vez para São Francisco. Foi aí que minha vida realmente mudou.”
O processo de ingresso na banda envolveu duas audições. “Não foram duas audições seguidas”, explicou. “Houve a primeira, e depois de alguns meses, teve a segunda. Não me lembro exatamente se foram três, quatro ou cinco meses depois.”
No momento em que estava fazendo as audições para o Metallica, Trujillo ainda fazia parte da banda de Ozzy Osbourne, o que acabou tornando a transição ainda mais complicada. Ele contou sobre o dia em que recebeu uma ligação inesperada do próprio Ozzy. “Quando as coisas começaram a ficar mais sérias depois da segunda audição, eu recebi um telefonema do Ozzy. Ele nunca ligava diretamente para mim. Normalmente, era alguém da equipe de gerenciamento ou, às vezes, a Sharon [Osbourne, esposa de Ozzy]. Mas ele me ligou e disse: ‘Ei, Rob. Vamos cair na estrada, estou pronto. Ozzfest, certo?’. E eu respondi que sim, porque ainda não sabia se tinha conseguido o trabalho no Metallica. Então, fiquei animado. Finalmente iria voltar ao trabalho.”
Foi exatamente nesse período que o Metallica fez uma proposta oficial a Trujillo, deixando-o em uma situação difícil. “Dois dias depois, ou talvez no dia seguinte, o Lars [Ulrich] me ligou dizendo: ‘Queremos que você venha até aqui, precisamos conversar’. Eu sabia que eles poderiam estar me chamando apenas para dizer que eu não tinha conseguido o emprego, então fiquei um pouco apreensivo”, relembrou. “Na minha cabeça, eu pensava no pior cenário possível. E eu sabia que eles eram do tipo de pessoas que chamariam você pessoalmente para dar essa notícia.”
Assim que chegou à reunião com a banda, Trujillo recebeu a oferta financeira e sentiu um turbilhão de pensamentos. “Minha cabeça estava a mil. Tinha um catálogo de 30 anos de música para aprender,” disse. “Naquele momento, pensei em ser leal ao Ozzy e à Sharon. Eles tinham feito muito por mim. Então, disse ao Metallica que só poderia me juntar a eles depois de cumprir meu compromisso com o Ozzy em uma turnê de oito semanas.”
Lars Ulrich, no entanto, foi direto: “Respeitamos sua lealdade, é muito honrável. Mas esse trem está partindo, e você precisa decidir se vai embarcar agora”. Diante dessa resposta, Trujillo tomou sua decisão e foi pessoalmente à casa de Ozzy e Sharon para comunicar que iria entrar para o Metallica. “Foi um momento difícil. Eu estava com o Ozzy há sete anos. É sempre uma situação complicada quando você deixa uma banda. Mas senti que precisava estar lá em pessoa para dar a notícia.”
Apesar da mudança, Trujillo contou que não houve ressentimentos. “Em outras situações do passado, isso poderia ter gerado tensão e mágoas. Mas, dessa vez, foi diferente. De repente, eu fazia parte de uma nova família, morando em um novo lugar, e minha vida seguiu um caminho completamente diferente.”
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