No dia 10 de abril de 1970, Paul McCartney revelou que estava tirando um “descanso” dos Beatles. A declaração veio em uma entrevista pessoal para promover seu álbum solo “McCartney”, marcando o início do fim da banda.
Durante a conversa, McCartney falou principalmente sobre o projeto com sua esposa, Linda. Questionado sobre novos trabalhos com os Beatles, respondeu apenas “não”. Ao ser pressionado sobre os motivos do afastamento, mencionou diferenças pessoais, comerciais e musicais. “Mas principalmente porque tenho momentos melhores com minha família”, declarou.
As tensões entre McCartney e John Lennon ficaram evidentes em cartas trocadas após o anúncio. Lennon expressou frustração com as críticas ao relacionamento com Yoko Ono. “Você realmente acha que a imprensa está abaixo de mim/você?”, escreveu Lennon. Já os problemas comerciais giravam em torno de Allen Klein, empresário não aceito por Paul.
Entretanto, os sinais do colapso já apareciam desde o projeto que viraria o documentário “Get Back”. As imagens mostram um grupo distante, com membros claramente desmotivados.
A ausência de Brian Epstein, falecido em 1967, retirou o eixo central que mantinha a banda unida. Sem seu empresário visionário, as relações internas se deterioraram gradualmente. O próprio Paul admitiu em entrevistas que tentou ocupar esse espaço, mas reconheceu que “ninguém podia substituir Brian”.
Musicalmente, a parceria Lennon/McCartney existia apenas no papel nos últimos álbuns. George Harrison crescia como compositor com canções como “Something” e “While My Guitar Gently Weeps”. Cada membro já desenvolvia projetos solo antes do anúncio oficial da separação.
O último álbum, “Let It Be”, chegou às lojas após o fim do grupo. Lançado em 8 de maio de 1970 no Reino Unido e dez dias depois nos Estados Unidos, encerrou oficialmente a trajetória da banda que moldou uma década de inovações musicais.
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