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Marcos Sacramento lança álbum com repertório variado e canções autorais

Recheado de conceitos e referências, o disco “Arco” (Biscoito Fino) chega às plataformas digitais nesta sexta-feira, dia 08 de novembro. Celebrando os 40 anos de carreira de Marcos Sacramento, o álbum é repleto de surpresas, trazendo frescor e pitadas de ousadia à discografia do cantor e compositor fluminense. O repertório exalta o lado autoral de Sacramento em seis faixas – em parceria e voos solo – e também o afirma como intérprete que domina com maestria seu ofício.

Com produção musical de Elísio Freitas (responsável por trabalhos de Juliana Linhares, Thiago Amud e César Lacerda, entre outros) e direção artística de Phil Baptiste, o disco propõe um passeio sobre a carreira de Sacramento e, ao mesmo tempo,  aponta novos caminhos. Antigos parceiros, como Paulo Baiano e Luiz Flávio Alcofra, assinam com Sacramento algumas canções; Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo estreiam parceria, enquanto Josyara (cantora e compositora baiana) e Zé Ibarra (compositor e cantor carioca) dividem os vocais nas faixas “Bahia-Rio” e “Todo o amor que houver nessa vida”, respectivamente.

“Depois de 40 anos de carreira, quis fazer diferente, me jogar em algo que eu não dominava completamente. Quis juntar forças, conhecimentos e estéticas com artistas com os quais não tinha trabalhado ainda. Deleguei um pouco mais e me deixei ser surpreendido. Acho, também, que só consegui por estar cada vez mais seguro com meu fazer artístico. O resultado me deixou muito feliz, estou inteiro ali. Acho que o público que me acompanha não só me reconhecerá, como me verá a partir de uma outra perspectiva”, pontua Marcos Sacramento.

O momento do artista se reflete em alguns ineditismos: é a primeira vez que ele grava em uma língua estrangeira. A gravação de “Tonada de Luna Llena”, do venezuelano Simon Díaz, reitera Marcos como um intérprete universal e atemporal. É a primeira vez também que o artista grava uma canção à capella. Letra e melodia de “Xangô”, samba-enredo de 2019 do Salgueiro, são escancarados ao ouvinte, sem a massa rítmica que originalmente a acompanha, apenas com as dobras da voz ocupando diferentes frequências. Aqui, Sacramento presta homenagem à sua Escola de Samba do coração e se conecta fortemente à cultura afro-brasileira.

Em “Para Frido”, pela primeira vez, Marcos Sacramento direciona os versos de uma canção para alguém: neste caso para Frido, grande amor do artista. Não que Marcos tenha tido qualquer questão com a sua sexualidade, mas em um disco como Arco, cabia uma declaração mais escancarada. É o arco-íris do disco. “Todo o amor que houver nessa vida”, da dupla Cazuza/Frejat, aparece no disco como uma novidade no repertório de Sacramento, ainda mais por conta da participação de Zé Ibarra dividindo os vocais (integrante do grupo Bala Desejo e da banda da última turnê de Milton Nascimento). Contemporâneo de Cazuza, Marcos se considera um sobrevivente da década de 1980. Regravar a música, sugerida pelo diretor artístico Phil Baptiste, é uma forma de olhar para aquela época de maneira mais tranquila, recontextualizando a letra de Cazuza.

Phil Baptiste, diretor artístico e empresário de Marcos Sacramento, conta mais sobre o conceito do álbum: “Tudo partiu da vontade de Marcos de fazer um disco sobre esse momento de sua carreira e de sua vida. Me veio à cabeça a palavra arco, que está dentro da palavra Marcos, e logo depois as frases ‘eu arco, eu, arco’. Ou seja, arco como verbo, como ação, e arco como qualidade (nesse caso, como algo que pode ser uma conexão, uma ponte, um arco-íris, um arco da Lapa, um arco e flecha). A escolha do repertório, e praticamente todo o direcionamento estético, como a capa do disco e o roteiro dos clipes, passam por esse conceito”.

O disco ainda tem parceria inédita de Sacramento com a dupla Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo. Todas as três canções foram compostas por Marcos Sacramento, com parceiros. Thiago Amud, arranjador de “Para Frido”, também é cantado no disco. “Graça” é uma canção de esperança que deu forças a Sacramento no período da pandemia. Além da reverência ao autor, Marcos engrossa o coro de esperança: “a canção não vai morrer”. O samba, gênero fundamental na trajetória de Sacramento, apesar de não ser majoritário no disco, tem grande destaque. “Voltei”, samba de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, abriu os trabalhos do disco e integra a trajetória de Marcos a partir da figura do duo queer “Les Étoiles”, enorme sucesso na Europa nos anos 70/80 e grande referência para Sacramento. 

“Jesus é Preto” é a primeira canção do álbum e também será acompanhada de um videoclipe. A canção-crônica composta em parceria com Paulo Baiano conta com suavidade e ironia um acontecimento biográfico que se passou com Sacramento na década de 1980, quando o consumo exagerado de álcool e substâncias ilícitas acompanhavam – e atrapalhavam – sua carreira.

Os arranjos de Elísio Freitas remetem aos sambas com baixo e bateria dos discos de Elis Regina do início dos anos 1970.  A cantora é a maior influência artística de Sacramento, ao lado do jazz e da música latino americana de artistas como  Susana Baca, Norah Jones e Tom Waits, bem como a música brasileira contemporânea.

Com bases gravadas ao vivo, o álbum segue um coeso fio musical costurado pela banda conduzida por Elisio Freitas, formada por Kassin (baixo), Marcelo Galter (piano), Marcelo Costa (bateria e percussão), Estevan Barbosa (bateria), Netinho Albuquerque (percussão), Luiz Flávio Alcofra (violão) e o próprio Elisio Freitas (guitarra). O disco ainda ganhou contribuições luxuosas de Domenico Lancellotti (drum machine), Ivo Senra (sintetizador), Marcelo Cebukin (sopros), Leonardo Dias (percussões), Everson Moraes (sopros), Aquiles Moraes (sopros) e Yuri Villar (sopros).

O álbum termina com um mantra autoral que sintetiza o discurso de Marcos Sacramento: “Ar pra respirar / Arco da Lapa / Arco-íris / Arco e flecha / do Orixá com a gente”.

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