O Dokken irá parar? Segundo Don Dokken, pode acontecer.

A trajetória do Dokken, um dos nomes mais consistentes do hard rock norte-americano dos anos 1980, pode estar se aproximando do fim. Em entrevista recente ao podcast The Cassius Morris Show (via Blabbermouth), Don Dokken indicou que o grupo poderá encerrar as atividades ao vivo em até um ano.

Aos 71 anos, o vocalista e fundador da banda comentou sobre os efeitos da idade, as limitações físicas e a possibilidade de que Heaven Comes Down (2023) tenha sido o último álbum de estúdio do grupo. “Depois de 50 anos e 13 discos, acho que já compus música suficiente. Estou bem com isso”, afirmou.

Apesar da declaração, Don não descarta totalmente a ideia de novos lançamentos, ainda que em menor escala. “Talvez George [Lynch] e eu nos juntemos para escrever um EP. Quatro ou cinco músicas”, disse. Segundo ele, a proposta já teria sido discutida com o ex-guitarrista do Dokken, embora ainda sem planos concretos.

O último registro em que os músicos trabalharam juntos foi “Just Another Day”, faixa gravada com a formação original em 2016. Na época, o grupo excursionou pelo Japão como uma espécie de experimento para testar a dinâmica entre os antigos colegas. “Foi um vídeo legal”, lembrou Don.

Desde 2019, o cantor lida com as sequelas de uma cirurgia no pescoço e na coluna, o que afetou diretamente sua capacidade de tocar guitarra e compor com frequência. “Meu braço direito ficou quase paralisado. Se não consigo compor, estou ferrado”, disse, ao comentar os desafios físicos enfrentados durante a produção do último álbum.

Dokken também abordou a distância criativa entre ele e George Lynch nos dias atuais. “Os últimos cinco projetos do George são bem diferentes do que estou fazendo agora. Não sei se espiritualmente conseguiríamos compor algo juntos que fizesse sentido para os dois”, explicou. Ainda assim, deixou em aberto a possibilidade de Lynch lhe enviar ideias iniciais: “Quatro riffs de guitarra, e eu veria se algum deles fala comigo.”

Ao mencionar o baterista Mick Brown, que se aposentou após décadas na estrada, Don demonstrou compreensão. “Ele toca desde os dez anos. Está esgotado. Os bateristas têm o trabalho mais difícil”, observou. “O Mick era a máquina do Dokken. Sempre disse a ele: ‘Toque mais suave’. E ele respondia: ‘Não sei tocar de outro jeito’.”

Embora sem uma data definida para encerrar os compromissos ao vivo, Don reconhece que o fim está próximo. “Provavelmente dentro de um ano”, disse. “Todos estamos envelhecendo. Mick Jagger, Paul McCartney, Elton John… A hora chega.”

Atualmente, Don vive recluso no topo de uma montanha no Novo México. “Sem vizinhos, com meus cachorros. É a vida perfeita”, afirmou. “Quero aproveitar minha vida. Não quero continuar compondo e cantando até cansar.”

Ao longo da conversa, o músico destacou que sua estabilidade financeira o permite considerar a aposentadoria com tranquilidade. “Graças a Deus não preciso mais sair em turnê para pagar contas. Tenho meus discos de ouro e platina na parede. Já deixei claro meu ponto.”

Apesar das dificuldades, Don se mostra sereno com o possível encerramento de sua jornada nos palcos. “Tive uma ótima carreira. Comecei a tocar aos 10 anos. Fiz o que precisava fazer.”

O tempo dirá se haverá de fato um novo encontro criativo entre Don Dokken e George Lynch — ou se os palcos verão pela última vez a voz de um dos nomes mais emblemáticos do hard rock oitentista.

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