Nos últimos meses, Spotify tem sido alvo de críticas relacionadas à sua política de pagamentos de royalties.
O tema ganhou destaque em um artigo da jornalista Liz Pelly, publicado na Harper’s Magazine, que investigou a utilização de “artistas fantasmas” em playlists da plataforma.
O relatório aponta que a estratégia seria uma forma de criar a ilusão de artistas virais. No entanto, ao analisar profundamente, não é possível identificar a existência ou trajetória desses músicos. Apesar de ter negado as acusações no início do ano, a empresa não esclareceu totalmente a inclusão de faixas ligadas a supostos artistas fantasmas em suas playlists.
A discussão ganhou força com a análise do jornalista David Turner, que estudou a playlist “Ambient Chill”. Turner constatou que nomes consagrados como Brian Eno, Bibio e Jon Hopkins haviam sido substituídos por músicas da Epidemic Sound. A empresa sueca é conhecida por fornecer material de estoque para propagandas e produções audiovisuais.
Essa prática, segundo os relatórios, impacta diretamente a distribuição de royalties, desviando recursos de artistas legítimos para parceiros comerciais da plataforma. Estima-se que, em 2023, mais de 150 playlists foram compostas exclusivamente por músicas de conteúdo pré-produzido, conhecido como “Perfect Fit Content” (PFC).
Alguns editores de playlists da plataforma relataram incômodo com o modelo, segundo a investigação. “A empresa começou a contratar editores que não demonstram tanto desconforto com o modelo PFC”, destacou o artigo.
A CEO Daniel Ek também enfrentou críticas por sua visão sobre os custos de produção de conteúdo musical. Declarações como “o conteúdo custa próximo de zero” geraram indignação entre artistas, que acusam o modelo de negócios da plataforma de ser insustentável.
A cantora Kate Nash é uma das vozes ativas contra Spotify. Em um protesto recente, ela declarou que a indústria musical está em crise e que não proporciona autonomia financeira para os artistas. “Vendi fotos minhas em uma plataforma como alternativa para reinvestir em minha economia criativa. A indústria não me dá essa possibilidade”, afirmou Nash.
O caso reforça a crescente insatisfação de músicos e produtores com o tratamento dado por grandes plataformas de streaming. A questão segue aberta, com demandas por maior transparência e valorização dos criadores de conteúdo musical.
Liz Pelly (@lizpelly) uncovers Spotify’s Perfect Fit Content program, which aims to remove “real classical, jazz, and ambient artists from popular playlists and [replace] them with low-budget stock muzak.”https://t.co/BCvkG9a7LM pic.twitter.com/IbbqGM3zhV
— Harper's Magazine (@Harpers) December 19, 2024
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