O podcast “Redação DISCONECTA” dedicou seu episódio 53 a celebrar os 35 anos do icônico álbum “Violator” do Depeche Mode, lançado em 19 de março de 1990. Os hosts Marcelo Scherer e Luis Fernando Brod receberam o convidado Virgílio Magliavacca para uma análise aprofundada deste trabalho que é considerado um marco na evolução sonora da banda.
Durante a conversa, foi destacado como “Violator” representou um abandono parcial do synth-pop e dos samples característicos dos anos 80. O álbum incorporou sintetizadores analógicos e elementos industriais, consolidando uma fase mais densa e experimental para o Depeche Mode. Essa mudança sonora, produzida pela banda em parceria com Flood, impulsionou o álbum ao top 10 das paradas do Reino Unido e dos Estados Unidos.
Os singles “Personal Jesus” e “Enjoy The Silence” foram ressaltados como símbolos do dark pop e de uma geração inteira de apreciadores de música. A recepção crítica do álbum enfatizou a fusão de temas existenciais, como isolamento e poder, com uma estética sonora inovadora que influenciaria gerações posteriores.
A discussão também abordou o contexto histórico do lançamento de “Violator“, situado no final dos anos 80 e início dos 90. Os participantes notaram a transição de uma sonoridade synth-pop mais alegre para algo mais sombrio, alinhado com o que viria a se tornar tendência nos anos 90, como o grunge e uma vertente mais dark da música eletrônica. Virgílio Magliavacca observou que o álbum consolida essa ideia de um som mais sombrio que a banda já vinha explorando.
A influência e o legado de “Violator” foram temas importantes da conversa. O álbum é reconhecido por ter influenciado diversos artistas e gêneros, incluindo Pet Shop Boys e Ghost, e por ter conquistado um público amplo, transcendendo nichos específicos. A conexão da sonoridade do Depeche Mode, especialmente a de “Violator“, com a cena eletrônica inglesa do início dos anos 90, em contraste com a cena americana mais alegre, também foi mencionada.
A análise de faixas específicas revelou detalhes interessantes. “Blue Dress“, apesar de ter uma letra pesada, foi apontada como uma das menos populares. “Policy of Truth“, embora tenha sido um single de sucesso, foi considerada por um dos apresentadores como um pouco mais “alegrinha” para o clima geral do álbum. “Sweetest Perfection” foi destacada por apresentar uma inesperada mudança de atmosfera com elementos quase medievais. “Personal Jesus” foi reconhecida como um dos maiores hinos da banda, com uma batida eletrônica influenciada pelo breakbeat e um riff com inspiração em Gary Glitter. A gravação posterior de uma versão mais pesada por Marilyn Manson também foi lembrada. Sobre “Enjoy The Silence“, foi mencionado que a versão original era bem diferente da final, evidenciando a influência do produtor Flood. O videoclipe icônico também foi ressaltado. “Halo” foi citada como uma faixa de grande destaque, com uma construção crescente e uma possível influência de Kraftwerk no início. Observou-se também que algumas faixas possuem finalizações estendidas, criando uma atmosfera adicional.
A sonoridade de “Violator” foi descrita como relativamente minimalista, utilizando poucos elementos de forma eficaz. A participação de Alan Wilder, que deixou a banda em 1995, também foi lembrada, ressaltando sua contribuição para os arranjos. Um evento de lançamento do álbum em uma loja de discos demonstrou o enorme sucesso que a banda já havia alcançado, com uma aglomeração de mais de 5.000 pessoas. A capa minimalista do álbum, obra do fotógrafo Anton Corbijn, foi considerada representativa da sua sonoridade. A influência de David Bowie na formação da banda foi revelada, com a menção de que David Gahan se juntou ao Depeche Mode após Clark o ouvir cantar “Heroes”.
Ao final da discussão, foi feita uma analogia entre “Violator” e o álbum mais recente da banda, “Memento Mori” (2023), sugerindo que este último poderia ser visto como uma espécie de “segunda parte” daquele. Marcelo Scherer e Luis Fernando Brod expressaram sua admiração por “Violator“, considerando-o um álbum essencial em suas vidas. Virgílio Magliavacca também compartilhou seu apreço pelo disco e convidou os ouvintes a conhecerem seu podcast “Dois Tons“. O episódio do “Redação DISCONECTA” proporcionou uma rica análise sobre o impacto duradouro e a relevância contínua de “Violator” 35 anos após seu lançamento.
Deixe um comentário