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Camisa de Vênus: Correndo o risco

Correndo o Risco, o terceiro álbum de estúdio da banda brasileira Camisa de Vênus, surgiu como um marco na indústria musical sob a direção artística de Pena Schmidt. Gravado no Estúdio RAC em São Paulo, entre agosto e setembro de 1986, este trabalho simbolizou um ponto de virada para o grupo, marcando seu primeiro lançamento pela WEA e distribuído pela RCA Victor, após a finalização de um contrato anterior com a RGE. Este lançamento estratégico sucedeu o celebrado álbum ao vivo Viva de 1986, cumprindo os termos contratuais com a RGE.

Sob a batuta de Pena Schmidt, Correndo o Risco deslumbrou com sua sonoridade robusta e refinada, destacando faixas como “Simca Chambord“, “Deus me Dê Grana“, “Só o Fim“, a monumental “A Ferro e Fogo” e uma versão revigorada de “Ouro de Tolo”, de Raul Seixas. Essas músicas não só se firmaram como sucessos da banda baiana, mas também como ícones do rock nacional.

O álbum teve a sua imagem visual elevada pela colaboração com o prestigiado fotógrafo Bob Wolfenson, um luxo atípico para a Warner na época. A capa, uma ideia de Marcelo Nova, foi criada em São Paulo e apresenta o próprio vocalista disfarçado de idoso atravessando a Avenida Paulista. Essa sessão fotográfica contou com uma equipe completa, incluindo figurino e maquiagem, com os membros da banda discretamente posicionados dentro do carro fotografado.

A ideia original para a capa do álbum foi uma criação de Marcelo Nova. Realizada em São Paulo, a capa esconde um detalhe interessante. Marcelo Nova, o vocalista, revela: “A pessoa idosa que você vê cruzando a rua na capa sou eu. É um fato que poucos conhecem”. Ele explica que a imagem foi capturada na Avenida Paulista, onde ele atravessa fora da faixa de pedestres enquanto um Simca Chambord se aproxima, e ele tenta detê-lo com uma bengala.

Silvia Panella, coordenadora gráfica da Warner, relembra o ambiente divertido e criativo das sessões. No entanto, Marcelo Nova expressou descontentamento com a escolha do design final da capa, que alterou um elemento-chave, a bengala, de uma forma que ele considerou inadequada.

No Estúdio RAC, a banda teve a oportunidade de utilizar equipamentos modernos de gravação de 24 canais, enriquecendo o álbum com a participação de convidados especiais. As letras do álbum variam de críticas sociais e políticas, como em “Simca Chambord”, a sátiras sobre religião em “Deus Me Dê Grana” e “Mão Católica”. O álbum também explora gêneros como o blues em “Morte ao Anoitecer” e termina com a épica “A Ferro e Fogo”, com acompanhamento de uma orquestra.

Correndo o Risco foi um sucesso de vendas e crítica, solidificando a posição da banda no cenário do rock brasileiro. Além disso, a regravação de “Ouro de Tolo” abriu portas para futuras colaborações com Raul Seixas. O álbum permanece um clássico do rock brasileiro, um testemunho da audácia e irreverência da banda, mantendo seu status legendário na história do BRock.

Faixa a faixa

  1. Simca Chambord: Esta faixa é um rockabilly crítico que usa a metáfora de um carro antigo para comentar sobre a Ditadura Militar no Brasil, abordando eventos históricos com letras ácidas.
  2. Mão Católica: Critica a Igreja Católica e suas práticas de expansão através da repressão e alienação, abordando temas religiosos de uma perspectiva crítica.
  3. Morte Ao Anoitecer: Um desvio do punk para um blues sombrio, mostrando a versatilidade da banda e se aproximando de um estilo mais gótico.
  4. Deus Me Dê Grana: Uma sátira mordaz sobre a alienação religiosa e a busca por soluções divinas para problemas materiais e pessoais, refletindo o humor característico da banda.
  5. Ouro de Tolo: Uma versão punk e atualizada do clássico de Raul Seixas, adicionando referências contemporâneas e mantendo a essência crítica da original.
  6. Só o Fim: Uma música apocalíptica que captura as inseguranças e angústias da sociedade contemporânea, com uma abordagem sombria e reflexiva.
  7. O Que É Que Eu Tenho Que Fazer?: Uma faixa típica da banda, com uma abordagem debochada e letras que refletem o estilo irreverente do Camisa de Vênus.
  8. Tudo Ou Nada: Explora o mundo competitivo e materialista, com uma crítica ao consumismo e à busca incessante por sucesso a qualquer custo.
  9. A Ferro e Fogo: Encerrando o álbum, esta faixa traz uma narrativa épica, acompanhada por uma orquestra. Ela se destaca pelo seu estilo grandioso e composição dramática.

E por mais triste que possa parecer, não tem esse álbum no Spotify e nem no Youtube Music. então abaixo tem uma playlist com as músicas compiladas em uma playlist.

https://music.youtube.com/playlist?list=PLP-p5_6d4pqvaDHKDeAnesR9Sf6Jj6Hdo&si=EpPsPrcEEdyYFa_f

Quer curtir um pouco mais da Camisa de Venus e Marcelo Nova? confira essa entrevista incrivel para o canal “Na ponta a agulha” do meu amigo Cassio Toledo

Autor

  • Julio Mauro

    Júlio César Mauro é aquele típico nerd e pai de duas meninas, que tem seu jeito único – um pouco rabugento e com TDA. Não deu certo na música, mas encontrou seu caminho na TI, onde está há uns 26 anos. O cara é conhecido por não ter papas na língua e por um senso de humor bem afiado, que nem todo mundo entende. Já rolou até uma fase de co-apresentador no programa Gazeta Games na Rádio Gazeta de São Paulo, mostrando seu lado gamer. E, claro, a música? Continua sendo uma das suas grandes paixões.

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