Pink Elephant, um olhar para o futuro

Antes de começar este review, já quero dar um alerta de spoiler: se você procura um Arcade Fire do começo de carreira, pode parar a leitura por aqui. O Arcade Fire é uma banda que tenta sempre se reinventar e com Pink Elephant, isso fica muito explícito!

Em 2022, Win Butler, a cabeça pensante por trás do Arcade Fire foi acusado por três mulheres onde  teria se envolvido em comportamento sexual altamente inapropriado com elas entre 2016 e 2020. Mesmo assim, em 2022 a banda lança o disco WE que, aparentemente, era um retorno às suas raízes.

Mas me parece que algumas feridas ficaram mal cicatrizadas e estão expostas aqui em Pink Elephant. Um disco minimalista, cru e bem como canta a banda em Year of the Snake: uma estação de mudanças.

Essa produção mais lo-fi, também vista nas músicas, soam como uma “banda de quarto” ou “banda de garagem”. E acho que isso tudo foi proposital mesmo, para externalizar esse sentimento que, de novo, me parece reprimido e agora, externalizado. Como se fosse uma sessão de terapia, me entende?  É uma banda lutando para encontrar uma saída da selvageria.

Com três faixas instrumentais ao longo do disco, que são como “ganchos” (ou gatilhos, se você pensar na sessão de terapia), o álbum soa como um dos discos mais criativos lançados este ano, embora eu tenha quase certeza de que, principalmente os fãs de longa data da banda possam discordar veementemente disto. É um disco que vai fazer você prestar atenção em todos os detalhes.

Pink Elephant é claramente um disco que soará catártico ao vivo. Butler afirmou que “Pink Elephant” é provavelmente melhor apreciado “na íntegra”, e ouvindo-o do início ao fim, isso soa verdadeiro. Cada música conta parte de uma história maior, com o tema girando em torno de meditação, autodescoberta, escuridão e luz, e à medida que as músicas progridem, o ouvinte continua sua jornada.

“Pink Elephant” não busca ser uma obra-prima, e talvez nem precise. O disco mostra o Arcade Fire explorando novos caminhos, mas sem perder a identidade. Estranho em alguns momentos, belo em outros — mantém o ouvinte atento do começo ao fim. É uma audição que vale a pena.

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