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Soul Asylum renova o vigor em Slowly But Shirley, sem perder sua essência

Após mais de quatro décadas de estrada e uma trajetória marcada por altos e baixos, o Soul Asylum retorna com “Slowly But Shirley”, um álbum que mostra a banda revisitando suas raízes e, ao mesmo tempo, explorando novos horizontes sonoros. Gravado ao vivo no Terrarium, estúdio em Minneapolis, sob a direção do produtor Steve Jordan (The Rolling Stones, John Mayer), o disco captura a energia crua e autêntica que marcou os primeiros anos da banda, mas com a maturidade que o tempo trouxe.

O álbum começa com “The Only Thing I’m Missing”, uma faixa potente que imediatamente reintroduz o som característico do Soul Asylum: guitarras afiadas, uma linha de baixo marcante e um ritmo contagiante. Desde o início, fica claro que o quarteto liderado por Dave Pirner não perdeu o fôlego. Com 11 faixas que transitam entre diferentes vertentes do rock, Slowly But Shirley mostra uma banda confortável em seu legado, mas disposta a se reinventar.

A decisão de gravar ao vivo no Terrarium foi fundamental para capturar a vibração genuína do Soul Asylum. “Queríamos um som mais autêntico, algo que soasse como somos no palco, e o estúdio de Minneapolis proporcionou exatamente isso“, explica Pirner. A escolha de trabalhar novamente com Steve Jordan, que já havia produzido “And the Horse They Rode In On”, de 1990, contribuiu para essa autenticidade, mesclando o talento da banda com uma produção polida e precisa.

O single principal do álbum, “High Road”, é um exemplo brilhante da habilidade do Soul Asylum em criar hinos de rock. Com um refrão memorável e uma energia vibrante, a música foi lapidada ao longo de anos por Pirner, que admite ter passado “uma eternidade” mexendo na estrutura da canção. “É como um Frankenstein“, brinca o vocalista. “Depois de tantas mudanças, ela finalmente faz sentido.” A faixa é um rock “desorganizado”, mas em um bom sentido, exibindo a essência rebelde e caótica que caracteriza a banda.

O título do álbum, “Slowly But Shirley”, e sua capa fazem uma homenagem à lenda das corridas de arrancada Shirley “Cha Cha” Muldowney, uma das primeiras mulheres a competir em alto nível nesse esporte predominantemente masculino. “Ela foi uma verdadeira inspiração para mim quando eu era criança“, diz Pirner. “A coragem dela em enfrentar todos aqueles homens nas corridas significou muito. E quando soubemos que ela nos deu sua bênção para usar seu nome, foi um momento muito especial.”

A capa do álbum, que remete ao espírito destemido de Muldowney, é uma metáfora visual da jornada da banda: lenta, constante e sem medo de enfrentar desafios. Há também uma referência à capa do disco de estreia de Elvis Presley, que também serviu de inspiração para London Calling do The Clash.

Além de “High Road” e “The Only Thing I’m Missing”, o álbum é repleto de momentos sonoramente distintos. “You Don’t Know Me” mergulha em um pop psicodélico, enquanto “Tryin’ Man” oferece um groove funky inesperado. Já “Freeloader” traz um power pop sujo, com guitarras distorcidas e um ritmo contagiante, revelando a versatilidade do grupo.

O músico Ivan Neville, que já colaborou com o Soul Asylum em álbuns anteriores, volta a contribuir com seus toques de teclado, adicionando camadas de profundidade e textura às faixas. Sua participação é particularmente marcante em “Slow Burn”, onde suas harmonias ajudam a criar uma atmosfera envolvente.

O processo de gravação de “Slowly But Shirley” reflete a experiência e o amadurecimento de Pirner e sua banda. “Você entra no estúdio com tudo o que aprendeu nas gravações anteriores“, diz o vocalista. “Isso inevitavelmente guia o processo e o torna mais eficiente.” A fluidez com que o álbum foi gravado revela uma banda confortável com sua identidade, mas disposta a experimentar e evoluir.

Com mais de 40 anos de carreira, o Soul Asylum continua sendo uma força vital na cena do rock. O impacto de álbuns como “Grave Dancers Union”, que rendeu à banda um Grammy pelo hit “Runaway Train”, permanece como um marco em sua trajetória, mas “Slowly But Shirley” prova que ainda há muito a ser dito.

“Slowly But Shirley” é uma celebração do espírito do Soul Asylum. A banda entrega um trabalho que, embora ancorado em seu legado, olha para o futuro com criatividade e vitalidade renovada. Em um cenário musical onde muitos de seus contemporâneos se acomodam, o Soul Asylum continua a trilhar seu caminho, lento, mas sempre em movimento.

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2 respostas para “Soul Asylum renova o vigor em Slowly But Shirley, sem perder sua essência”

  1. Avatar de Dane Souza

    Grande notícia, obrigado pela publicação!!! Sou fã convicto dessa banda desde meus 11 anos de idade e é sempre bom ver que tem jornalista brasileiro que continua com a antena ligada. Lamento que o excelente disco que eles lançaram em 2020 não fez muito barulho, mas colocou os caras (por 1 semana pelo menos) de volta na Billboard. Sobre o novo trabalho, “Freak Accident” é um lado B dos anos 90 que felizmente ganhou a luz do dia nesse disco (embora a gravação antiga tenha mais vigor). Só estranhei que as críticas que li estão apontando o álbum com 11 faixas, mas ele tem 12. De qualquer forma, grato pelo release. Sucesso a todos.

    1. Avatar de Luis Fernando Brod
      Luis Fernando Brod

      Oi Dane. Obrigado a você por acompanhar o site. Realmente, este disco ficou muito bom, um resgate sonoro e várias referências. Grande abraço.

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