​Boogarins reafirma sua posição como uma das bandas mais importantes do Brasil em show no Opinião​

Apesar de ter 10 anos de estrada, a banda Boogarins é a prova de que o rock atual não está morto – e foi isso que eles mostraram no Bar Opinião, no sábado, dia 05.

Começaram tímidos no palco, mas logo se percebeu que isso refletia seu mais recente trabalho, “Bacuri”. Aos poucos, foram esquentando o Bar Opinião; tocaram o disco na íntegra e, faixa a faixa, o público reagia com o aumento da energia das músicas.

A veia psicodélica é clara no som da banda e, ao vivo, ganha mais peso do que em suas versões de estúdio. Elementos lisérgicos advindos do moog de Raphael Vaz – que também toca baixo e canta – aprofundam ainda mais a alucinação sonora. Somados aos elementos visuais aplicados no telão e ao trabalho minimalista, mas muito eficiente, de luzes, criam o clima para um show envolvente.

É clara a influência da banda australiana Tame Impala, mesmo que de forma bastante topicalizada, imprimindo seu DNA musical com forte groove e deixando o som e o show muito suingados.

A audiência, claro, entrou no clima e cantou música após música; é difícil citar pontos altos, pois “Bacuri” é um disco muito coeso, profundo e empolgante – e, claro, isso se reflete no show.

A abertura da apresentação, com a faixa “Bacuri”, inicia com um clima low beat e ritmo respectivo, seguida de “Corpo Asa”, na qual a banda dá seus primeiros passos para se soltar no palco – leve e groovada, mantendo uma linha marcante na segunda guitarra que acompanha o vocal. A escolha dos timbres dessa segunda guitarra impressiona em todo o show, com camadas que complementam a guitarra base.

“Chuva nos Olhos” é linda, com uma estrutura delicada e um suingue cativante; as linhas vocais de Dinho Almeida são a receita perfeita para curtir essa música “Good Vibe”. “Só Deus Sabe”, executada por “Chrystian & Ralf”, quebra um pouco o clima psicodélico do show, mas não a vibe, pois o refrão puxa novamente para o lado lisérgico, evidenciado também pelas linhas de guitarra de Benke Ferraz.

Nesse ponto – mesmo sem chegar à metade do show – é impressionante a conexão sonora que esses caras possuem.

“Poeira” começa e é cantada por todos os presentes, com transições harmônicas muito diferenciadas e uma bateria “quebrada” de Ynaiã. Os elementos lisérgicos de Raphael, com seu moog e baixo marcante, tornam impossível não se emocionar com a capacidade da banda de fugir do lugar comum e, mesmo assim, criar uma faixa tão agradável e controlada – única.

Daqui pra frente, o público já tinha sido tomado pela musicalidade da banda, e “Mê Dê um Som” foi recebida com energia. Outra, com elementos leves, “Amor Indie” é daquelas músicas que entram fundo no coração; mesmo tendo momentos mais lisérgicos, é constituída daquela delicadeza que só a banda consegue produzir.

“Compartir” é daquelas músicas que ficam na cabeça desde o início, graças ao assobio inicial, ao ritmo marcante, ao clima e aos vocais que ressoam assim que entram.

A viajandona “Crescer” é o momento experimental do show, que se revezava com imagens no telão e um jogo de luz psicodélico – um instante de êxtase sonoro que evidencia a capacidade da banda de, mesmo em momentos experimentais, engajar o público.

A parte “Bacuri” do show fecha com “Deixa”, talvez a faixa menos inspirada do álbum, mas nem por isso ruim – afinal, o público acompanhou cada momento.

Daqui em diante, foi a vez de pôr à prova o quanto as músicas antigas se conectam com o público e como elas resistem ao teste do tempo – e, sim, elas são ótimas e o público gosta. Foram: “Infinu”, precedida de “Falsa Folha de Rosto”, “Corredor Polonês”, “Doce” e “Foimal”.

Show em alto nível de uma banda contemporânea que está na ativa. Se passarem pela sua cidade, faça um favor a si mesmo: vá assisti-los!

Boogarins Setlist Bar Opinião, Porto Alegre, Brazil 2025

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