Garbage, L7 e The Mönic encantam Curitiba

Shirley Manson foi a minha primeira heroína no rock, ali na segunda metade dos anos 90, quando surgiu no mainstream com o Garbage.

Especialmente com o segundo álbum da banda, “Version 2.0” de 1998, que rodou bastante no meu CD Player desde seu lançamento. Ouvir aquela mulher forte, determinada e, como ela mesmo disse no show no último domingo (23) na Ópera de Arame, em Curitiba, com culhões (em tradução livre deste que vos escreve), me fez entender, ali na adolescência, que o rock não era só masculino.

Daí para ir atrás dos trabalhos de Patti Smith, Joan Jett, Chryssie Hynde (que vem aí em breve) e tantas outras, foi um pulo. 

Ver Shirley em ação, no último show da turnê sul-americana do Garbage, foi um privilégio. Ela é dona do palco e interage com os companheiros e com a plateia, em discursos importantes sobre liberdade e política nos confusos dias atuais. Além disso, segue com a voz intacta, tal qual registrada nos, até agora, sete discos de estúdio dos americanos.  

Antes disso, a noite inicia com as meninas do The Mönic, que executaram um set curto, porém divertido, com direito a passeio em meio ao público, com acompanhamento luxuoso de Jennifer Finch, baixista do L7, que esteve ao lado do palco gravando ao vivo a execução das duas últimas músicas. Que sirva como um belo incentivo para que as garotas cresçam cada vez mais.

Foto: The Mönic. Crédito: Virgílio Migliavacca

Falando em L7, as veteranas do rock americano chegam com sua formação original logo na sequência, como abertura de luxo nessa gira do Garbage (apenas no Brasil, sem shows em outros países da América Latina). Tão de luxo que, ao contrário de muitas bandas de abertura, o som chega ao público no talo, naquela mistura de hard-rock com grunge que, por não ter tantas variações, se beneficia muito de um setlist de 1 hora de duração, pois acredito que para além disso, o show poderia ficar cansativo. Destaque para as músicas do clássico “Bricks Are Heavy”, de 1992, produzido por Butch Vig, o cara que logo em seguida, assumiria as baquetas do show principal. 

Foto: L7. Crédito: Virgílio Migliavacca.

Voltando então ao show do Garbage, que inicia pontualmente às 22hs com “Queer”, da autointitulada estreia do grupo, de 1995, é possível dizer que fazem jus aos seus 30 anos de carreira, demonstrando muito entrosamento no palco, e aparentando satisfação de estar ali. Shirley, ao final do show elogiou a estrutura do Teatro da Ópera de Arame, dizendo até ter ficado inicialmente intimidada, por tocar em um local onde era possível olhas nos olhos de todos na plateia. Destaque também para as elaboradas linhas de guitarra de Steve Marker e Duke Erikson, que alternam o tempo todo entre solos e bases, conseguindo se sobressair em meio as várias camadas de elementos eletrônicos, bem característicos para uma banda composto por três produtores.

Foto: Garbage. Crédito: Virgílio Migliavacca.

A sequência de apresentações em nosso continente serve como aquecimento para o lançamento do novo álbum, previsto para maio deste ano. Por isso, o repertório foca nos dois primeiros e clássicos discos, sem músicas do vindouro “Let All That We Imagine Be The Light”, e com inserções pontuais dos demais, como “Empty”, de “Strange Little Birds” (2016) e a balada dramática “Cup of Coffee”, de “Beautiful Garbage” (2001). “No Gods No Masters” (2021) contribui com “The Men Who Rule The World” e “Wolves”, sendo que “Not Your Kinf of People” (2002) e “Bleed Like Me” (2005) não entram com nenhuma música na festa (senti falta de “Why do you love me”).  O setlist, igual em todos os shows no Brasil, encerra mais uma celebração ao Rock dos anos 90 com a apropriadamente nostálgica “When I Grew Up”. Agora é aguardar as novas músicas que chegam ainda em 2025 e, quem sabe, mais shows por aqui em breve.

Autor

  • Virgilio Migliavacca (@virchico no X – @virgiliomm no Instagram) é servidor público, trabalhou 10 anos na área de financiamento a projetos culturais pelo Governo do Estado do RS. Pai do Théo, apaixonado por quadrinhos, rock alternativo e por uma IPA gelada.

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