David Bowie sempre teve um olhar único para a música. Ele enxergava além das obviedades, destacando nuances e influências que muitos outros deixavam passar despercebidas. Isso ficou ainda mais evidente quando Bowie se referiu a uma determinada banda como o “The Beatles psicóticos”.
A quem ele estaria se referindo? Não seriam os próprios Beatles, claro. Então, quem seriam esses artistas tão únicos a ponto de merecerem tal analogia do lendário Ziggy Stardust?
A resposta está nos Pixies, uma banda que, apesar de não ter alcançado o mesmo nível de popularidade mundial dos Fab Four, conquistou o respeito e a admiração de Bowie justamente por suas características peculiares e sua capacidade de surpreender.
Bowie viu nos Pixies uma intersecção fascinante entre a melodia pop cativante dos Beatles e uma abordagem musical muito mais visceral e perturbadora. Nas palavras do próprio Bowie, havia “um grande senso de humor subjacente a tudo o que Charles [Black Francis] faz”, uma combinação excêntrica e, ao mesmo tempo, profunda que lembrava os ídolos da Beatlemania.
Assim como os Beatles, os Pixies conseguiam criar estruturas melódicas marcantes e refrãos contagiantes. Mas, diferente da abordagem mais palatável dos de Liverpool, a banda de Boston parecia “correr nua e gritando” por caminhos muito mais sombrios e imprevisíveis.
Bowie enxergava nessa dualidade de excelência pop e inquietação experimental uma qualidade quase “psicótica” – daí a sua famosa comparação. Ele ficou fascinado pela forma como os Pixies conseguiam, simultaneamente, atrair e perturbar o ouvinte, oferecendo uma janela para um universo boêmio e instigante.
Talvez seja essa capacidade de equilibrar o belo e o perturbador, o acessível e o complexo, que tenha feito com que Bowie considerasse os Pixies como uma das bandas mais influentes de sua geração. Afinal, não é qualquer grupo que merece ser chamado de os “Beatles psicóticos”.
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