Quando o assunto é plágio ou a reutilização de ideias no rock, o Led Zeppelin costuma ser um dos primeiros nomes lembrados, devido à apropriação de temas e riffs do blues e do rock das décadas anteriores. No entanto, outra banda integrante da chamada “sagrada trindade do rock” também construiu sua sonoridade com referências diretas a trabalhos de contemporâneos e influências mais distantes. O próprio Iron Maiden já passou por isso (relembre aqui).
Isso não significa que Ritchie Blackmore ou Jon Lord carecessem de originalidade—pelo contrário. Ambos possuíam grande conhecimento musical e souberam reinterpretar e incorporar elementos diversos, transformando-os em algo único dentro do Deep Purple. Esse processo refletia não apenas o talento individual dos músicos, mas também a capacidade da banda de absorver e absorver influências, contribuindo para sua identidade sonora.
Mas sim, as “apropriações” estão ali, pra quem quiser ver. Tirem as suas próprias conclusões:
1. Burn
A música Burn do Deep Purple, lançada em 1974, é um hino do hard rock que combina riffs potentes, vocais intensos e solos de guitarra virtuosos. A letra fala sobre paixão, destruição e renascimento, com uma energia selvagem que reflete o estilo explosivo da banda. A faixa-título do álbum homônimo marcou a entrada de David Coverdale e Glenn Hughes, trazendo um novo vigor ao som clássico do Deep Purple.
E não é que ela se parece com..
Fascinating Rhythm de George Gershwin
“Fascinating Rhythm” é uma canção icônica de George e Ira Gershwin, composta em 1924, que retrata a história de um ritmo persistente e hipnótico que perturba o narrador, invadindo seus pensamentos e roubando sua paz. Com uma melodia sincopada e letras inteligentes, a música personifica o ritmo como uma força irresistível e incômoda, refletindo a energia frenética da era do jazz e a dificuldade de escapar do seu fascínio. A obra se tornou um clássico atemporal, celebrando a genialidade dos Gershwin em capturar a essência da música popular moderna.
2. Black Night
“Black Night” do Deep Purple é uma música de rock clássico que fala sobre solidão e desespero, usando a metáfora de uma “noite negra” para representar a escuridão emocional. Com um riff marcante e a voz poderosa de Ian Gillan, a canção mistura blues e hard rock, tornando-se um dos maiores sucessos da banda. A letra expressa a busca por alívio e luz em meio à tristeza, enquanto o instrumental intenso reforça o clima sombrio e melancólico.
E não é que ela se parece com…
Summertime de Ricky Nelson
“Summertime” de Ricky Nelson é uma canção nostálgica e suave que captura a essência relaxante e romântica do verão. Com um ritmo tranquilo e melodia acolhedora, a música fala sobre aproveitar os dias de calor ao lado de alguém especial, destacando a beleza simples da estação e a felicidade de momentos compartilhados. A letra evoca imagens de céu azul, brisa leve e uma sensação de paz, típica das memórias afetivas que o verão pode trazer.
3. Why Didn’t Rosemary
A música “Why Didn’t Rosemary” do Deep Purple, presente no álbum “Deep Purple” (1969), aborda de forma enigmática a história de uma mulher chamada Rosemary, que parece ter cometido um crime ou feito algo extremo. A letra sugere um tom de desilusão e questionamento, com os vocalistas perguntando por que Rosemary não agiu de maneira diferente. O estilo da música mantém o rock pesado e os solos de guitarra característicos da banda, refletindo a sonoridade clássica do Deep Purple na época.
E não é que ela se parece com…
Too Much de Elvis Presley
“A música Too Much de Elvis Presley, lançada em 1957, fala sobre um amor intenso e avassalador que se torna sufocante. O narrador expressa que o carinho e a devoção excessivos do parceiro são opressivos, comparando esse sentimento a algo ‘too much’ (demais) para ser suportado. Com seu ritmo animado e característico rockabilly, a música contrasta a letra, que aborda os limites do amor e a necessidade de equilíbrio em um relacionamento.”
4. Rat Bat Blue
Lançada no álbum Who Do We Think We Are (1973), “Rat Bat Blue” destaca-se pelo groove marcante e pela fusão entre hard rock e influências do blues. A faixa traz um dos solos mais expressivos de Jon Lord no órgão Hammond, além de riffs enérgicos de Ritchie Blackmore e a interpretação intensa de Ian Gillan. Apesar de não ser uma das músicas mais lembradas da banda, carrega a identidade do Deep Purple em sua sonoridade dinâmica e arranjos bem trabalhados, refletindo o espírito criativo do grupo na fase final da formação clássica.
E não é que ela se parece com….
Watch Your Step de Bobby Parker
Lançada em 1961, Watch Your Step de Bobby Parker é um dos riffs mais influentes do rhythm and blues, servindo de inspiração para diversas bandas de rock nas décadas seguintes. Com um groove marcante e uma linha de guitarra hipnótica, a faixa chamou a atenção de nomes como The Beatles e Led Zeppelin, que incorporaram elementos semelhantes em suas composições. O próprio Parker afirmou que Jimmy Page e John Lennon reconheceram a influência de sua música em Moby Dick e I Feel Fine, respectivamente. Mesmo sem alcançar grande sucesso comercial na época, Watch Your Step consolidou-se como uma peça fundamental na evolução do rock.
5. Child in Time
“Child in Time”, lançada no álbum Deep Purple in Rock (1970), é uma das composições mais marcantes do Deep Purple. A faixa se destaca pela construção gradual, alternando entre momentos suaves e explosões de intensidade. A performance vocal de Ian Gillan, com seus agudos intensos, e os longos solos de Ritchie Blackmore e Jon Lord criam uma atmosfera dramática e envolvente. A letra, de tom pacifista, sugere reflexões sobre guerra e suas consequências, reforçando o impacto emocional da música, que se tornou um clássico do rock progressivo e do hard rock.
E não é que ela se parece com….
Bombay Calling do It’s a Beautiful Day
“Bombay Calling”, do grupo norte-americano It’s a Beautiful Day, é uma peça instrumental lançada em 1969 no álbum autointitulado da banda. Com uma melodia marcante conduzida pelo violino de David LaFlamme, a música combina elementos do rock psicodélico e da música indiana, criando uma atmosfera hipnótica. A progressão melódica da faixa foi posteriormente usada como base para “Child in Time”, do Deep Purple, lançada em 1970. Embora não tenha sido creditada originalmente, a influência de “Bombay Calling” sobre a composição do Deep Purple é amplamente reconhecida.
6. Woman From Tokyo
Lançada em 1973 no álbum Who Do We Think We Are, “Woman from Tokyo” marcou um momento de transição para o Deep Purple. Inspirada na primeira turnê da banda pelo Japão, a música apresenta uma estrutura diferenciada, mesclando hard rock e passagens mais melódicas. O riff marcante de Ritchie Blackmore e os vocais expressivos de Ian Gillan criam uma atmosfera envolvente, enquanto a letra faz referência à admiração pelo país asiático. Apesar de não ter sido um grande sucesso imediato, a faixa se tornou uma das mais reconhecidas do grupo, consolidando sua presença nos repertórios ao longo dos anos.
E não é que ela se parece com…..
She’s Got Everything do The Kinks
Lançada originalmente como lado B do single “Days” em 1968, “She’s Got Everything” é um exemplo do rock enérgico e direto que o The Kinks fazia nos anos 1960. Escrita por Ray Davies, a música resgata a sonoridade inicial da banda, marcada por guitarras vibrantes e um ritmo acelerado, lembrando sucessos como “You Really Got Me”. Apesar de não ter ganhado tanto destaque na época, a faixa se tornou uma das favoritas entre os fãs, evidenciando a habilidade dos Kinks em criar canções contagiantes com letras simples e eficazes.
7. Smoke on the Water
Lançada em 1972 no álbum Machine Head, “Smoke on the Water” se tornou um dos riffs mais reconhecíveis da história do rock. A música narra um episódio real ocorrido em dezembro de 1971, quando o cassino de Montreux, na Suíça, pegou fogo durante um show de Frank Zappa & The Mothers of Invention, destruindo o local onde o Deep Purple gravaria seu próximo disco. Inspirados pela cena da fumaça sobre o lago de Genebra, a banda criou um dos clássicos do hard rock, destacando-se pela marcante introdução de guitarra de Ritchie Blackmore e pela estrutura simples, mas poderosa, que atravessa gerações.
E não é que ela se parece com …..
Maria Moita de Carlos Lyra
Lançada em 1964, “Maria Moita” é uma composição de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, apresentada originalmente no espetáculo Opinião e posteriormente gravada por diversos artistas. A música combina a sofisticação harmônica da bossa nova com uma letra de forte cunho social, abordando a opressão e a resistência da mulher negra no Brasil. Com um ritmo sincopado e uma melodia marcante, a canção se tornou um dos exemplos da vertente mais engajada da bossa nova, refletindo a influência do contexto político da época sobre a produção musical.
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