Chris Barron relembra os excessos e mudanças pessoais desde o auge do Spin Doctors

O vocalista do Spin Doctors, Chris Barron, revelou detalhes pouco conhecidos sobre os bastidores da fase mais bem-sucedida da banda nos anos 1990. Em entrevista recente à Rolling Stone (via Ultimate Classic Rock), ele compartilhou como o uso contínuo de maconha marcou sua juventude e boa parte da trajetória artística no auge do grupo.

“Eu estava chapado o tempo todo, cara”, afirmou Barron. Segundo ele, o consumo teve início aos 14 anos e seguiu até os 30. A decisão de parar veio com o nascimento de sua filha. “Não estava junto da mãe dela. E tive uma epifania: ‘Se eu continuar assim, vão me tirar a criança’”, contou.

Barron também refletiu sobre questões emocionais que enfrentava na época. “Acho que hoje eu teria sido medicado, tomaria antidepressivos. Aquilo era meu jeito de lidar com a cabeça, de tentar silenciar as vozes internas”, disse.

Nos anos 1990, enquanto buscavam espaço na indústria, o Spin Doctors enfrentou desafios dentro da própria gravadora. O grupo dividia o selo Epic com o Pearl Jam, o que gerou comparações e, segundo Barron, uma competição desigual. “Eu não consigo ouvir Pearl Jam até hoje”, confessou. “Você ia até a loja de discos, era um expositor enorme do Pearl Jam e só uma cópia do nosso disco. Era enlouquecedor.”

O maior sucesso da banda, “Two Princes”, nasceu de uma conversa casual, como ele relembrou. Aos 19 anos, após receber um telefonema de uma garota, Barron comentou o episódio com um conhecido. A repetição da frase “go ahead now” acabou servindo de semente para a composição. “Fui pra casa com aquilo na cabeça e escrevi. Agora nunca mais vou precisar de um emprego normal”, disse, em tom bem-humorado.

A relação do grupo com o estrelato sofreu um baque quando o single escolhido para o segundo álbum foi “Cleopatra’s Cat”. “A gente ficou bonitinho demais”, avaliou Barron. “Foi uma escolha estranha, mas eu era muito jovem… só fui junto com a decisão.”

Após 12 anos sem lançamentos, o Spin Doctors retornou com o álbum “Face Full of Cake”, produzido por Mike Gordon, baixista do Phish. Gordon se impressionou com os números da banda nas plataformas digitais. “Ele disse: ‘Vocês têm tipo 350 milhões de plays no Spotify — isso é insano.’ E a gente respondeu: ‘E vocês tocam 13 noites no Madison Square Garden!’”, relatou Barron.

Hoje, longe dos exageros do passado, o cantor parece confortável com uma rotina mais discreta. “Moro num apartamento de dois quartos em Nova York. Tenho um Subaru, uma filha de 26 anos, sou casado e tenho dois gatos”, contou.

Mesmo após três décadas, ele ainda se anima ao subir no palco. “Cantar ‘Two Princes’ é muito bom. E também ‘Little Miss Can’t Be Wrong’. Eu adoro cantar essas músicas. A galera enlouquece quando a gente toca.”

O novo álbum já está disponível nas plataformas e marca uma nova fase para o Spin Doctors, com Barron mantendo os pés no chão e a voz firme para relembrar — e reviver — uma das eras mais movimentadas do rock alternativo norte-americano.

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