fbpx

Origem e evolução do mosh: da rebeldia punk ao debate atual sobre segurança

O mosh, com sua energia caótica e intensidade, é um dos elementos mais associados a shows de hardcore e metal. O frenesi que domina o público, formado por pessoas correndo, saltando e colidindo, ainda desperta fascínio e controvérsia. Apesar de sua popularidade, suas origens e evolução refletem uma história rica de criatividade e conflito.

A prática ganhou destaque na década de 1990, segundo a Far Out Magazine, quando o “The Phil Donahue Show” dedicou um episódio inteiro ao tema. Na época, a mídia explorava a preocupação de pais e autoridades sobre a segurança do público jovem. No entanto, o mosh remonta à cena punk do final dos anos 1970, onde manifestações como o pogoing (O verbo para alguém que pula para cima e para baixo) começaram a aparecer.

Segundo a tradição associada ao Sex Pistols, Sid Vicious teria inventado o pogoing como uma forma de satirizar o público que não acompanhava a energia dos shows. Esse estilo de dança evoluiu para algo mais agressivo com o slam dance, popularizado na Califórnia e em Washington, D.C., nos anos 1980.

A dança slam e suas ramificações

De acordo com o jornalista Steven Blush no livro American Hardcore: A Tribal History (2001), o ex-fuzileiro naval Mike Marine teria introduzido o slam dance em 1978, em Orange County. A prática, apelidada de “The Huntington Beach Strut”, envolvia movimentos bruscos e intensos, marcando a divisão entre punks e posers.

Na Costa Leste dos Estados Unidos, o slam dance assumiu contornos mais violentos, especialmente em Washington, D.C., com a cena hardcore. A banda The Teen Idles, de Ian MacKaye, levou o estilo para a região após uma turnê na Califórnia. Em Boston, surgiram variações mais agressivas, como “punching penguins” e “pig piles”, com impactos físicos ainda mais fortes.

De onde vem o nome “mosh”?

O termo “mosh” teria origem na expressão “mash it-mash down Babylon!”, usada pelo vocalista HR, da banda Bad Brains, em 1980. Sua pronúncia carregada de patoá (dialeto) teria sido mal interpretada como “mosh”, tornando-se sinônimo da dança.

O crossover entre hardcore e metal também contribuiu para a difusão do termo. A banda Stormtroopers of Death popularizou o mosh na cena metal com a faixa Milano Mosh, do álbum Speak English or Die (1985).

Controvérsias e segurança

Com o passar dos anos, o mosh se expandiu para outros gêneros, como hip hop e música eletrônica, por meio de artistas como Beastie Boys e The Prodigy. Contudo, seu caráter violento gerou críticas. Bandas como Fugazi reprimiram a prática em seus shows, buscando garantir um espaço seguro para o público.

Tragédias também marcaram o debate. Em 1993, um jovem morreu esmagado em um show do Smashing Pumpkins, que desde então condenaram o mosh. Em 2021, o incidente no Astroworld Festival, de Travis Scott, resultou na morte de dez pessoas, reacendendo as discussões sobre responsabilidade e segurança em eventos.

O mosh, enquanto manifestação de energia coletiva, continua a dividir opiniões, refletindo os limites entre liberdade de expressão artística e a necessidade de proteger o público. Sua história, repleta de significados culturais, segue como um tema relevante para música e sociedade.

Autor

    2 respostas para “Origem e evolução do mosh: da rebeldia punk ao debate atual sobre segurança”

    1. Avatar de Paola Oliveira
      Paola Oliveira

      Faço show há 15 anos com os replicantes e convivo com a cena punk há 25 anos. Nunca vi ninguém se machucar. É preciso ter “controle” sobre a subida no palco e o pulo. Por isso os seguranças que trabalho são preparados para isso. E o público sabe acolher quem pula do palco. Só amadores se quebram. Só seguranças despreparados tiram do palco de forma errada e isso sim pode ser perigoso. Nunca se lota lugares onde pode ocorrer mosh e pogo. É preciso espaço para essa dança tribal punk . É preciso que o público se sinta seguro e livre para essa celebração.

      1. Avatar de Luis Fernando Brod
        Luis Fernando Brod

        É sobre isso! Muito obrigado pelo comentário Paola.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *