Quando Paul McCartney decidiu imitar Jimi Hendrix em “Taxman”

Em 1966, o mundo da música ainda tentava acompanhar as inovações de The Beatles. Enquanto a banda britânica lançava Revolver, um dos discos mais experimentais de sua carreira, cada faixa parecia trazer algo novo para o público.

Foi nesse contexto que nasceu “Taxman”, uma canção escrita por George Harrison e com uma curiosa participação de Paul McCartney na guitarra. O baixista, conhecido por seu talento multifacetado, resolveu explorar o som de feedback, uma técnica que remetia diretamente ao estilo de Jimi Hendrix.

Paul McCartney nunca escondeu sua admiração por outros músicos. Durante os anos de formação de The Beatles, ele e os colegas absorviam influências de astros como Bob Dylan e Pee Wee Crayton. Mas, em “Taxman”, ele buscou algo diferente. Ao invés de seguir seu papel habitual, pegou uma guitarra e começou a explorar o som de feedback, caracterizado pela retroalimentação sonora entre as cordas e o amplificador.

Esse efeito era uma marca registrada do estilo de Hendrix, e McCartney soube adaptá-lo ao universo único da banda. “Agarramos a guitarra e começamos a tocar pelo estúdio com o feedback e tudo isso”, disse McCartney em entrevista à Guitar Player. “Foi quando sugeri a George: ‘Talvez você possa tocar assim’”.

O cantor e guitarrista John Mayall, conhecido por seu trabalho com os Bluesbreakers, desempenhou um papel importante nessa história. Segundo McCartney, foi Mayall quem sugeriu que ele adquirisse uma guitarra Epiphone Casino.

“A ideia era alcançar um melhor efeito de feedback”, explicou o ex-Beatle. “Isso aconteceu antes de George se interessar muito por esse tipo de som. Ele geralmente tocava de forma mais contida”. Curiosamente, George Harrison não parecia inclinado a mergulhar no universo do feedback pesado.

McCartney lembrou que o colega preferia linhas melódicas mais suaves e controladas, o que tornava sua abordagem mais discreta em comparação ao estilo enérgico de Hendrix.

Durante as sessões de gravação de Revolver, a decisão de quem tocaria a guitarra em “Taxman” gerou algumas discussões. Inicialmente, George Harrison pensou em gravar os solos sozinho. No entanto, ao ouvir as ideias de McCartney, o grupo optou por deixá-lo encarregar-se da tarefa.

“Foi uma dessas situações em que alguém diz: ‘Bom, por que você não faz isso?’. Não queríamos perder tempo tentando ensinar a ideia para outra pessoa”, contou McCartney.

O resultado foi um solo enérgico e cheio de personalidade, que chamou a atenção dos fãs e críticos. Muitos comentaram sobre a qualidade do solo, sem saber que havia sido executado por McCartney e não por Harrison.

O uso do feedback em “Taxman” mostrou como The Beatles estavam dispostos a experimentar novas técnicas. Embora o efeito fosse associado principalmente a Jimi Hendrix, McCartney soube adaptá-lo ao estilo único da banda.

“Não era apenas sobre copiar alguém”, afirmou o músico. “Era sobre pegar algo que admirávamos e transformá-lo em algo nosso.” Essa abordagem refletiu o espírito inovador de Revolver, álbum que ajudou a redefinir os limites da música pop e consolidou a banda como uma das mais criativas de sua época.

Mesmo décadas após seu lançamento, “Taxman” continua sendo celebrada pelos fãs de The Beatles.

A faixa é frequentemente citada como um exemplo do talento coletivo da banda, onde cada membro contribuía com suas habilidades únicas.

Para os entusiastas da história da música, a participação de McCartney na guitarra é um detalhe fascinante. Ela demonstra como os Beatles sempre buscavam superar suas próprias expectativas, seja incorporando novas influências ou explorando papéis diferentes no estúdio.

Assista abaixo o clipe de Taxman do The Beatles

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