Ray Charles continua sendo icônico, mesmo após mais de 20 anos de seu falecimento.
Com o apelido de “O Gênio”, incorporou o blues, jazz, rhythm and blues, gospel, country e pop como ninguém. Não é a toa que ganhou 17 prêmios Grammy de suas 37 indicações. Em 1987 ainda receberia o Grammy Lifetime Achievement Award, sendo logo premiado ao George And Ira Gershwin pelo conjunto da obra.
Com uma discografia que abrange mais de 60 anos de carreira, entregou 69 álbuns, sendo sete deles ao vivo, além de 127 singles que embalaram histórias.
Deste modo, lembramos deste Gênio em cinco músicas. Uma tarefa difícil.
Mess Around (1953)
Por qual motivo não começar com seu primeiro sucesso?
Escrita por Ahmet Ertegun, então vice-presidente da Atlantic Records, traz a mensagem direta e reta: “Vamos bagunçar!”. Em um boogie oogie de Nova Orleans, Ray Charles canta energeticamente e ainda fazendo referência à garota de vestido vermelho de Pinetop’s Boogie Woogie de Pinetop Smith.
Regrada pelos Animals, Dr. John, Professor Longhair e o Squeeze, a faixa foi um grande sucesso na época de seu lançamento.
Georgia On My Mind (1960)
O suprassumo de Ray Charles! Originalmente lançada em 1930 e gravada por Hoagy Carmichael na RCA Studios, a faixa com Ray chegou ao primeiro lugar na Billboard Hot 100. Com uma interpretação estupenda, se tornaria a versão mais conhecida da melodia. Aliás, com o fato de ter nascido em Albany, na Georgia, consolidou a sua conexão com o estado.
Hit The Road Jack (1961)
Quem mantêm os pés parados com a intro de Hit The Road Jack? Um hit #1 em 1961 nos EUA, ainda entregou o Grammy de Melhor Gravação de R&B, a marcando como uma de suas canções de assinatura. Ficou por cinco semanas nas paradas e ainda introduzida ao Hall da Fama do Grammy em 2013.
You Don’t Know Me (1962)
Mais uma interpretação magistral de Ray, é outras daquelas histórias de que ficou tão popularizada por ele que até hoje há quem acredite ser dele. Originalmente escrita em 1956, veio a ser lançada por Eddy Arnold. Contudo, Ray Charles a popularizou, fazendo parte do álbum Modern Sounds In Country and Western Music.
A faixa merece o panteon não só por Ray, mas os backing vocals e o arranjo de cordas de Marty Paich.
What’d I Say (1959)
Falar de Ray Charles e não comentar sobre What’d I Say é beirar no maior pecado. Como um single dividido em duas partes, nasceu de uma improvisação em uma noite de 1958 após ter todo o seu repertório executado. Com ela, Ray foi arremessado ao mainstream da música pop, dando início à soul music. Deste modo, lhe rendeu seu primeiro disco de ouro.
Claro que Ray não se resume a apenas cinco canções. Mas é uma porta de entrada para conhecer tal genialidade de modo mais aprofundado.
Se quer ouvir jazz, vá para “The Great Ray Charles”. Caso queira rhythm and blues, “Soul Brothers”, ao lado de Milt Jackson vai te saciar. Caso esteja na vibe de um country, até “Friendship”, com as participações de B.J. Thomas, Merle Haggard, Johnny Cash e Willie Nelson vão te agradar.
A verdade é que, independente do seu gosto, do que você procura, o Ray Charles consegue te satisfazer de modo estupendo. Em cada detalhe de seus discos há sutilezas que você descobre, se fascina e fica querendo mais e mais.
Ademais, não é a toa que o homem era chamado de Gênio. E acredite, isso não era para todos.
Ray continuará vivo anos após anos e será difícil aparecer outro Gênio. E está tudo bem.