Durante entrevista ao podcast Club Random (via Far Out), Billy Joel comentou abertamente seu desconforto com o álbum duplo “The White Album”.
A declaração chamou atenção por vir de um artista que sempre se declarou admirador dos Beatles e de sua influência cultural. “O álbum não me agrada. Muita gente gosta, mas eu o escuto como uma coleção de músicas malfeitas”, afirmou.
Para Joel, o disco lançado em 1968 carece de coesão e revela um grupo em declínio criativo e emocional. A crítica foi feita durante bate-papo com o apresentador Bill Maher, em episódio recente do podcast lançado por Maher em 2022.
Segundo Joel, os Beatles pareciam desinteressados no processo de composição durante as sessões do disco branco. “Eles estavam chapados ou apenas não se importavam mais”, disse, apontando que várias faixas soam inacabadas ou improvisadas.
Ele acredita que os membros da banda apenas juntaram ideias soltas e gravaram antes que elas estivessem prontas.
Ainda na entrevista, o “Piano Man” compartilhou sua percepção sobre a dinâmica interna dos Beatles naquela fase. “John estava se dissociando naquele momento”, afirmou Joel, sugerindo distanciamento de Lennon nas composições.
Ao mesmo tempo, ele vê Paul McCartney como a força que sustentava o grupo: “Paul estava carregando o peso”. Joel também propôs uma teoria de que a banda quase se separou mais de uma vez entre 1966 e 1970.
Apesar da crítica ao disco duplo, Billy Joel sempre reconheceu a importância dos Beatles em sua carreira. Em 2022, disse à CNN: “Quem nos tirou da depressão após o assassinato de Kennedy? Os Beatles”. Ele acrescentou que a banda britânica foi a principal razão para seguir a vida como músico profissional.
Joel costuma citar os Beatles entre suas maiores referências, ao lado de Ray Charles e do compositor George Gershwin.
Lançado em novembro de 1968, “The White Album” é frequentemente lembrado por sua variedade e clima de ruptura. Gravado após a viagem do grupo à Índia, o álbum reflete divisões criativas entre os integrantes.
Canções como “Helter Skelter”, “Blackbird” e “While My Guitar Gently Weeps” convivem com experimentos como “Revolution 9”.
Na época, críticos divergiram: alguns destacaram a liberdade do projeto, outros apontaram desorganização e falta de foco.
Durante a mesma entrevista, o cantor falou brevemente sobre sua recuperação após um diagnóstico de hidrocefalia de pressão normal.
Ele havia cancelado compromissos ao vivo em função da condição, mas afirmou estar se sentindo bem atualmente.
“Parece muito pior do que realmente está. Chamam de distúrbio cerebral, mas não é como soa”, explicou. Joel, de 75 anos, segue ativo com apresentações em Nova York e datas pontuais em festivais nos Estados Unidos.
As falas de Billy Joel não são inéditas entre músicos que cresceram influenciados pelos Beatles. Vários artistas expressam admiração, mas também sentem liberdade para apontar contradições na trajetória do quarteto de Liverpool.
Neste caso, Joel separa sua relação afetiva com a banda da avaliação estética de um disco em particular. Ao fazer isso, ele contribui para o debate sobre como envelhecem as obras de artistas consagrados, inclusive dos Beatles.