Cyndi Lauper brilhou intensamente na década de 1980 com hits como “Girls Just Wanna Have Fun” e “True Colours”. Seu sucesso foi tão grande que, por um breve período, a cantora chegou a ser vista como “rival” de Madonna. No entanto, com a chegada dos anos 1990, enquanto Madonna fazia o mundo dançar com “Vogue”, Cyndi desapareceu dos holofotes.
“Let the Canary Sing”, que acaba de estrear no serviço de streaming Paramount+ e também está na programação do festival de documentários musicais In-Edit (em São Paulo e online), é um documentário que repassa a trajetória da artista desde sua infância no Brooklyn, em Nova York.
O documentário vem em um momento que parece marcar a conclusão da carreira de Cyndi Lauper. Com 70 anos completados em junho de 2023, a cantora anunciou que fará sua última turnê de grandes palcos em 2024, afirmando: “Estou forte agora, mas não sei como estarei daqui a quatro anos“. A “Farewell Tour” (turnê de despedida, em tradução livre) incluirá um show no Rock in Rio, em 20 de setembro.
Ao New York Times, Cyndi disse que hesitou em fazer o documentário pois nunca sentiu que sua carreira necessitava de maiores explicações. Em sua visão, ela sempre foi transparente e direta com seus fãs. De acordo com ela, “Let the Canary Sing” não traria grandes revelações ou ângulos pouco explorados.
Dirigido por Alison Ellwood, que também documentou artistas como Eagles e Go-Go’s, o filme investe em detalhes da vida pessoal e artística da cantora. O primeiro terço da produção mostra o caminho de Cyndi antes do sucesso, incluindo a convivência difícil com o padrasto abusivo e sua primeira banda profissional, Blue Angel.
Depoimentos de pessoas importantes na vida da cantora ajudam a contar sua história, entre elas Ellen Lauper, sua irmã mais velha inspiradora; David Wolff, ex-namorado e empresário durante seu auge; e o cantor britânico Boy George, amigo pessoal de Cyndi, que oferece insights precisos sobre fama e carreira.
O filme oferece dois recortes bem interessantes. O primeiro é o período da construção de seu sucesso, desde o surgimento de sua imagem colorida e espalhafatosa até o desenvolvimento do hit “Girls…”, uma recriação empoderada de uma obscura canção de Robert Hazard. O segundo é a maneira como sua empatia e solidariedade às causas LGBTQIA+ foram moldadas pela irmã lésbica e amigos gays na adolescência.
No entanto, como a própria cantora admitiu, não há grandes novidades em sua história. Seria possível talvez iluminar alguma perspectiva pouco desenvolvida ou investigar mais a fundo algum período específico. Mas o tom laudatório do filme não permite uma visão mais crítica ou complexa.
No caso de Cyndi, a transição de superestrela do pop para artista esquecida no final dos anos 1980 oferecia potencial para uma análise mais cuidadosa. Foi nessa época que lançou seu terceiro álbum, “A Night to Remember”, de 1989, que marcou o início de seu declínio comercial.
Deixe um comentário