O Ego Kill Talent tem enfrentado questionamentos nas redes sociais por sua recorrente presença como banda de abertura em grandes turnês internacionais. A nova onda de críticas surgiu após o anúncio de que o grupo acompanhará o System of a Down na turnê sul-americana entre abril e maio.
Com Emmily Barreto nos vocais desde 2022, o grupo já esteve à frente de outros shows relevantes nos últimos anos. Em 2023, abriu para o Evanescence. No ano anterior, tocou na mesma noite do Linkin Park. E, em sua formação anterior, com Jonathan Dörr, já havia dividido o palco com nomes como Korn, em 2017, Foo Fighters e Queens of the Stone Age, em 2018, e Metallica, em 2022.
Em entrevista recente à Folha de S. Paulo, os integrantes comentaram a reação do público. Para a baixista Cris Botarelli, parte das críticas reflete uma frustração maior com a estrutura da cena musical brasileira. “Para um ‘hate’, nem foi tão pessoal. É uma dor muito mais por uma cena que não tem tanto espaço para se desenvolver como deveria”, disse.
Botarelli apontou o esvaziamento do chamado mercado médio, um espaço entre o underground e os grandes festivais. Segundo ela, muitas bandas evoluem tecnicamente, mas não encontram caminhos sustentáveis no circuito nacional. “No Brasil, além do underground, a gente tem os grandes festivais e um mercado médio sustentado pelo Sesc”, afirmou.
O guitarrista e fundador Theo Van der Loo também abordou o tema. Ele reforçou que a escolha das bandas de abertura parte dos próprios artistas internacionais. “Essa coisa de favor é mais difícil do que a galera pensa”, disse. “Muita gente vê só um pedaço da história. A gente rala há muito tempo.”
A banda, formada em São Paulo em 2014, acumula apresentações em eventos como Lollapalooza e Rock in Rio. No exterior, participou do Download Festival, no Reino Unido, e chegou a gravar no estúdio 606, do Foo Fighters, em Los Angeles.
Mesmo com o currículo extenso, o grupo continua alvo de críticas, sobretudo em fóruns online e perfis especializados. A discussão sobre visibilidade e oportunidades para bandas nacionais se mantém viva, especialmente em um cenário onde poucos nomes transitam entre palcos alternativos e grandes arenas.
A nova turnê ao lado do System of a Down começa em 17 de abril, no Paraguai, e inclui passagens pelo Chile, Argentina e Brasil, onde os shows ocorrem em São Paulo e no Rio de Janeiro.