Durante o episódio mais recente do podcast The David Ellefson Show, o ex-baixista do MEGADETH relembrou a Jägermeister Music Tour de 2010. A série de shows reuniu MEGADETH, SLAYER e ANTHRAX, mesma formação do clássico “Clash Of The Titans” de 1991.
No entanto, a turnê não pôde usar o nome original, como explicou Ellefson, por questões legais ligadas ao título de um filme lançado posteriormente. Com isso, a excursão ficou conhecida como “Jägermeister Tour”, tendo o patrocínio da marca de bebidas.
Segundo Ellefson, a turnê manteve um formato fixo, sem revezamento de bandas no encerramento. Ainda assim, a posição no line-up gerava tensões antigas, especialmente para Dave Mustaine, conforme o Blabbermouth.net: “Dave odiava tocar antes do SLAYER”, comentou o baixista, lembrando apresentações conjuntas desde 1985. Por tradição ou antiguidade, o SLAYER costumava fechar a noite — algo que incomodava o líder do MEGADETH.
Ellefson, porém, via vantagem em estar na posição intermediária entre ANTHRAX e SLAYER. “Era o centro cremoso”, disse, destacando que os fãs de todas as bandas estavam presentes nesse horário. Para ele, era o melhor momento do show, com o público mais numeroso e engajado. Essa percepção confirma a dinâmica de público nas turnês com bandas de perfis intensos e distintos.
Além da Jägermeister Tour, 2010 também marcou a primeira apresentação conjunta do chamado “Big Four”. METALLICA, MEGADETH, SLAYER e ANTHRAX dividiram o palco em Varsóvia, na Polônia, no festival Sonisphere. A reunião atraiu 81 mil pessoas e deu origem a outras seis apresentações conjuntas naquele ano.
Em 2011, o quarteto se reencontrou em shows pontuais, com destaque para a apresentação no Yankee Stadium, em Nova York.
Desde então, outras formações desses grupos voltaram a dividir palcos em festivais como o Soundwave (2013) e o Heavy MTL (2014). No entanto, o clima entre os integrantes nunca foi totalmente harmonioso, segundo declarações posteriores. Em 2018, Mustaine voltou a criticar o tratamento dado ao MEGADETH nas apresentações do “Big Four”. Ele afirmou à SiriusXM que gostaria de uma turnê com igualdade entre os grupos, o que, segundo ele, nunca ocorreu.
Mustaine comentou especificamente sobre o comentário de Kirk Hammett no DVD The Big Four: Live From Sofia, Bulgaria. Nele, o guitarrista do METALLICA diz em uma oração: “nós somos o Big One”. Para Mustaine, essa frase revelava o desequilíbrio entre as bandas no projeto. Apesar disso, ele também reconheceu o valor individual de cada grupo, inclusive do próprio MEGADETH.
O vocalista do SLAYER, Tom Araya, já havia mencionado em 2012 que as “políticas de personalidade” atrapalhavam novas reuniões. Fãs especularam que a frase era uma referência a Mustaine e suas exigências sobre a ordem das apresentações. No livro Mustaine: A Heavy Metal Memoir, o músico aborda diretamente o assunto e diz não se sentir ofendido. Contudo, deixa claro seu desejo de reverter as posições em futuras turnês.
A relação entre Mustaine e seus ex-companheiros do METALLICA foi tensa durante décadas. Ele integrou o grupo entre 1981 e 1983, antes de ser substituído por Kirk Hammett. Fundou o MEGADETH em seguida, construindo uma carreira própria e reconhecida no cenário do thrash metal. Após anos de atritos públicos, as bandas se reconciliaram parcialmente em shows comemorativos e no projeto do “Big Four”.
A participação de Ellefson no podcast retoma esse histórico com tom nostálgico e pragmático. Ao mesmo tempo, revela os bastidores das relações entre bandas que moldaram o metal dos anos 1980. Com SLAYER aposentado e os demais membros do “Big Four” em fases distintas, novas reuniões parecem cada vez menos prováveis. Mas as memórias — e as disputas de palco — continuam vivas nos relatos dos músicos.