Ghost adota política sem celulares e enfrenta filas longas em show no Reino Unido

O Ghost iniciou sua nova turnê mundial com uma política que proíbe o uso de celulares durante as apresentações. A decisão passou a valer na atual série de shows, incluindo a data do último dia 20 de abril, em Birmingham, no Reino Unido. As informações são do Ghost Brasil.

O acesso do público ao Utilita Arena, no entanto, gerou críticas por conta do tempo de espera. Diversos relatos nas redes sociais citaram filas de até uma hora e meia. Segundo os fãs, o atraso estaria relacionado ao processo de bloqueio dos aparelhos, que precisam ser lacrados em bolsas da marca Yondr fornecidas pelo local.

Em uma postagem no X (antigo Twitter), um usuário comentou: “Estou na fila há 1h30 e ainda não consegui entrar. De quem foi a ideia? Parece que o Utilita Birmingham esqueceu que há 16 mil pessoas para acomodar. Uma merda total”.

Até o momento, nem a banda Ghost nem a administração da arena se pronunciaram oficialmente sobre o motivo do atraso ou sobre possíveis ajustes logísticos futuros.

A medida, apesar das dificuldades iniciais, parte de uma convicção pessoal de Tobias Forge, criador e vocalista do Ghost. Em entrevista recente à rádio Planet Rock, o músico explicou por que decidiu ampliar essa regra para todos os shows da turnê.

“Quero enfatizar que a proibição não tem nada a ver com controle de direitos autorais. Não é porque queremos reter conteúdo ou monetizar. É sobre o tipo de conexão que o público viveu quando fizemos o ‘Rite Here Rite Now’”, afirmou Forge, referindo-se ao filme-concerto gravado em Los Angeles com a mesma política.

Os dois shows captados para o longa aconteceram com o público portando os celulares guardados em bolsas individuais. Os fãs podiam reaver os aparelhos em áreas designadas ou usá-los fora do espaço da plateia. Segundo Forge, isso contribuiu para um ambiente mais atento e participativo.

“Filmamos diante de plateias que realmente estavam lá, presentes. Foi uma alegria ver tanta gente envolvida com o que estava acontecendo. Eu tive que voltar anos na memória para lembrar da última vez que vi isso”, relatou o músico.

Forge também ponderou sobre o significado de construir memórias em shows. “Não quero soar como alguém dizendo que ‘tudo era melhor antigamente’, mas eu acredito que muitos dos shows mais intensos da minha vida não têm registro. Eles vivem na minha cabeça.”

Para ele, parte da magia pode se perder quando o foco se desloca para telas. “Talvez os mais velhos sintam nostalgia, mas acredito que os mais jovens também vão sair desses shows dizendo que viveram uma experiência que não esperavam.”

A adoção de bolsas Yondr não é inédita. Artistas como Jack White, Alicia Keys e Bob Dylan já utilizaram o recurso em turnês anteriores. A proposta costuma dividir opiniões, mas tem ganhado adesão especialmente entre músicos preocupados com a atenção da plateia e a disseminação não autorizada de conteúdo ao vivo.

No caso do Ghost, a ideia parece caminhar mais pelo lado da experiência do que pela proteção de imagem. Forge encerrou a entrevista com uma observação direta: “Acredito que essa é uma memória que vai durar mais do que qualquer vídeo gravado no celular”.

Caso a banda mantenha a política até o fim da turnê, novos relatos sobre os efeitos da medida — positivos ou não — devem surgir. Até lá, o Ghost aposta no olho no olho para fortalecer a relação com o público.

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