O cantor e compositor irlandês Hozier transformou sua apresentação como atração principal do Reading Festival, na noite de 23 de agosto de 2025, em um ato de defesa dos direitos humanos. No palco montado no Richfield Avenue, em Reading, ele conclamou o público a apoiar uma Palestina livre da ocupação e a promover um processo de paz efetivo no Oriente Médio.
Esta foi a primeira vez que Hozier liderou o lineup do tradicional festival britânico. Antes de sua entrada, o público assistiu a apresentações de Chappell Roan, Bloc Party e The Kooks, que receberam a participação especial da atriz Rebel Wilson em uma versão de “Gangsta’s Paradise”. Com o espaço lotado, o cantor de “Take Me To Church” escolheu discursar sobre temas políticos e sociais em meio ao repertório de seus sucessos.
Ao se dirigir à plateia, o músico enfatizou a importância de direitos democráticos como voto, liberdade de expressão, direitos trabalhistas, direitos sindicais, igualdade de gênero e respeito à comunidade LGBTQIA+. Ele advertiu que essas conquistas podem ser facilmente naturalizadas e, por isso, precisam ser defendidas de forma contínua.
Hozier mencionou a violência observada na Faixa de Gaza nos últimos dois anos e pediu uma solução política “significativa”, capaz de romper ciclos de agressão na região. Segundo ele, segurança e dignidade no Oriente Médio dependem de uma Palestina livre de ocupação, de genocídio, de limpeza étnica e de barreiras que impeçam a autodeterminação e a construção de um Estado próprio.
O artista também condenou todas as formas de ódio. Ele afirmou que o público não deseja ver vizinhos vivendo com medo, sejam eles judeus expostos ao antissemitismo, muçulmanos sujeitos à islamofobia ou pessoas LGBTQIA+ enfrentando discriminação. Para Hozier, paz duradoura exige respeito mútuo e a rejeição de qualquer tipo de racismo.
Em seguida, o irlandês fez referência à recente classificação do grupo Palestine Action como organização terrorista no Reino Unido. Ele argumentou que atos de protesto, como pichar aeronaves, não configuram terrorismo, bem como apoiar esse tipo de manifestação. O comentário provocou aplausos de parte do público, que acompanhava atentamente cada declaração.
Hozier também expressou solidariedade ao grupo de rap irlandês Kneecap, após o integrante Mo Chara ter sido indiciado por crime de terrorismo em maio. O cantor afirmou que músicos irlandeses que manifestam apoio ao povo palestino não podem ser tratados como terroristas, citando os três membros do coletivo – Mo Chara, Móglaí Bap e DJ Provai.
O discurso prosseguiu com um apelo para que os presentes utilizem sua “voz e poder gentil” nas urnas ou em outros meios democráticos. Para ele, empatia e compaixão devem orientar escolhas que favoreçam a paz, a segurança e políticas públicas que garantam direitos fundamentais.
Apesar do caráter político, o show manteve a estrutura de um concerto de grande festival. Hozier alternou canções conhecidas, como “Take Me To Church”, “Cherry Wine” e “Movement”, com faixas mais recentes, intercalando músicas e falas sobre direitos humanos. A receptividade do público foi marcada por coro coletivo nos refrões e cartazes de apoio à causa palestina erguidos entre a multidão.
O Reading Festival 2025 continua neste sábado, 23 de agosto. A programação prevê Travis Scott como principal atração da noite. Na véspera, o rapper norte-americano encerrou antecipadamente sua apresentação no Leeds Festival, que faz parte do mesmo circuito, depois de aproximadamente 55 minutos de show.
Com o posicionamento de Hozier, o evento reforçou a tradição de artistas que utilizam o palco de Reading para abordar questões sociais e políticas. A edição deste ano seguirá até o fim de semana, reunindo diversos estilos musicais e milhares de espectadores de várias partes do Reino Unido e do exterior.