Lançado em 2003, “St. Anger” marcou um dos períodos mais turbulentos da história do Metallica. O disco, produzido por Bob Rock, ficou conhecido por romper com a sonoridade que consagrou a banda, deixando de lado solos de guitarra e adotando um timbre de caixa seco e metálico, fruto de uma decisão estética que até hoje provoca debates entre fãs.
Em entrevista ao podcast Talk Is Jericho, Bob Rock revelou que, apesar das críticas, recebeu elogios inesperados de dois ícones do rock. O primeiro foi Jack White, que se aproximou do produtor na estreia do documentário It Might Get Loud, em Toronto, para falar sobre o álbum. “Ele disse: ‘A propósito, eu amo St. Anger. É um álbum incrível’”, contou Rock, destacando que o comentário foi totalmente espontâneo.
O outro encontro aconteceu em Los Angeles, no hotel Sunset Marquis, conhecido por hospedar músicos e profissionais da indústria. Enquanto tomava café da manhã, Rock viu Jimmy Page atravessar a área da piscina para conversar com ele. “Ele falou: ‘Olha, eu amo St. Anger. É um ótimo disco’. Fiquei surpreso, até porque ele sabia meu nome”, recordou o produtor.
A produção de “St. Anger” ocorreu em meio à saída temporária do baixista Jason Newsted, que deixou a banda no início das gravações, e ao período de reabilitação de James Hetfield, afastado para tratar questões pessoais. Bob Rock, além de produzir, assumiu o baixo no disco. Esse contexto, aliado ao clima interno de tensão, influenciou diretamente a crueza das músicas e o registro final do álbum.
O documentário Some Kind of Monster, lançado em 2004, mostrou os bastidores dessas sessões, revelando divergências criativas, discussões acaloradas e um processo de composição pouco convencional para o grupo. A ausência de solos de Kirk Hammett foi uma decisão coletiva, pensada para dar mais peso ao formato direto das músicas, ainda que tenha desagradado parte do público.
Apesar da recepção mista, “St. Anger” estreou no topo das paradas em diversos países e rendeu ao Metallica um Grammy de Melhor Performance de Metal pela faixa-título. Ao longo dos anos, alguns fãs reconsideraram o disco, enquanto outros mantêm críticas à sua estética. Para Bob Rock, no entanto, os elogios vindos de músicos como White e Page reforçam que a obra tem seu valor. “Se Jack White e Jimmy Page gostaram, estou tranquilo”, concluiu.