Kneecap afirma que críticas de Keir Starmer buscam agradar determinado eleitorado

Marcelo Scherer
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O trio de rap irlandês Kneecap declarou que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, só pediu a exclusão da banda do festival Glastonbury para satisfazer parte de seu eleitorado. A avaliação foi feita pelo integrante Móglaí Bap em entrevista ao jornal The Irish Times, publicada após uma série de polêmicas que envolvem o grupo desde o início do verão europeu.

Em junho, poucos dias antes da apresentação do Kneecap no palco West Holts, em Worthy Farm, Starmer foi questionado pelo tabloide The Sun sobre a participação do conjunto no evento. O premiê respondeu que “não” apoiava a inclusão da banda e acrescentou que “é preciso ser muito claro” contra “ameaças que não deveriam ser feitas”. Embora tenha citado um processo judicial em andamento para justificar a cautela, ele classificou a presença do grupo no festival como “inapropriada”.

Durante o show no Glastonbury, o Kneecap reagiu. Diante do público, os artistas disseram “amamos o povo inglês; é o governo inglês que não gostamos” e gritaram frases contra Starmer. Parte da plateia repetiu o coro. Agora, Móglaí Bap sustenta que a declaração do primeiro-ministro não tinha potencial para barrar a apresentação, mas serviu para “ser visto” criticando a banda e, assim, “apaziguar um determinado setor da sociedade”. O rapper afirmou ainda que a repercussão negativa dirigida ao grupo “é apenas uma fração” do que ocorre na Faixa de Gaza, indicando solidariedade à causa palestina.

As críticas não partiram apenas de autoridades britânicas. Na França, o ministro do Interior, Bruno Retailleau, afirmou que a presença do Kneecap no festival Rock En Seine, em Paris, poderia representar “risco à ordem pública”. O proprietário do evento, Matthieu Pigasse, manteve o grupo na programação e considerou “deplorável” a ideia de que apoiar a causa palestina implique ameaça.

A lista de cancelamentos, contudo, cresce. O Kneecap foi retirado do TRNSMT, em Glasgow, e dos festivais Hurricane e Southside, na Alemanha. O governo da Hungria também proibiu a entrada da banda, inviabilizando a participação no Sziget. Apesar dessas restrições, o trio segue com apresentações confirmadas em outras localidades.

Paralelamente, questões judiciais cercam o grupo. Em 20 de agosto, o integrante Mo Chara compareceu ao Tribunal de Magistrados de Westminster, em Londres, após ter sido acusado de crime relacionado a terrorismo em maio. O juiz adiou a decisão e concedeu liberdade condicional sem restrições. A próxima audiência está marcada para 26 de setembro.

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