Cantor baiano dividiu estúdio com Raul Seixas e viveu entre o Brasil e a Espanha antes de retornar ao país
Edy Star, um dos nomes mais provocadores do glam rock nacional, morreu na madrugada desta quarta-feira, 24 de abril, aos 87 anos. A informação foi confirmada por seu amigo e biógrafo, Ricardo Santhiago, através de nota publicada nas redes sociais do artista.
Segundo o comunicado, Edy sofreu um acidente doméstico e deu entrada em estado grave no Hospital Heliópolis, na zona sul de São Paulo. Chegou a passar por sessões de diálise, mas não resistiu às complicações. “Edy viveu como quis — com arte, coragem e liberdade — e sempre merecerá nosso aplauso”, afirma a nota.
Nascido em Salvador em 1938, Edy Star ficou conhecido pelo visual exuberante, pela voz marcante e pela postura desafiadora. No início dos anos 1970, participou do disco “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10”, ao lado de Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada.
Esse álbum, lançado em 1971 pela CBS, tornou-se um artefato raro por reunir crítica social, sátira política e teatralidade em plena ditadura militar. A faixa “Sessão das 10”, cantada por Edy, marcou sua estreia fonográfica e apresentou sua persona ousada ao público.
Após o disco, Edy seguiu carreira solo e lançou “Sweet Edy”, em 1974. O álbum misturava bolero, samba, rock e música romântica, rompendo convenções de gênero e comportamento. A capa, em que ele aparece maquiado e coberto de purpurina, causou estranhamento à época.
Além da música, atuou em rádio, teatro e televisão, cultivando uma trajetória marcada pela resistência estética e pela pluralidade artística. Ainda nos anos 1980, mudou-se para a Espanha, onde viveu por cerca de três décadas. Retornou ao Brasil nos anos 2010.
Nos últimos anos, participou de projetos que revisitaram sua obra e seu papel dentro da música brasileira. Em 2019, foi tema da biografia Edy Star: um artista de verdade, escrita por Ricardo Santhiago, com relatos sobre sua passagem por diferentes meios e países.
A nota divulgada pela família afirma que detalhes sobre o funeral serão comunicados em breve. “Agradecemos profundamente todas as manifestações de carinho, solidariedade e mobilização nos últimos dias”, conclui o texto.
Entre transgressões sonoras e estéticas, Edy Star deixou uma discografia que desafiou normas e expandiu possibilidades dentro do rock feito no Brasil.
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