Uma pesquisa da plataforma francesa Deezer, em parceria com o instituto Ipsos, mostrou que quase ninguém distingue gravações humanas de composições criadas por inteligência artificial.
No levantamento, 9 000 pessoas de oito países ouviram três faixas e tentaram apontar qual delas era totalmente música gerada por IA. Apenas 3 % acertaram; os demais erraram ou desistiram. Mais da metade dos participantes (52 %) declarou desconforto por não saber diferenciar, e 71 % disse ter ficado surpresa com o resultado.
A curiosidade, porém, é alta: 55 % querem experimentar canções criadas por algoritmos, e 66 % afirmaram que escutariam pelo menos uma vez. Apesar disso, só 19 % confiam na tecnologia, enquanto 51 % temem que o uso de IA resulte em faixas genéricas e de baixa qualidade.
“Os números comprovam que as pessoas se importam em saber se estão ouvindo artistas ou máquinas”, comentou Alexis Lanternier, presidente-executivo da Deezer. Ele também defendeu que modelos de IA não sejam treinados com material protegido por direitos autorais sem autorização.
Segundo a empresa, 28 % das músicas enviadas ao seu serviço já são totalmente criadas por inteligência artificial. O dado surge em meio a debates acalorados no setor: projeções recentes indicam que profissionais da música podem perder até um quarto da renda nos próximos quatro anos por causa da automação, e o Spotify removeu 75 milhões de faixas consideradas “spam” ou de procedência duvidosa.
Enquanto isso, casos como a banda fictícia “The Velvet Sundown”, que acumulou centenas de milhares de ouvintes antes de ser revelada como golpe midiático, e a artista virtual Xania Monet, primeira criação algorítmica a entrar na parada da Billboard, mantêm acesa a discussão sobre o futuro da inteligência artificial na música.



