A invasão de músicas geradas por inteligência artificial no Spotify está gerando preocupações sobre o futuro da plataforma e dos artistas que publicam suas obras. O artigo publicado no site Fast Company, pelo jornalista Chris Stokel-Walker, destaca que, além disso, os artistas já enfrentam um sistema de royalties pouco generoso e práticas de moderação duvidosas. Agora, a concorrência com faixas criadas por IA representa uma nova ameaça.
Segundo Ed Newton-Rex, ex-vice-presidente de áudio da Stability AI e atual CEO da Fairly Trained, as músicas geradas por IA são recomendadas pelo algoritmo do Spotify e alcançam centenas de milhares de reproduções, rivalizando, portanto, com artistas humanos. Um exemplo é a banda Jet Fuel & Ginger Ales, que, apesar de não ter presença online fora do Spotify, já conta com mais de 414 mil ouvintes mensais e o selo de “Artista Verificado” na plataforma.
Além disso, outras bandas, como Awake Past 3 e Gutter Grinders, também levantam suspeitas de serem criações de IA. Com vocais incomuns, logos simples e a ausência de informações biográficas, essas bandas acumulam, assim, um grande número de ouvintes mensais. A situação se agrava com o caso da cantora Sofia Pitcher, que acumulou muitos streams entre dezembro de 2023 e março de 2024. No entanto, segundo uma investigação do jornal espanhol El Diario, ela sequer existe.
O Spotify, quando questionado sobre a autenticidade desses artistas, não se pronunciou. Em entrevista à BBC em 2023, o CEO da plataforma, Daniel Ek, afirmou que o aplicativo não planeja banir músicas geradas por IA. Além disso, a empresa declarou que não tem uma política contra artistas que usam autotune ou ferramentas de IA, desde que isso não viole outras regras da plataforma.
Embora a tecnologia esteja no centro da discussão, a manipulação do sistema de royalties não é novidade. Por exemplo, Johan Röhr, conhecido como “o músico mais famoso que você nunca ouviu falar”, descobriu uma forma de lucrar no Spotify usando pseudônimos. Suas múltiplas contas acumularam bilhões de reproduções, gerando, consequentemente, milhões de dólares em royalties.
A questão das músicas geradas por IA no Spotify é complexa e envolve, portanto, aspectos tecnológicos e éticos. Enquanto alguns, como Kieron Donoghue, veem o aumento dessas faixas como uma tentativa de lucrar rapidamente, outros, como Newton-Rex, alertam para o impacto significativo sobre os artistas humanos. Eles acreditam que o Spotify deveria, assim, impor regras mais rígidas e transparência no uso de IA, rotulando essas músicas para que os usuários possam decidir se querem ou não ouvi-las.
Com o avanço da tecnologia, será necessário debater como equilibrar inovação e justiça para os criadores de conteúdo. Dessa forma, o futuro do streaming pode depender de como plataformas como o Spotify lidam com essas questões emergentes.
Fonte e artigo completo em: https://www.fastcompany.com/91170296/spotify-ai-music
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