Prisão por falsificação de músicas e uso de bots no Spotify

O cantor sertanejo Ronaldo Torres de Souza, conhecido artisticamente como Alex Ronaldo, foi preso por liderar um esquema que movimentava milhões de reais através de músicas falsificadas e impulsionadas por bots em plataformas de streaming. A investigação revelou o funcionamento de uma “fazenda de streams”, o primeiro registro do tipo no Brasil, que inflava números de execuções e desviava recursos para o cantor por meio de fraudes em direitos autorais. A denúncia inicial foi feita por uma matéria publicada no portal UOL, que trouxe à tona os detalhes do esquema.

Como funcionava o esquema

Segundo o Ministério Público, Ronaldo utilizava 21 laptops conectados a sistemas de automação que simulavam até 2.500 ouvintes simultâneos para inflar os plays de suas músicas. Além disso, ele publicava faixas de outros artistas sem autorização, utilizando perfis falsos e desviando os rendimentos para sua conta via Pix. Estima-se que o golpe tenha gerado um prejuízo de R$ 6,6 milhões, verba utilizada para aquisição de bens como carros de luxo e criptomoedas.

A investigação também revelou a utilização de músicas geradas por inteligência artificial, dispensando a necessidade de composição ou aquisição de faixas. Esse detalhe evidenciou a fragilidade do sistema de direitos autorais no Brasil, uma vez que as plataformas de streaming falharam em detectar as irregularidades.

Impacto na indústria musical

O golpe de Ronaldo Torres não é um caso isolado. Estima-se que cerca de 10% dos plays em plataformas como Spotify sejam manipulados, resultando em um desvio anual de aproximadamente US$ 2 bilhões. Essas práticas afetam diretamente artistas legítimos, distorcem as métricas utilizadas para determinar tendências e prejudicam a distribuição de receitas na indústria.

Marcelo Castello Branco, presidente da União Brasileira de Compositores (UBC), destacou a gravidade do problema: “Essa execução falsa distorce remunerações e cria um parâmetro irreal que prejudica toda a cadeia produtiva.”

Fazendas de streams: uma ameaça global

As chamadas “fazendas de streams” são uma prática recorrente em diversas partes do mundo. Trata-se de estruturas tecnológicas montadas para gerar reproduções artificiais de músicas, criando a ilusão de popularidade. Além de fraudar receitas, essas práticas enganam o público e os algoritmos das plataformas, que priorizam conteúdo com maior engajamento.

No Brasil, outros casos de suspeitas envolvendo bots já vieram à tona. Artistas como Gustavo Moura e Jefferson Moraes tiveram faixas retiradas do ar após denúncias de irregularidades. Esses episódios apontam para a necessidade de maior transparência e fiscalização por parte das plataformas e agregadoras de conteúdo.

O impacto das fraudes no streaming

A proliferação de fazendas de streams é um sintoma de um mercado que ainda carece de regulamentação e tecnologias robustas para combater fraudes. Embora os avanços tecnológicos tenham democratizado o acesso à produção e distribuição musical, também abriram portas para esquemas que comprometem a integridade do setor.

Essas práticas não apenas prejudicam artistas autênticos, mas também minam a confiança do público nas métricas de popularidade apresentadas pelas plataformas. É fundamental que empresas de streaming, como Spotify, Deezer e Apple Music, adotem medidas mais rigorosas para identificar e penalizar essas atividades fraudulentas.

Além disso, é necessário discutir soluções globais, como a padronização de sistemas de verificação de direitos autorais e o fortalecimento das legislações contra fraudes no ambiente digital. Sem essas iniciativas, o mercado corre o risco de se tornar um jogo desigual, onde músicas autênticas são ofuscadas por sucessos fabricados.

Matéria do UOL

Assista abaixo uma matéria bem completa sobre esse caso. Parabéns ao Rodrigo Ortega pela matéria e pelo caso

Autor

  • Julio Mauro

    Júlio César Mauro é um nerd de carteirinha e pai de duas meninas, com um jeito peculiar, às vezes um pouco ranzinza, e sempre lidando com o desafio de viver com TDAH.

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