O “2025 Midyear Music Report” da Luminate, publicado em meados de julho, trouxe um panorama cuidadoso do consumo musical até junho de 2025. O trabalho baseou-se em dados de streaming, vendas físicas e digitais, além de pesquisas com consumidores.
O estudo mapeou desde o crescimento de gêneros específicos até mudanças no comportamento dos fãs. Este texto aprofunda esses pontos, oferecendo um panorama mais amplo sobre a indústria em 2025.
No primeiro semestre, houve expansão em três subgêneros nos Estados Unidos: R&B, Hard Rock e música cristã . A Luminate destacou também a crescente presença do streaming em países emergentes e o surgimento de novas maneiras de engajamento.
Dentre os achados, um número chamou atenção: R&B entrou pela primeira vez em mais de três anos no top 5 de crescimento de streaming sob demanda nos EUA . A base desse sucesso está na audiência jovem do gênero, sobretudo mulheres da Geração Z, com alto índice de descoberta via Twitch.
No Hard Rock, o relatório apontou o elo entre jogos eletrônicos e consumidores nostálgicos: ouvintes que jogam videogame têm 138 % mais chance de descobrir faixas de rock, e há 150 % mais probabilidade de ouvirem em vinil. Isso explica a recente ascensão de discos físicos no gênero.

Já a música cristã vem sendo impulsionada por playlists e quantidade de repetições: 90 % dos ouvintes encontram novas músicas por listas curadas, e 75 % tendem a ouvir repetidamente.
O relatório também destacou o surgimento do que chama de “funil de engajamento do fã” nos EUA. Pesquisa da Luminate no primeiro trimestre revela que 18 % dos ouvintes são “super fãs”, 80 % são casuais, 66 % ativos e 36 % engajados (Luminate). Isso aponta para uma segmentação mais sofisticada na forma como a indústria reconhece e se conecta com diferentes tipos de audiência.
Outro ponto relevante envolveu a exportação musical. Ainda que os Estados Unidos mantenham a liderança no “Export Power Score”, o Brasil ganhou uma posição, entrando para o top 10, passando à nona colocação com o DJ Alok como principal disseminador internacional.
A retomada de faixas lançadas durante a recessão de 2007–2012 também apareceu: o consumo de faixas pop dessa era cresceu 6,4 % em streaming sob demanda, enquanto o volume geral do mercado aumentou 4,6 %. Isso ilustra um movimento de fans.
No início de 2025, o crescimento do ritmo latino foi outro destaque. A Luminate registrou que no primeiro trimestre a música latina foi o gênero com maior expansão no mercado norte-americano, com crescimento de 7,6 % em volume de streaming. Esse resultado foi impulsionado por álbuns como “DeBÍ TiRAR MáS FOToS”, de Bad Bunny, que abriu 2025 liderando o Billboard 200.
O consumo físico manteve relevância pontual. Nota-se, no Hard Rock e no segmento latino, um retorno ao vinil e ao CD, especialmente em mercados como Japão, Reino Unido e Canadá, embora o foco principal ainda esteja no streaming .
O relatório também abordou um dos temas mais debatidos hoje: o uso de inteligência artificial na criação musical. Um terço dos ouvintes nos EUA relatou estar confortável com o uso de IA para criar instrumentais, embora 44 % se mostrem desconfortáveis com canções inteiramente compostas e interpretadas por IA. Isso indica que há abertura parcial, mas também resistência, sobretudo em relação à autenticidade musical.
Outro achado crucial envolveu o comportamento das audiências da Geração Z. Dados da pesquisa Music 360 mostraram que esse grupo gastou, no segundo trimestre de 2024, mais em festivais de música do que qualquer outra geração, numa média de US $ 38 por mês, 23 % acima da média americana (US $ 31). O valor investido em festivais chegou a US $ 23 mensais, contra US $ 13 da média geral.
Para finalizar, o relatório aponta também os top documentários musicais mais assistidos (veja abaixo)

Os principais pontos do relatório mostram que:
- A diversidade de gêneros cresceu com força, evidenciada por R&B, Hard Rock, música cristã e latina.
- O tipo de descoberta musical se diversificou: Twitch, videogames, playlists específicas, IA e nostalgia exercem influência.
- O engajamento dos fãs tende a perfis segmentados, exigindo abordagens distintas dos players do mercado.
- A exportação musical do Brasil avançou, enquanto a música latina segue firme nos EUA.
- O formato físico resiste, sobretudo entre gêneros com audiências mais dedicadas.
- A IA tem aceitação parcial para instrumentais, mas provoca receio quando aplicada à performance vocal.
O “2025 Midyear Music Report” provoca reflexão sobre os rumos da indústria. Ele reforça que o universo musical segue fragmentado, cada vez mais orientado por dados e pautado por diferentes formas de consumo e relacionamento. O papel da Luminate, apoiada pela Billboard, se confirma como relevante no acompanhamento dessas alterações (Luminate).