Música Pra Enxergar de Novo é o disco de estreia de Tereu, nome artístico do compositor, pesquisador e multi-instrumentista Matheus Andrighi. Natural de Santa Catarina e radicado em São Paulo desde 2018, o artista, que atua há mais de dez anos em diferentes frentes da música, reúne oito composições autorais que marcam o início de sua trajetória solo. O álbum é lançado pelo selo independente TRUQ Música do Brasil.
Com dois singles já lançados — Feito Besta e Mais Forte Que o Medo —, Música Pra Enxergar de Novo é costurado em teor confessional através do relato cotidiano. O álbum observa a geração millennial pelo retrovisor, através das mudanças geográficas e emocionais vividas pelo artista. A partir desse movimento, surgem canções que refletem vínculos formados em trânsito, o impacto dos novos formatos de comunicação e as camadas de memória que se acumulam no tempo presente. “É uma linha do tempo dos últimos trinta anos a partir de um olhar curioso”, diz Tereu, ao se referir ao modo como as faixas foram se agrupando em torno de suas experiências.
O álbum foi registrado em sessões de captação livres no apartamento do artista no bairro do Cambuci, em São Paulo, durante as madrugadas entre julho e dezembro de 2024, e algumas passagens pontuais pelos estúdios DaHouse e Aurora. Com uma produção que Tereu caracteriza como “bruta e ingênua”, o projeto se desenvolveu a partir da escolha por um gesto simples: “em meio a um momento em que tudo é extremamente bem produzido, bem pensado, (…) eu queria só agir de forma mais simples e autônoma como costumo escutar nas produções do passado que me agradam”.
As influências de Música Pra Enxergar de Novo transpõem o universo musical e habitam as vivências do cotidiano. Estão nas lembranças da infância moldada por fitas e vinis, no contato com discos de Belchior, Jorge Ben, Beatles e Joni Mitchell, que despertaram o interesse inicial pela música. Também percorrem o realismo fantástico de Guimarães Rosa e Gabriel García Márquez, em narrativas que atravessam a experiência da América do Sul. “Me concentrei em resgatar sensações, assuntos e texturas que remontam tudo o que eu vivi, principalmente focando nas coisas da minha geração. Vivi minha infância em um mundo e, num piscar de olhos, estamos tentando entender outro, sem nenhuma outra referência. Então talvez a maior influência seja dialética”, diz Tereu.