The Lemonheads marca retorno histórico com “Love Chant”

Marcelo Scherer
4 minutos de leitura
Foto: Lemonheads. Crédito: Barry Brecheisen.

Após quase duas décadas longe dos estúdios, Evan Dando e The Lemonheads retornam com “Love Chant”, novo álbum que chega em 24 de outubro via Fire Records. O disco representa muito mais que um simples retorno — é uma reafirmação potente de uma das vozes mais distintas do rock alternativo contemporâneo.

Gravado em sua maioria no Brasil, onde Dando atualmente reside, o álbum nasceu de um longo processo de composição, recomeços e momentos de introspecção profunda. A mudança geográfica trouxe uma perspectiva renovada, permitindo que o músico se reconectasse com sua criatividade e finalmente materializasse essas canções que vinham sendo gestadas ao longo dos anos.

Apollo Nove, multi-instrumentista brasileiro, assina a produção do disco. O álbum reúne uma constelação impressionante de colaboradores: J Mascis (Dinosaur Jr) toca guitarra em “Deep End”; Juliana Hatfield contribui com suas vozes características; Tom Morgan trabalha como coautor em “Deep End”; Bryce Goggin (produtor de Pavement e Antony and the Johnsons) participa da produção; Erin Rae adiciona vocais etéreos; John Strohm (Blake Babies) coescreve e toca guitarra em “Togetherness”; Nick Saloman (The Bevis Frond) interpreta a joia psicodélica “Roky”; Adam Green (The Moldy Peaches) coescreve “Wild Thing”, que traz clima country descontraído.

“In the Margin”, o single principal, encapsula a essência de Dando: meio quebrado, meio belo, com uma melodia que desarma antes de explodir. A faixa pulsa com riffs generosos e uma narrativa que remete a uma canção de vingança adolescente. “O corpo da canção é da Marciana Jones”, explica Evan. “É tipo uma canção de vingança de garota da oitava série: ‘Stupidly I left the escape plans out so they could find my way’.”

“The Key of Victory” oferece contraste: lenta, meditativa e modal, ancorada pela guitarra sinuosa de Apollo Nove e pelos vocais etéreos de Erin Rae. O vocal foi gravado nos lendários Abbey Road Studios. “É calma, é incrível. É bonita e é modal. Eu estava tentando fazer algo na vibe de Street Hassle”, comenta Evan sobre a faixa.

“Cell Phone Blues” apresenta energia nervosa e ironia contida, enquanto “58 Second Song” traz western swing e melancolia de bar. “Deep End” é propulsão pura, incendiada por um solo explosivo de J Mascis que electrifica a composição. A faixa-título “Love Chant” pulsa com a insistência dos Modern Lovers, enquanto “Togetherness Is All I’m After” começa firme antes de se dissolver em um último sussurro intimista: “Baby, don’t blow it.”

A influência dos Lemonheads na música contemporânea é inegável. Artistas como MJ Lenderman, Courtney Barnett e Waxahatchee já homenagearam Dando regravando suas composições, elogiando a clareza emocional, o instinto melódico infalível e a intimidade espirituosa que definem sua escrita.

“Love Chant” chega simultaneamente ao lançamento da autobiografia de Dando, “Rumours Of My Demise” (Faber, 6 de novembro). Juntos, esses dois trabalhos oferecem um retrato completo de um artista que permanece relevante e criativo, capaz de surpreender gerações de ouvintes com sua honestidade musical e vulnerabilidade refratada em melodias irresistíveis.

Ouça abaixo “Love Chant” do The Lemonheads

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