10 anos e “Currents” do Tame Impala| RD #68

Marcelo Scherer
8 minutos de leitura
Capa do podcast redação DISCONECTA #68.

O podcast Redação DISCONECTA, em seu episódio “10 anos de CURRENTS do TAME IMPALA | RD 068”, realizou uma imersão profunda na celebração de uma década do álbum Currents de Tame Impala. Os hosts Marcelo Scherer, Julio Mauro e Virgílio Migliavacca, mesmo sem a presença de Luís Fernando Broad neste episódio, destacaram a importância, o impacto e a notável evolução artística de Kevin Parker, o líder e principal força criativa por trás do projeto Tame Impala.

A ruptura estilística e o desafio geracional

Um dos pontos centrais da discussão foi a drástica mudança sonora que Currents representou, marcando uma ruptura com o rock psicodélico de guitarras saturadas dos trabalhos anteriores de Tame Impala. Virgílio Migliavacca observou que, neste álbum, “o pop ganha uma proeminência grande assim“. Julio Mauro confessou sua surpresa inicial, descrevendo a transição das guitarras psicodélicas para os sintetizadores e uma sonoridade mais eletrônica como um “back” para ele, mas, no final, uma “surpresa boa”. Marcelo Scherer salientou que o álbum “mergulhou sem medo na pista de dança misturando pop rif blue sif pop e até sou sem perder a identidade”, o que é considerado um dos maiores feitos do projeto, mantendo a sonoridade reconhecível da banda.

Para as gerações mais antigas, como a “geração X/Mênios”, o álbum foi “muito mais difícil para absorver de primeira”. No entanto, Currents é considerado “muito mais palatável para essa geração Z”, que demonstra “menos preconceito sonoro” e já está “mais acostumada com a pegada eletrônico”. Julio Mauro apontou que a mistura de estilos, embora presente nos anos 90, ganhou uma nova dimensão com o Tame Impala, tornando a batida eletrônica e o “kick eletrônico” mais impactantes. A comparação do som do álbum com Daft Punk foi considerada “justa” por Marcelo Scherer, que notou muitos elementos de música eletrônica, embora Tame Impala “viaje mais” para a psicodelia.

Kevin Parker: O gênio inovador e produtor aclamado

Kevin Parker é consistentemente elogiado como “um dos nomes mais inventivos da música contemporânea” e um “artista solo disfarçado de banda”. Sua obsessão por ter “o controle da música dele” e sua paixão por “experimentar” são apontadas como motivadores para a mudança de estilo. A capacidade de Parker como produtor é amplamente destacada, com Marcelo Scherer afirmando que “o Kevin Parker é um cara tão requisitado assim tão aclamado assim como produtor mesmo, não só como músico e tal como compositor assim, mas que o som que ele tirou ali é loucura assim, é muito louco”. Sua liberdade artística é atribuída em parte à influência de seu pai, que tocava em bandas cover de Beatles e Supertramp, imergindo Parker na psicodelia desde cedo.

A transição sonora de Tame Impala pode ser traçada desde o InnerSpeaker (2010), descrito como um “disco espetacular” com claras influências de Beatles e Pink Floyd. O segundo álbum, Lonerism (2012), é visto como uma transição crucial, onde Parker “já dá essa virada” em direção aos sintetizadores, servindo como uma “preparação para o terceiro”. A produção de Currents é elogiada como um “salto gigante” em relação aos anteriores, apresentando um “som mais cheio” e “timbres ali de baixa bateria” considerados “um negócio de louco”.

Sucesso comercial e reconhecimento da indústria

O sucesso de Currents é inegável. O álbum atingiu o Top 10 da Billboard, o que impulsionou Tame Impala a se tornar headliner em grandes festivais como Lollapalooza, Coachella e Glastonbury. A aposta de Kevin Parker em um novo som foi recompensada quando artistas de renome, como Rihanna, fizeram covers de suas músicas, o que, para Virgílio Migliavacca, deve ter proporcionado uma “outra visão” de carreira a Parker. A influência de Currents e a reputação de Parker como produtor abriram portas para colaborações com artistas de peso, incluindo Mark Ronson, Lady Gaga, Kanye West, Dua Lipa, Gorillaz, Travis Scott, Melodies Eons Chambers e The Flaming Lips.

A música “The Less I Know the Better” foi destacada como um “hino” e a mais tocada de Tame Impala no Spotify, acumulando mais de “2 bilhões” de reproduções. Marcelo Scherer notou que, das cinco músicas mais ouvidas de Tame Impala no Spotify, quatro são de Currents, evidenciando o impacto duradouro do álbum. Kevin Parker revelou, em um post no Instagram, que na época do lançamento de Currents, ele chegou a pensar que o álbum seria um “fracasso”, o que, para os hosts, demonstra a sensibilidade do músico e o famoso “desafio do terceiro álbum”.

Profundidade lírica, capa abstrata e elementos experimentais

As letras de Currents abordam temas de separação e relacionamentos, com a separação pessoal de Parker possivelmente influenciando a “separação da guitarra” no som do álbum. A música “Cause I’m a Man” foi citada como uma faixa que questiona ironicamente o papel masculino na sociedade.

A capa do álbum é descrita como abstrata e psicodélica, lembrando a capa do primeiro disco do Joy Division pela sua natureza abstrata.

O podcast também explorou a sonoridade de faixas específicas:

  • “Let It Happen”: A faixa de abertura é elogiada por sua progressão sonora, começando lenta e evoluindo para uma sensação de “pista de dança”. Com quase 8 minutos de duração, ela “vai mudando de andamento o tempo todo”, com elementos de “prog House”, que “só vai esquentando o cara”.
  • “The Moment”: Esta música foi comparada a um “jazz novo” com um “groove alegrinho”, construída sobre uma levada jazzística, mas com elementos crescentes de sintetizadores.
  • “Past Life”: Considerada uma faixa experimental, com “ruídos” e um vocal ultra processado, mostrando o desejo de Parker de “fazer o que eu quero velho”.

Em suma, o podcast Redação DISCONECTA celebrou Currents como um marco na música contemporânea, não apenas pela audaciosa mudança sonora de Kevin Parker, mas também por sua profunda influência cultural e geracional, consolidando Tame Impala como uma força inovadora no cenário musical global. A discussão ressaltou a genialidade de Parker em equilibrar experimentação psicodélica com um apelo pop massivo, criando um álbum que continua a ressoar e inspirar após uma década.

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