55 anos de “All Things Must Pass” de George Harrison | RD # 089

Marcelo Scherer
5 minutos de leitura

Em uma recente edição do programa Redação DISCONECTA, os hosts Luis Fernando Brod, Victor Persico e Marcus Vinícius reuniram-se para celebrar e debater um dos trabalhos mais emblemáticos da carreira solo dos Beatles: o álbum triplo “All Things Must Pass”, de George Harrison. O episódio explorou o contexto histórico, as curiosidades de produção e o impacto duradouro dessa obra que completou 55 anos.

Segundo a análise apresentada no programa, o fim dos Beatles entre 1969 e 1970 gerou uma tensão criativa que culminou em carreiras solo distintas para os quatro integrantes. Para George Harrison, no entanto, esse momento funcionou como uma válvula de escape. Marcus Vinícius destacou que o álbum serviu como uma resposta aos anos de restrição criativa impostos por John Lennon e Paul McCartney, permitindo que Harrison esvaziasse um vasto arquivo de composições rejeitada pela banda. Um exemplo citado foi a faixa “Isn’t It a Pity”, que havia sido recusada três vezes pelos Beatles antes de encontrar seu lugar definitivo neste disco.

A conversa no Redação DISCONECTA ressaltou a grandiosidade do projeto. Luis Fernando Brod lembrou que lançar um álbum triplo era algo incomum e ousado para a época. Victor Persico, por sua vez, classificou a obra como superior a qualquer outro trabalho solo dos ex-Beatles, descrevendo-a como um “greatest hits” de músicas inéditas que serviu como uma prova de força de Harrison. A capa do álbum, que mostra o músico sentado em seu jardim cercado por quatro gnomos, foi interpretada pelos apresentadores como uma sutil provocação e uma representação dos antigos colegas de banda.

O programa também abordou a sonoridade densa do álbum, fruto da produção de Phil Spector e sua famosa técnica “Wall of Sound”. Embora essa produção tenha dado uma magnitude épica ao trabalho, Luis Fernando Brod observou que ela por vezes tornava a audição confusa nas edições originais. Foi mencionado que a remixagem de 2020, supervisionada por Dhani Harrison (filho de George), trouxe uma clareza necessária, permitindo ouvir detalhes instrumentais antes escondidos pelo excesso de reverberação.

A lista de músicos convidados foi outro ponto alto do debate. O disco contou com nomes como Eric Clapton, Ringo Starr, Billy Preston e membros da banda Badfinger. Victor Persico compartilhou uma anedota divertida sobre Phil Collins, que participou das gravações tocando congas, mas foi cortado da versão final. Anos depois, George pregou uma peça em Collins, enviando-lhe uma fita master onde as percussões haviam sido regravadas propositalmente fora do tempo, apenas para assustar o baterista.

Além do aspecto técnico, a espiritualidade permeia toda a obra. Músicas como “My Sweet Lord” e “Art of Dying” refletem a conexão de Harrison com o movimento Hare Krishna e sua busca transcendental. No entanto, o programa não deixou de mencionar as polêmicas legais: “My Sweet Lord” rendeu um longo processo de plágio envolvendo a canção “He’s So Fine”, das Chiffons. O incidente inspirou George a compor a irônica faixa “This Song”, cujo videoclipe satiriza o tribunal.

Ao final do episódio, os três participantes foram unânimes em exaltar a qualidade atemporal do disco. Marcus Vinícius e Victor Persico citaram faixas como “Wah-Wah”, “What Is Life” e a faixa-título “All Things Must Pass” como pontos altos. Para os hosts do Redação DISCONECTA, o álbum não é apenas uma coleção de músicas, mas uma experiência quase religiosa que deve ser ouvida do início ao fim, preferencialmente em um ambiente tranquilo, como um ritual de limpeza espiritual.

O programa, que vai ao ar todas as terças-feiras, encerrou com a recomendação enfática de que este é um disco indispensável, consolidando George Harrison não apenas como o “Beatle quieto”, mas como um gigante da composição.

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