60 anos de “Rubber Soul” do The Beatles | RD #088

Marcelo Scherer
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No mais recente episódio do Redação DISCONECTA, os apresentadores Marcelo Scherer e Luis Fernando Brod receberam um convidado especialíssimo: Marcelo Gross, guitarrista da banda Cachorro Grande. O tema do encontro foi a celebração de uma data marcante: os 60 anos do lançamento de “Rubber Soul”, um dos álbuns mais importantes da história do rock.

Durante o bate-papo, foi destacado como “Rubber Soul” inaugurou uma era em que os discos passaram a ser pensados como obras completas, com um conceito por trás, e não apenas como uma junção de singles. Gross apontou que o álbum funciona como um “elo perdido” entre a primeira e a segunda fase dos Beatles, mantendo a instrumentação básica, mas introduzindo letras mais introspectivas e novas sonoridades.

Entre as inovações discutidas no programa, o trio abordou a forte influência de Bob Dylan e do folk nas composições, especialmente nas letras de John Lennon, como em “Norwegian Wood”. O episódio também explorou como a banda absorveu influências contemporâneas, como as harmonias vocais dos Byrds e o uso de fuzz no baixo, algo inspirado pelos Rolling Stones. Gross ressaltou a genialidade do produtor George Martin, citando o famoso solo de piano em “In My Life”, que foi gravado na metade da velocidade para soar como um cravo barroco.

Um ponto interessante levantado na conversa foi a diferença entre as edições do disco. Gross explicou que existem dois Rubber Souls: a versão inglesa original e a versão americana, que possuía uma lista de faixas diferente e uma sonoridade mais focada no folk-rock. Foi essa versão americana que Brian Wilson, dos Beach Boys, ouviu e que o inspirou a criar o Pet Sounds, gerando um ciclo de influências mútuas entre as bandas.

O episódio também teve espaço para memórias afetivas. Brod relembrou que este foi o disco que marcou sua independência ao sair de casa, simbolizando o início da maturidade dos próprios Beatles. Já Gross compartilhou sua descoberta do álbum em 1985, através de trocas de discos com amigos em Canoas, em uma época “pré-internet” onde o acesso à música exigia mais esforço e dedicação.

Para encerrar, o programa prestou uma homenagem a John Lennon, lembrando os 45 anos de sua morte e o impacto duradouro de sua obra.

Ouvir “Rubber Soul” neste contexto é perceber que o álbum funciona como a adolescência de uma pessoa: é o momento exato em que a inocência da infância (o “iê-iê-iê” inicial) começa a dar lugar às complexidades, questionamentos e profundidade da vida adulta, sem ainda perder o vigor da juventude.

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